A banda Eagles of Death Metal: "Quero que sejamos a primeira banda a tocar no Bataclan quando ele reabrir", disse o vocalista (Kevin Winter/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 26 de novembro de 2015 às 17h25.
Washington - O grupo americano de rock "Eagles of Death Metal", que fazia um show no Bataclan no dia 13 de novembro, quando ocorreu o ataque terrorista que causou a morte de 89 pessoas, quer ser o primeiro grupo a se apresentar na casa de espetáculos da capital francesa em sua reabertura.
"Quero voltar a Paris. Quero tocar. Quero que sejamos a primeira banda a tocar no Bataclan quando ele reabrir. Nossos amigos foram ver rock e morreram. Eu quero voltar e viver", disse Jesse Hughes, o vocalista do grupo, em uma entrevista à "Vice".
Nessa conversa, a banda falou pela primeira vez da dramática experiência de seu último show, transformado em um massacre quando jihadistas armados de Kalashikovs e explosivos abriram fogo contra os 1.500 presentes no Bataclan.
"À princípio pensei que era o sistema de som que estava falhando. Mas muito rápido me dei conta que não era isso e em seguida entendi o que passava. Então, Jesse correu em direção a mim e ficamos em um canto do palco. Não sabíamos se estavam atirando em nós ou não", relatou o guitarrista Eden Galindo.
Os integrantes da banda conseguiram escapar por uma das saídas laterais, mas no atentado morreram o diretor de merchandising da turnê europeia do grupo, Nick Alexander, e três funcionários da Universal Music France.
"Nick protegeu um de seus amigos. Ficou quieto e não pediu ajuda até que sangrou até morrer, porque não queria que ninguém mais fosse ferido", contou o fundador do "Eagles of Death Metal", Josh Homme, que não sai em turnê com o grupo e recebeu, incrédulo, as primeiras mensagens de pânico dos companheiros nessa fatídica noite.
O vocalista da banda afirmou que a explicação porque tantas pessoas morreram é que muitos não quiseram abandonar seus amigos feridos. Inclusive, tentaram protegê-los com suas próprias vidas.
"As pessoas estavam se fazendo de mortas. Estavam assustadas. Uma grande razão pela qual tanta gente morreu é porque muitos não deixaram seus amigos. Se colocaram na frente dos outros", disse.
A banda californiana, que divulgou um comunicado de solidariedade com as famílias das vítimas após os ataques, se oferece agora a prestar ajuda e consolo a qualquer um que necessite.
"Quero me colocar de joelhos e dizer, simplesmente: 'qualquer coisa que precisarem'. Porque não há palavras para isto. Todo mundo vai levar um longo tempo sem saber o que fazer", concluiu.
O grupo, muito agradecido com as demonstrações de solidariedade de seus fãs, quer ser a banda da reabertura do Bataclan.