Exposição com visitação apenas por carro: ARCA, espaço de eventos na Vila Leopoldina, em São Paulo, que se espalha por um galpão com mais de oito mil metros quadrados, foi escolhida para receber a primeira “‘DriveThru.Art’ (Divulgação/Divulgação)
Guilherme Dearo
Publicado em 17 de julho de 2020 às 06h00.
Última atualização em 17 de julho de 2020 às 18h40.
O arrefecimento da pandemia na Europa já permitiu a reabertura de museus icônicos como os parisienses d'Orsay e Louvre e a National Gallery, de Londres. No Brasil, onde o surto viral segue em alta, o setor das artes plásticas continua gravemente impactado pelo novo coronavírus.
A principal feira desse meio no país, a SP-Arte, tradicionalmente organizada em abril, foi cancelada e não tem nova data definida. Prevista inicialmente para setembro, a 34ª edição da Bienal de Arte de São Paulo foi postergada para 2021 – com isso o evento voltará a ser realizado em anos ímpares.
Para as galerias de arte, obrigadas a fechar as portas desde o início da quarentena e cancelar os vernissages, o único remédio foi transferir as mostras programadas para a internet, apostar em feiras virtuais como a “not cancelled Brasil” e investir nas redes sociais para impulsionar vendas a distância.
O galerista Luis Maluf decidiu driblar as restrições impostas pelo coronavírus de outra forma. Hoje (17), ele inaugura uma exposição que pega carona no sucesso dos cinemas drive-ins. O nome dela, “Drivethru.Art”, deixa claro do que se trata: uma mostra na qual só se entra de carro (de acordo com o plano de retomada do governo paulista, museus, galerias e afins poderão reabrir parcialmente a partir de 27 de julho).
O local escolhido por Maluf é a ARCA, espaço de eventos na Vila Leopoldina, em São Paulo, que se espalha por um galpão com mais de oito mil metros quadrados. “‘DriveThru.Art’ é uma forma de reviver a experiência de visitar uma exposição e ver as obras de perto”, explica o galerista. “A arte tem o poder de repensar e recriar os espaços”, completam, em coro, Mauricio Soares e Mário Sérgio Albuquerque, responsáveis pela ARCA.
O espaço de eventos foi adaptado para receber no máximo 20 carros por vez, que precisam percorrer um circuito pré-determinado, em horários pré-definidos. À venda no site, os ingressos custam 40 reais por veículo, com no máximo quatro ocupantes.
Quem não tem automóvel pode recorrer aos da ARCA, higienizados ao fim de cada visita — a opção custa 30 reais e prevê no máximo três passageiros, pois a direção fica a cargo de um motorista do espaço de eventos.
A escolha das obras coube a Maluf, que privilegiou artistas representados por sua galeria, sediada nos Jardins, em São Paulo. É o caso do grafiteiro Crânio, de Gian Luca Ewbank, de Vinicius Parisi, Luiz Escañuela, Vinicius Meio e Vermelho Steam. Felipe Morozini e Juneco Marcos, entre outros, também fazem parte da lista.
O galerista diz ter optado por pinturas, vídeos e fotografias que discutem, por exemplo, a importância da representatividade das mulheres negras e a preservação do meio ambiente. Em cartaz até 9 de agosto, a mostra tem patrocínio do banco BTG Pactual, controlador de EXAME.
Endereço: Av. Manuel Bandeira, 360 - Vila Leopoldina, São Paulo. Horário de funcionamento: das 13h às 21h, de quarta a domingo.