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Diretor brasileiro estreia em Berlim com filme sobre transexual

"Greta", de Armando Praça, foi apresentado no festival na terça-feira e concorre como melhor estreia

Marco Nanini estrela "Greta", do diretor Armando Praça (Greta/Divulgação)

Marco Nanini estrela "Greta", do diretor Armando Praça (Greta/Divulgação)

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EFE

Publicado em 14 de fevereiro de 2019 às 11h09.

Última atualização em 14 de fevereiro de 2019 às 11h34.

Berlim - O cineasta brasileiro Armando Praça apresentou na terça-feira no Festival de Berlim o filme "Greta", que concorre como melhor estreia e fala de amizade, amor, sexo e idade, mas sobretudo da importância de viver a vida longe das idealizações e do que a sociedade espera.

Na produção, exibida dentro da seção Panorama, a segunda em importância do festival, Pedro, o protagonista, vive uma transformação física visível para o espectador, mas que vem precedida de uma transformação interna do personagem, segundo explicou Praça em entrevista à Agência Efe.

Pedro é um enfermeiro de 70 anos, homossexual, que para liberar uma cama no hospital no qual trabalha para sua amiga transexual Daniela, com insuficiência renal, decide tirar às escondidas do local um jovem ferido, acusado de assassinato e sob vigilância policial, e escondê-lo na sua casa.

Entre Pedro, cuja paixão por Greta Garbo influencia inclusive na sua vida sexual, e Jean, o suposto assassino que mantém escondido em casa, se desenvolve uma relação íntima que tanto o espectador como os personagens desconhecem para onde vai.

Para que esta transformação em Pedro aconteça, é preciso partir do princípio de que se trata de um personagem "solitário, desesperado de solidão, que sempre idealizou suas relações", para as que achou inspiração em Greta Garbo, explicou o diretor.

À medida que se transforma o personagem, também mudam os enquadramentos e a iluminação, ressaltou Praça.

Greta Garbo é neste filme um fonte de inspiração fundamental para os personagens, segundo disse o cineasta sobre uma atriz que foi um ícone do cinema mundial e cujos personagens eram melodramáticos, sempre na busca de um grande amor, um amor sempre proibido por alguma razão moral.

Mas, na vida real, foi uma mulher que se relacionou tanto com homens como mulheres, não teve filhos - contra o que se esperava de uma mulher da sua geração -, e tinha uma forte personalidade andrógina.

"Havia uma contradição na vida que levava e os personagens que interpretava", disse Praça, algo que se reflete na história de um filme que tem sua origem em uma peça de teatro, uma comédia, dos anos 70, em plena ditadura militar no Brasil.

Quando Praça topou com esse texto há dez anos, o diretor percebeu imediatamente "a relevância e beleza do drama que escondia", mas a maneira de contar esta história naturalmente "tinha ficado superada", era "anacrônica".

Praça então viu a necessidade de adaptar a obra e torná-la mais contemporânea, a fim de conseguir uma identificação entre o público e os atores e poder contemplar a história de um ponto de vista "mais humano".

Para o diretor não há melhor lugar para apresentar seu filme que a Berlinale, um festival "com uma perspectiva bastante política na seleção de seus filmes", e sobretudo em um momento no qual no Brasil estão acontecendo muitas coisas relacionadas com esta temática diante do momento "muito difícil" que atravessa o país. EFE

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