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Diálogos artísticos: 80% dos participantes da 35ª Bienal de São Paulo não são brancos

Arte, arquitetura e gastronomia propõem debates sociais e culturais na 35a Bienal de São Paulo

A artista Citra Sasmita, de Bali, na Bienal de São Paulo de 2020: na edição deste ano, 80% dos 121 expositores são negros, indígenas ou não brancos (Yeo Workshop/Divulgação)

A artista Citra Sasmita, de Bali, na Bienal de São Paulo de 2020: na edição deste ano, 80% dos 121 expositores são negros, indígenas ou não brancos (Yeo Workshop/Divulgação)

Júlia Storch
Júlia Storch

Repórter de Casual

Publicado em 4 de setembro de 2023 às 07h00.

Muitas vezes fixada em espaços de exclusão, a arte cumpre o seu papel durante as bienais em um diálogo franco com o público que visita o Pavilhão Ciccillo Matarazzo, no Parque Ibirapuera. Para a 35a edição, os curadores Diane Lima, Grada Kilomba, Hélio Menezes e Manuel Borja-Villel assinam em conjunto a mostra batizada de Coreografias do Impossível.

“Nossa abordagem se fundamenta no desejo de compreender como o conceito de coreografia foi expandido, com sua capacidade de absorver, refletir e questionar o contexto social em que vivemos. Essas coreografias representam também os corpos presentes, tão essenciais à criação artística, pois são esses corpos que se movem através do impossível”, diz o coletivo curatorial da Bienal. Já o impossível, por sua vez, faz alusão às realidades políticas, legais, econômicas e sociais que envolvem as práticas artísticas e sociais do evento.

Serão 121 artistas que apresentarão seus trabalhos, sendo que 80% dos nomes são negros, indígenas ou não brancos. Para além desse número, os curadores buscaram artistas que abordassem o tema do impossível de maneiras variadas, pelo uso de material, pela exploração de questões políticas ou sociais ou por meio de abordagens inovadoras à criação artística, frequentemente ligadas às condições materiais de vida em contextos desafiadores. “Nosso interesse recai sobre artistas que trazem perspectivas e experiências diversas para a exposição”, diz.

A edição também apresenta uma nova proposta de visitação. Pela primeira vez na história, o vão central do Pavilhão da Bienal será inteiramente fechado. Ao bloquear a visão e o acesso ao segundo pavimento, o projeto transforma a circulação convencional do edifício, fazendo dele o último dos pavimentos a ser visitado. “A chegada ao segundo andar revela que o vão não é fechado por paredes, mas sim por um corpo cuja espessura dispõe, em torno do vão, uma série de salas expositivas, fazendo com que toda a circulação em volta dele tenha vista direta para o Parque Ibirapuera.”

A escolha de quem ocuparia o espaço da alimentação também foi pensada para harmonizar com o tema da mostra. Com isso, a Cozinha Ocupação 9 de Julho — MSTC apresentará seu trabalho gastronômico e social. Além de operar como restaurante, o grupo também desempenhará uma intervenção artística no Pavilhão da Bienal. “Além de lidar com a urgente questão da moradia em uma metrópole como São Paulo, eles são agentes diretos de mudança e estão alinhados com uma das maiores preocupações atuais, que é a produção e a distribuição de alimentos que diferem das normas do agronegócio, focando a saúde e o apoio aos pequenos produtores locais”, dizem os curadores.

35a Bienal de São Paulo — Coreografias do Impossível

De 6 de setembro a 10 de dezembro | Pavilhão Ciccillo Matarazzo, Parque Ibirapuera, São Paulo | Entrada gratuita

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