Jornalista
Publicado em 18 de abril de 2024 às 11h39.
DE MILÃO - Arquibancadas pretas que cercam uma imensa arena iluminada, em formato de X, e preenchida por nichos de diferentes materiais. Ora com trechos recobertos por pedras, ora por ripas de madeira. Ora com pedaços de mármore, restos de lava e até paralelepípedos. Em comum, todas compostas por um minucioso trabalho artesanal, uma espécie de “tetris king size”.
Mergulhar no universo Hermès na Milan Design Week 2024 é ter a oportunidade de contemplar de perto as raízes da marca. Compreender, acima de tudo, que a partir de bases áridas como as descritas acima, esconde-se o savoir faire presente entre todas criações da casa, sejam de moda, décor e até beleza.
Uma marca com apreço pela matéria-prima, suas lembranças do universo da selaria e, principalmente, a valorização do trabalho artesanal.
A segunda parte da mostra, escondida como tesouro atrás de uma imensa parede escura, é mais didática, mas não menos apaixonante. Graças a curadoria dos diretores artísticos da casa, Charlotte Macaux Perelman e Alexis Fabry, compreendemos que olhar o passado é sempre a melhor maneira - ou talvez a mais elegante delas - de imaginar o futuro.
Desta forma, em um longo corredor, o trabalho de artistas de nacionalidades e épocas distintos surgem lado a lado. E encantam. A pulseira de couro setentinha dá vida aos novíssimos cestos em tons terrosos tão característicos da marca. Os frisos do estojo de pó compacto, feito na década de 1960, se tornam referência para um estúdio de Mumbai, selecionado pela curadoria da maison, para desenvolver uma mesa tecida com fios nobres.
Até as jaquetas de jóqueis, primeira peça de roupa da historia da grife, também marcam a mostra. E se tornam a perfeita inspiração para suas atemporais mantas de cashmere. Destaque também para os cintos vintage de corda trançada, que dão vida a nova linha de porcelanas e que em breve deve desembarcar por aqui.
A exibição fica em cartaz até este domingo, 21, no La Pelota, tradicional palco dos lançamentos Hermès em Milão, na Itália. Sem dúvida, vale a visita. Ou, para quem está longe, ao menos se inspirar em imagens capazes de explicar que moda, decoração e design poderiam ser sinônimos.