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Elefantes brancos da Copa encontram novo propósito com pandemia

Governos estaduais e prefeituras começaram a assinar acordos para usar estádios como hospitais improvisados

Mané Garrincha: estádio de Brasília pode ser usado no combate ao coronavírus (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

Mané Garrincha: estádio de Brasília pode ser usado no combate ao coronavírus (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

Guilherme Dearo

Guilherme Dearo

Publicado em 31 de março de 2020 às 09h46.

Última atualização em 1 de abril de 2020 às 01h10.

Os caros estádios construídos e reformados para a Copa do Mundo de 2014 agora têm nova utilidade, sendo transformados em postos de saúde para pacientes com coronavírus.

Governos estaduais e prefeituras começaram a assinar acordos para usar estádios como hospitais improvisados e postos de vacinas para enfrentar o esperado aumento de casos de Covid-19. Para os brasileiros, é uma transformação útil dos chamados “elefantes brancos”, que logo se tornaram símbolos de corrupção.

Em 2014, a ideia de o governo brasileiro gastar US$ 11 bilhões para sediar a Copa do Mundo gerou polêmica. Tanto brasileiros quanto estrangeiros argumentaram que um país com sistemas de saúde, de esgoto e educação precários não deveria desviar recursos para um campeonato de futebol. Quando a construção começou, o alto custo dos estádios e os constantes aumentos de valores nos contratos alimentaram uma onda de protestos, com uma reivindicação comum: “Queremos hospitais padrão FIFA!”

O governo gastou R$ 1,7 bilhão para reformar o Estádio Mané Garrincha, em Brasília, apesar de a capital não contar com time de futebol na série A. Foi o projeto de estádio mais caro da história do Brasil, alvo de denúncias de corrupção, enriquecimento ilícito e lavagem de dinheiro. Em grande parte sem ser usado desde a Copa, exceto por ocasionais shows de música sertaneja e algumas poucas partidas do Campeonato Brasileiro, a empresa que administra o Mané Garrincha assinou na semana passada um acordo com o Governo do Distrito Federal para abrir um posto de saúde e centro de triagem temporários para pacientes com Covid-19.

A ideia ainda não saiu do papel, mas espera-se que, com o aumento dos casos, seja efetivado. O Distrito Federal é o terceiro local do país com maior número de pessoas com coronavírus, atrás somente do Rio e São Paulo, epicentro da crise no Brasil. Outro estádio que sediou a Copa, o Maracanã, também está à disposição das autoridades. O governador Wilson Wizel (PSC-RJ), do Rio, declarou em coletiva que o estádio será um dos principais hospitais de campanha da cidade.

Dos 12 estádios que foram construídos ou reformados para a Copa de 2014, cinco estão na lista de colaboração. Além do Mané Garrincha e do Maracanã, o Beira-Rio, em Porto Alegre; a Arena Corinthians, em São Paulo; e a Arena da Baixada, no Paraná, aguardam orientações dos governos locais.

Além destes cinco, outros seis clubes que não sediaram jogos da Copa do Mundo estão ajudando. O pioneiro foi o Pacaembu: 200 leitos foram instalados no gramado para ajudar a mitigar a sobrecarga dos hospitais da cidade, tomados de pacientes. Em 23 de março, no Allianz Parque, estádio do Palmeiras, uma fila de pessoas esperava do lado de fora, como se um jogo estivesse prestes a começar. Mas não eram torcedores de futebol. Eram pessoas do grupo de alto risco, separadas a três metros de distância, para tomar vacinas contra a gripe.

Na vizinha Argentina, seis grandes clubes, como o Boca Juniors e o River Plate, de Buenos Aires, também se dispuseram a abrir os portões caso as autoridades precisem do espaço.

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