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"Entre Nós" retrata um grupo de amigos fechados em si mesmos

Filme com Caio Blat lembra alguns estrangeiros ao discutir a apropriação intelectual indevida

entre nós (Reprodução)

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Da Redação

Publicado em 27 de março de 2014 às 13h39.

De um grupo de amigos no qual todos, aparentemente, sonham ser escritores, Felipe (Caio Blat) e Rafa (Lee Taylor) parecem ser aqueles que conseguirão publicar seus livros antes de todos. Rafa, aliás, está com seu primeiro romance pronto, é só datilografar (ainda estamos em 1992) e mandar para uma editora.

Mas, quando ele sofre um acidente de carro na companhia de seu amigo, este resgata o caderno no qual o livro está manuscrito e se apropria da obra. Publica-a como sua, conhece a fama e o sucesso, embora seja consumido pela culpa que nunca revelou a ninguém.

Essa é a trama do nacional "Entre Nós", que lembra alguns filmes estrangeiros ("Você Vai Conhecer o Homem de Seus Sonhos", de Woody Allen, "Morvern Callar", de Lynne Ramsay), ao discutir a apropriação intelectual indevida.

Já a linha que rege a narrativa remete a outro norte-americano, "O Reencontro", de Lawrence Kasdan, que facilmente pode levar a pensar que os diretores, Pedro e Paulo Morelli (este também assina o roteiro), tivessem esse filme em mente ao realizarem o seu.

Dez anos depois do acidente, o grupo se reencontra na mesma casa na Serra da Mantiqueira onde estavam todos quando Rafa e Caio iam à cidade mais próxima comprar bebida. Na época, aliás, todos os amigos escreveram cartas para si mesmos, guardaram numa caixa e a enterraram para reabri-la uma década depois. Trata-se, enfim, de um filme sobre as ilusões perdidas.

Na sua primeira parte, "Entre Nós" trata de apresentar os personagens - que também incluem Silvana (Maria Ribeiro), patricinha dona da casa onde estão hospedados, Lucia (Carolina Dieckmann) e seu namorado, Gus (Paulo Vilhena), e o casal Drica e Cazé (Martha Nowill e Julio Rocha, ambos premiados no Festival do Rio do ano passado por esse trabalho).

É um grupo heterogêneo de uma elite intelectual centrada apenas no próprio ego. O filme, porém, não precisaria aderir a eles - mas adere e aí complica.

Dez anos se passam, e eles nunca mais se viram.

Quando se reencontram, descobre-se que Felipe se casou com Lucia e têm um filho pequeno. Drica e Cazé ainda estão juntos, mas ela quer ficar grávida, ele não quer saber disso. Silvana, depois de viver várias aventuras amorosas, só quer curtir, embora, no fundo pareça não ter superado a paixão que sentia por Rafa. Do reencontro, como era de se esperar, emergem tensões, questões mal resolvidas do passado e amores sufocados.

O momento mais revelador é a partida de futebol entre os hóspedes da casa e os funcionários. É nessa hora que o filme mostra não existir apenas um grupinho autocentrado vivendo no mundo.

"Entre Nós", às vezes, soa como uma espécie de Big Brother dos intelectuais, que veem na literatura o caminho para a fama. O fato de não terem nuances enquanto personagens também contribui para enfraquecer o filme, em que uma preocupação com o visual leva a um excesso no uso das belas imagens da região serrana - especialmente aquelas em que os feixes de luz solar se materializam em fumaça.

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