Bvlgari x MB&F Serpenti : paixão por automóveis influenciou no design da caixa (Bvlgari/Divulgação)
Editor de Casual e Especiais
Publicado em 10 de fevereiro de 2025 às 12h53.
NOVA YORK. A Bvlgari é uma marca clássica. Entre as linhas de relógios estão as femininas Serpenti e Lycea. Para o público masculino estão a Bvlgari Bvlgari e a Octo, coleção de esportivos com bracelete integrado. Por isso chama tanta atenção a novidade apresentada agora, um modelo feito em parceria com a disruptiva MB&F.
“Serão apenas essas peças e nada mais. Não haverá outro modelo como esse.” Foi com essa certeza que Fabrizio Buonamassa Stigliani, diretor de criação relojoeira da Bvlgari, falou sobre a colaboração, mostrando os esboços desenhados à mão.
Nos últimos anos, tive a oportunidade de entrevistar Buonamassa em algumas ocasiões, para falar dos recordes de menor espessura do Octo Finissimo e do aniversário da emblemática linha Serpenti. Nunca vi o designer tão empolgado como agora.
A conversa desta vez aconteceu em uma sala de reunião da flagship da Bvlgari na Quinta Avenida de Nova York, um dos endereços onde aconteceu a LVMH Watch Week, salão de relojoaria do maior grupo de luxo do mundo, em janeiro passado.
A apresentação do relógio feito em parceria entre a Bvlgari e a MB&F aconteceu em primeira mão aos jornalistas presentes no evento – a EXAME Casual foi o único veículo brasileiro convidado.
MB&F e Bvlgari ocupam mundos diferentes. Fundada em 1884, a Bvlgari é conhecida pelo artesanato. No caso dos relógios, existe a busca elo balanço entre o design italiano e a precisão suíça.
A MB&F, abreviação de Maximilian Büsser & Friends, redefiniu a relojoaria tradicional em 2005, com relógios que mais parecem esculturas cinéticas tridimensionais para o pulso, com parcerias entre marcas e inspiração em temas diversos, de ficção científica ao reino animal.
Em 2021, depois de um encontro entre Fabrizio Buonamassa Stigliani, diretor de criação relojoeira da Bvlgari, e Maximilian Büsser, fundador e diretor criativo da MB&F, as duas marcas lançaram uma primeira colaboração, o MB&F x Bvlgari LM FlyingT Allegra.
Aquela colaboração levou o mundo das joias Bvlgari para as chamadas legacy machines da MB&F. Para esta segunda colaboração, Fabrizio e Max escolheram reinterpretar uma das criações históricas mais famosas da Bvlgari, a Serpenti, lançada em 1948, trazendo-a para o universo mecânico da alta relojoaria da MB&F.
O Bvlgari x MB&F Serpenti mais parece um brinquedo do que um relógio. Segundo Buonamassa, os aspectos do design “foram prazerosos de criar”. O que não quer dizer que foi fácil. Foram necessários centenas de esboços e dezenas de modelos impressos em 3D.
Ao contrário do formato redondo clássico, a caixa do Bvlgari x MB&F Serpenti de 39 milímetros traz, da mesma forma que um automóvel, uma visão radicalmente diferente dependendo do ângulo por onde se olha.
O conceito da caixa é focado nas curvas, que resultam em um processo de usinagem desafiador. As curvas passam do metal da caixa para os cinco cristais de safira, incluindo os olhos da serpente e a seção traseira multifacetada, todos tratados com revestimento antirreflexo.
A origem do modelo é a coleção Serpenti. Mas os dois criadores, Fabrizio e Max, são entusiastas de design de carros e cresceram com as mesmas referências automotivas. A influência se traduziu nessa estrutura automotiva elegante
Dentro da caixa, resistente a uma profundidade de 30 metros, o movimento também quebra as convenções tradicionais de relojoaria. Desde o início, uma das ideias centrais de Fabrizio era dar vida mecânica à Serpenti. Os olhos da serpente apresentam cúpulas giratórias de hora e minuto. A esquerda faz uma rotação completa em 12 horas e a direita em 60 minutos.
A MB&F já produziu 20 calibres desde 2005. Agora, o movimento de corda manual HM10 precisou ser adaptado para atender ao design do Serpenti. Coroas separadas são acionadas para dar corda e ajustar o tempo, e foram incorporadas nas alças traseiras do relógio. A MB&F é uma das poucas marcas que ainda preservam processos de fabricação artesanais e a finalização manual de componentes.
Com isso, a marca produz um número muito limitado de relógios por ano. No ano passado, foram pouco menos de 400. Também é o que acontece aqui. Serão três versões do Bvlgari x MB&F Serpenti, cada uma com 33 peças.
A primeira vem em uma caixa de titânio grau 5 com cúpulas azuis de hora e minuto. A segunda é alojada em uma caixa de ouro rose 18 quilates e apresenta olhos verdes penetrantes, e uma terceira versão é feita em aço inoxidável revestido com PVD preto e ganha vida com olhos vermelhos vibrantes.
Boa parte das peças já está vendida. Os colecionadores sabem, e tem a palavra de Buonamassa, de que se trata de uma oportunidade única.