Trazido do México, esse modelo é oferecido no Brasil por 110.990 reais (Can-Am/Divulgação)
Gabriel Aguiar
Publicado em 29 de junho de 2022 às 11h09.
Última atualização em 29 de junho de 2022 às 11h50.
Talvez você não conheça as trilhas da Serra da Mantiqueira, entre Minas Gerais e São Paulo. Mas já te adianto: não é qualquer picape ou SUV que dá conta do recado – e carros de passeio nem entram em boa parte dos caminhos. Mas é justamente esse o paraíso dos UTVs, uma espécie de carrinho de golfe com motor de verdade, anabolizante e botas de escalada (como esse Can-Am Defender).
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Não é a primeira vez que eu dirijo esse tipo de utilitário, mas, até então, só tinha conhecido modelos que pareciam feitos para disputar corridas. Não por acaso, a categoria de UTVs tem feito sucesso em ralis como Sertões e Dakar. Só que, desta vez, minha maior surpresa foi perceber que esses veículos também são bem mais que brinquedos e realmente fazem sentido para fazendas, sítios e praia.
É verdade que os UTVs podem até parecer simples demais, já que não têm para-brisa, portas, rádio, ar-condicionado e a básica luz de ré. Para quem fizer questão desses “mimos”, o jeito será apelar ao catálogo de acessórios. É assim que nasce um substituto para caminhões e tratores: dá para instalar guincho, caçamba basculante elétrica, compartimento térmico e diferentes opções de suporte.
Mesmo “pelados” até chegarem à essência, esses veículos se tornaram verdadeiros queridinhos nos lugares mais afastados – e são considerados verdadeiros carros de luxo nas propriedades de campo. E eu consegui entender o porquê durante a imersão que tive durante um fim de semana de trilhas, estradas de terra e muitos buracos que separam as cidades mineiras de Piranguçu e Luminosa.
Para os engenheiros de plantão, basta explicar que as suspensões têm amortecedores de gás e curso de 25,4 cm (o que é praticamente um conjunto de competição), enquanto o motor de apenas 650 cc – e único cilindro – parece multiplicar os 52 cv de potência e 5,6 kgfm de torque da ficha técnica. De um lado, mérito do câmbio automático CVT, igual alguns SUVs; de outro, dos sistemas off-road.
Não há muitas complicações para dirigir o Can-Am Defender: chave no contato e praticamente tudo igual aos carros do dia a dia. Mas esse é praticamente um quadriciclo com teto e, por isso, exige uso de capacete. É impressionante como só bastaram poucos minutos para que eu esquecesse qualquer receio de buracos ou pedras. Na verdade, já nem duvido que esse carrinho possa subir paredes.
Na subida mais íngreme que já vi, eu não ousaria subir a pé. Mas bastou acionar a tração nas quatro rodas (ao toque de um botão), o bloqueio do diferencial traseiro e a marcha reduzida – o verdadeiro combo para chegar ao fim do mundo – para o utilitário engolir a trilha como se estivesse puxado por forças sobrenaturais. Só não dá para explicar a sensação incrível de dirigir sem portas ou vidros.
Como nem tudo é perfeito, esses utilitários não podem circular em vias públicas. Parece um negócio ruim? É só lembrar que os quadriciclos também sofrem das mesmas limitações e, mesmo assim, não faltam compradores para as “motos de quatro rodas”. E, para quem decide tudo na ponta do lápis, a boa notícia é que UTVs não pagam IPVA (ainda que possíveis donos dificilmente pensem nisso).