Criação de Raf Simons para a Christian Dior: em uma tenda instalada no Jardin des Tuileries, a coleção foi uma chuva de sedas e tules em cores pastéis (AFP/ Guillaume Baptiste)
Da Redação
Publicado em 21 de janeiro de 2013 às 17h25.
Paris - A histórica maison Dior, os jovens criadores Maurizio Galante, Christophe Josse e a holandesa Iris Van Herpen abriram a temporada de desfiles de alta-costura, título exclusivo da França, que atrai celebridades, compradores e jornalistas do mundo inteiro.
O primeiro dia do evento, que acontece até quinta-feira, foi realizado em meio a uma tempestade de neve que caía sobre Paris. Mas o diretor artístico da Dior, Raf Simons, transportou seus convidados para um jardim primaveril, onde os vestidos se abriam como flores.
Em uma tenda instalada no Jardin des Tuileries, a coleção foi uma chuva de sedas e tules em cores pastéis, adornadas com flores bordadas, que evocavam a mulher-flor, ícone do fundador da maison, Christian Dior.
Queria evocar "a mesma ideia da primavera", explicou Simons na apresentação da coleção.
Este foi o segundo desfile de Alta-Costura do estilista belga, que tomou as rédeas da Dior no ano passado, após a demissão do britânico John Galliano, em março de 2011, por suas declarações antissemitas.
"Quem poderia não gostar" desta coleção?, disse em entrevista à AFP Valérie Trierweiler, companheira do presidente François Hollande, presente no desfile, assistido também pela princesa Charlene de Mônaco e as atrizes Sigourney Weaver, Isabelle Huppert e Carole Bouquet.
O presidente da Dior, Sidney Toledano, não escondia sua satisfação, apesar da queda drástica na clientela da Alta-Costura desde os anos 1960.
"O ano de 2012 foi um grande ano para a Alta-Costura. Isso quer dizer novos clientes, muitos da América" (do Norte e do Sul), e da Ásia, que se somaram aos clientes já existentes", disse Toledano, acrescentando que a clientela é cada vez "mais jovem".
A coleção apresentada pelo italiano Maurizio Galante foi um jogo de contrastes e movimento, declinados em vinte modelos em looks que destacaram as blusas amplas e abertas, voluptuosas como as retratadas por Matisse, e casacos com listas sobre vestidos de modelagem estrutura, mas fluidos.
Os materiais utilizados pelo estilista italiano são sempre suaves: tules, sedas, organzas e crepes, em tons de branco, champanhe, camélia, parma, prateado, violeta profundo, laranja e verde turquesa.
Seu desfile, que aconteceu no Teatro Châtelet, priorizou o movimento das peças, conseguido através de técnicas artesanais misturadas a industriais.
As golas e bustos amplos mostrados por Galante, que estudou Arquitetura em Roma antes de se dedicar à moda e se instalar em Paris em 1996, contrastavam com os vestidos e calças justas apresentados sob casacos e boleros bordados e xadrez.
A coleção de Christophe Josse foi delicada, sóbria, leve, em tons de branco, preto e azul escuro, enquanto a holandesa Iris Van Herpen surpreendeu com uma coleção muito forte, inspirada no raio e na eletricidade, onde se destacou sua paixão pela ciência, mas também pela arquitetura, com criações muito estruturadas, principalmente em branco e preto.
Alguns looks evocavam não uma flor, mas um cáctus, e outros pareciam algas marinhas, enquanto algumas modelagens, alguns vestidos perfeitos para um show, pareciam cobertos de raios elétricos.
Esta é a quarta coleção apresentada pela jovem estilista holandesa, a convite da Câmara francesa de Alta-Costura, que organiza o evento, onde desfilam somente um grupo seleto de marcas que cumprem requisitos muitos estritos, como peças únicas e feitas com costuras completamente à mão.