Emma Thompson: "Só posso fazer o que me parece correto nestes tempos difíceis de transição e de conscientização coletiva", escreveu a atriz de 59 anos (Steve Parsons - WPA Pool/Getty Images)
AFP
Publicado em 27 de fevereiro de 2019 às 10h00.
Última atualização em 27 de fevereiro de 2019 às 10h42.
A atriz britânica Emma Thompson renunciou a um projeto no jovem estúdio de animação Skydance, após a contratação de John Lasseter, ex-chefe da Disney acusado de assédio sexual, para dirigi-lo.
Em uma carta dirigida à diretoria da companhia no fim de janeiro, Thompson explicou seus motivos para não trabalhar com Lasseter, no âmbito de movimentos contra os abusos na indústria, como o #MeToo.
"Só posso fazer o que me parece correto nestes tempos difíceis de transição e de conscientização coletiva", escreveu a atriz de 59 anos, duas vezes ganhadora do Oscar.
"Tenho consciência de que se as pessoas que falaram, como eu, não adotarem este tipo de postura, será muito pouco provável que as coisas mudem no ritmo necessário para proteger a geração da minha filha".
A representante de Thompson, Catherine Olim, confirmou à AFP o conteúdo da carta, que foi publicada nesta terça-feira no jornal Los Angeles Times.
A contratação de Lasseter foi anunciada em 9 de janeiro. O criador de "Toy Story" anunciou sua renúncia como diretor de criação da Disney em junho de 2018, após um ano de licença por várias denúncias de conduta inapropriada.
Thompson, que emprestaria sua voz para o filme "Luck", de Alessandro Carloni, questionou que o estúdio dê uma "segunda chance" a Lasseter.
"Aparentemente vai ganhar milhões de dólares por receber essa segunda chance. Quanto dinheiro estão recebendo os empregados da Skydance por dar essa segunda chance?", questionou a atriz.
"Se um homem passou décadas tocando mulheres de forma inapropriada, por que uma mulher ia querer trabalhar para ele, se a única razão pela qual não vai tocá-la de forma inapropriada é que seu contrato lhe obriga a se portar 'com profissionalismo'?".
Lasseter é conhecido por transformar a Pixar no estúdio de animação mais bem-sucedido do mundo e por resgatar a Walt Disney Animation da falência.