Revo: duas aeronaves operam, com mais uma que foi comprada recentemente. (Divulgação/Divulgação)
Repórter de Lifestyle
Publicado em 3 de outubro de 2024 às 16h18.
Última atualização em 3 de outubro de 2024 às 16h25.
Uma cidade em que carros voadores cruzam os céus e se somam aos meios de transporte tradicionais como veículos terrestres, ônibus, trens e aviões. A cena que parece de ficção científica pode estar muito mais perto do que se imagina, se depender da Revo. A plataforma de voos executivos de helicóptero começou a operar em 2023 e já é referência nos céus da maior cidade do país.
Apesar de jovem, a empresa faz parte de um grupo com mais de 20 anos de história, que inclui a Omni Táxi Aéreo (OTA), uma das maiores referências no transporte de helicópteros para o setor de óleo e gás, atuando da Amazônia ao litoral do Rio de Janeiro e São Paulo.
João Welsh, CEO da Revo, explica, em entrevista à EXAME Casual, que o grupo viu uma oportunidade de criar o braço executivo durante a pandemia devido à necessidade dos clientes de se locomover dentro do Brasil, em distâncias curtas, com segurança. "Nosso DNA está ligado à solução de problemas logísticos de transporte de pessoas usando meios aéreos", diz.
Além de rotas regulares, que contemplam o aeroporto de Guarulhos, a empresa realiza voos para outros destinos mediante reserva com antecedência mínima de 24 horas. O assento para o trajeto até o terminal aéreo internacional na região de São Paulo custa R$ 2.500 e inclui translado de bagagem e serviço de concierge. A plataforma facilita o acesso a um voo, com apenas poucos cliques para reservar.
Para os próximos anos, a empresa tem grandes ambições com eVTOLs, popularmente conhecidos como carros voadores. Participa de um projeto da brasileira Embraer para a implementação eVTOLs. Os detalhes são guardados a sete chaves por questões de confidencialidade, mas a expectativa, segundo Welsh, é que possamos ver os equipamentos em operação em 2026.
Quais foram os desafios encontrados no desenvolvimento do serviço?
Queríamos proporcionar uma experiência completa para os clientes. Então, decidimos integrar os serviços terrestres e aéreos, oferecendo um atendimento porta a porta. Isso inclui buscar os clientes em casa ou no aeroporto, com uma equipe de concierge que acompanha toda a jornada. Além disso, otimizamos o processo de embarque, garantindo que a chegada ao heliponto seja rápida e segura. O voo em si, que já dominamos, é apenas uma parte da experiência. Hoje, operamos com duas aeronaves dedicadas exclusivamente a esse serviço.
Como funciona o modelo de negócio e quanto custa o serviço?
Nosso modelo é baseado na venda de assentos individuais, tornando o serviço mais acessível. Hoje, uma viagem entre São Paulo e Guarulhos custa a partir de R$ 2.500, incluindo o transporte terrestre, bagagem e outros serviços. Além disso, oferecemos rotas para destinos como Fazenda Boa Vista e outras localidades de alto padrão. Estamos sempre buscando expandir as rotas, conforme a demanda sazonal, especialmente para destinos no litoral de São Paulo e outras regiões turísticas.
Qual é o nível de ocupação das aeronaves e o crescimento do serviço?
No primeiro ano de operação, alcançamos uma média de quatro voos por dia, com picos de até 22 voos em dias de maior demanda. Segundas, quartas e sábados são dias mais calmos, mas mantemos uma média consistente ao longo do ano. Nosso crescimento foi acelerado, especialmente após fevereiro, e estamos expandindo rapidamente. Recentemente adquirimos uma terceira aeronave, um indicador claro do sucesso do serviço.
Quais são os planos para a introdução dos eVTOLs e o futuro da mobilidade aérea?
Estamos trabalhando de perto com a Embraer, que tem um projeto excepcional na área de eVTOLs. Temos reuniões semanais para trocar ideias e aprender com o ecossistema de mobilidade aérea. Nosso foco é construir uma infraestrutura completa, não apenas a aeronave, mas todo o ecossistema de operação segura e eficiente. Temos um pré-acordo para aquisição de aeronaves, mas o mais importante é preparar o mercado para essa nova tecnologia.
Quais são os maiores desafios e oportunidades para a mobilidade aérea?
O maior desafio é garantir a segurança. Hoje, vemos uma grande diferença nos padrões de segurança entre os helicópteros e os aviões, especialmente no transporte urbano. Existe um risco de que, com a introdução dos eVTOLs, operadores inexperientes possam comprometer a segurança, o que prejudicaria a confiança na tecnologia. Por isso, é essencial que o processo seja bem estruturado e que a introdução da tecnologia seja gradual e focada na segurança. A oportunidade, no entanto, é enorme, já que cidades como São Paulo precisam desesperadamente de soluções de mobilidade.
Quando você acredita que os eVTOLs estarão em operação?
Embora eu não queira definir uma data exata, a maioria dos projetos sérios com os quais eu falo prevê a introdução de eVTOLs entre 2026 e 2030. Esse é o horizonte de tempo que estamos considerando, e é um período relativamente curto. Estamos nos preparando agora para garantir que, quando a tecnologia estiver disponível, tenhamos toda a infraestrutura pronta para operá-la com segurança e eficiência.