Dior: atualmente a italiana Maria Grazia Chiuri chefia a criação artística da grife (REUTERS/Gonzalo Fuentes/Reuters)
AFP
Publicado em 4 de julho de 2017 às 12h32.
Paris apresenta a maior exposição já realizada da marca francesa Dior, cujos 70 anos de história estão intrinsecamente ligados a seu fundador, Christian Dior, para quem a base da alta-costura era a arte.
Trezentos vestidos confeccionados entre 1947 até a presente data, mil documentos e dezenas de obras de arte serão exibidos a partir desta quarta-feira (5) no Museu de Artes Decorativas.
Nascido em uma família de industriais franceses, Christian Dior (1905-1957) foi um homem de grande cultura, que trabalhou em uma galeria antes de se transformar em um dos estilistas mais celebrados da moda.
"Não foi alguém que se interessasse pela arte depois de fazer fortuna. Dior partiu da arte para a alta-costura", lembrou Olivier Gabet, diretor do museu e curador da exposição junto com a historiadora Florence Müller.
Amigo de artistas, como Jean Cocteau, Max Jacob e Picasso, abriu uma galeria em Paris com um grupo de sócios, defendendo "a arte moderna e contemporânea mais vanguardista", contou Gabet.
"Foi quem apresentou pela primeira vez em uma galeria gente como Alberto Giacometti e Salvador Dalí", acrescentou.
Na exposição, como não poderia deixar de ser, homenageia-se o "New Look", o estilo que Dior concebeu em 1947, depois da Segunda Guerra Mundial. Esse estilo deu um "novo ar" à mulher, com cinturas ajustadas, saias longas e rodadas e ombros naturais.
O "New Look" influenciou não apenas os estilistas contemporâneos de Dior, como continua inspirando os estilistas atuais, assim como os seis diretores artísticos que lhe sucederam na direção de sua maison.
Depois da morte de Christian Dior, aos 52 anos, o jovem Yves Saint Laurent assumiu as rédeas. Sua primeira coleção, "Trapézio", valeu a ele o apelido de "O Pequeno Príncipe da moda".
Também foi determinante sua coleção "Beatnik", inspirada nos motoqueiros e em suas jaquetas de couro, que chocaram as clientes da época.
Apesar de ficar 29 anos - um recorde - à frente da direção artística da Dior, o francês Marc Bohan parece ter caído um pouco no esquecimento.
"A extravagância de seus sucessores ofuscou um pouco seu período, mas ele teve muito êxito na época", afirma Müller.
Com Bohan, as saias ficaram mais curtas, e ele foi o inventor do "Slim Look", uma silhueta adolescente e mignon, muito em sintonia com os anos 1960. Entre suas clientes, destacou-se, por exemplo, Grace Kelly.
Sob a batuta do italiano Gianfranco Ferré, o marca voltou às origens, com vestidos elegantes e finamente bordados, além de plumas e flores.
John Galliano irrompeu no mundo da alta-costura com sua excentricidade à inglesa e também foi fiel ao fundador da Dior, com "uma visão da feminilidade muito exacerbada: a cintura estreita, os quadris amplos, o busto em destaque", segundo a curadora.
O belga Raf Simons tinha fama de ser minimalista, mas a exposição é a ocasião para desmentir isso, ressalta Müller.
"Pode dar a sensação de que é muito simples, mas, de perto, pode-se observar a complexidade do trabalho", enfatizou, mostrando um bordado em três dimensões e um vestido confeccionado inteiramente com pequenas plumas.
Nomeada em 2016, a italiana Maria Grazia Chiuri é a primeira mulher a chefiar a criação artística da Dior.
Os vestidos expostos mostram uma visão delicada da mulher, com muitos bordados recobertos por tule.
"Esta exposição não fala apenas da maison Dior. Fala de cada época e de suas mulheres. É isso que me fascina", conclui a diretora artística.