Turistas da China no palácio Gyeongbokgung, em Seul. (AFP/AFP)
AFP
Publicado em 6 de janeiro de 2023 às 10h42.
"Ni hao". Em Tóquio, no bairro turístico de Asakusa, o cartunista Masashi Higashitani pratica chinês antes da esperada chegada de turistas do gigante asiático após o fim da quarentena obrigatória imposta por Pequim.
"Costumávamos dizer 'ni hao' (olá, em chinês) o tempo todo", diz o homem enquanto desenha um retrato.
Antes da pandemia, o número de turistas chineses no arquipélago japonês alcançou quase 9,6 milhões em 2019, tornando-se o mercado mais importante.
Como 20% de seus clientes na época vinham do gigante asiático, Higashitani e seus funcionários aprenderam algumas frases em mandarim para se comunicar.
Apesar de estar impaciente, o cartunista teme que uma chegada em massa de chineses "exceda as suas capacidades", já que teve de reduzir seus funcionários devido à covid.
"Também estou preocupado que tenhamos que ser mais prudentes nas medidas antivírus", explica à AFP.
A China surpreendeu o mundo ao anunciar no final de dezembro o levantamento da quarentena obrigatória para entrar em seu território a partir de 8 de janeiro.
Seus cidadãos correram para reservar passagens aéreas para Macau, Hong Kong, Japão, Tailândia e Coreia do Sul.
Em plena explosão de infeções no gigante asiático, alguns destinos receberam com desconfiança tal abertura e impuseram restrições às chegadas daquele país, como a obrigatoriedade de apresentar um teste de PCR negativo.
Mas esses turistas representam uma renda que não pode ser ignorada. Antes da pandemia, a China representava um terço dos visitantes da Coreia do Sul e era um dos três principais mercados da Tailândia e da Indonésia.
LEIA TAMBÉM:
Maior e mais caro iate do mundo custará R$ 43,6 bilhões
Os 12 hotéis de luxo mais aguardados para 2023
Em sua creperia no popular bairro de Myeongdong, em Seul, Son Kyung-rak já se prepara para receber essa onda de viajantes.
"Buscamos contratar e aumentar os estoques. Os turistas chineses são nossos principais clientes. Quanto mais, melhor", diz.
As autoridades sul-coreanas são mais contidas.
A ausência de chineses "foi um golpe para a nossa indústria do turismo", admite Yun Ji-suk, chefe do Ministério da Cultura.
"Mas este não é o momento de precipitação no nível turístico devido à atual situação ligada à covid", comenta.
A Coreia do Sul limitou os voos da China. Além disso, os viajantes daquele país, incluindo os de Macau e Hong Kong, deverão apresentar teste de covid negativo antes do embarque.
Aqueles que partiram da China continental terão que passar por outro teste no desembarque.
O Japão adotou medidas semelhantes para os viajantes da China continental, mas deixou as duas cidades semiautônomas de lado por enquanto.
Outros destinos importantes como a Indonésia, que recebia dois milhões de chineses todos os anos antes da covid, decidiram não impor nenhuma restrição.
Os restauradores da paradisíaca ilha de Bali estão confiantes de que poderão mais uma vez pendurar a placa de "lotado" em seus estabelecimentos.
"Antes da pandemia, tínhamos muitos clientes chineses (...) Pelo menos 100 a 200 por dia", comentou à AFP Kadek Sucana, dono de um restaurante de frutos do mar em Jimbaran.
Mas, embora Pequim tenha relaxado sua política de saúde, as viagens em grupo organizadas por agências ainda são proibidas e as companhias aéreas não tiveram tempo de se adaptar à nova demanda.
Por esse motivo, os destinos asiáticos preveem um retorno gradual dos turistas.
A Indonésia não espera mais de 250.000 visitantes chineses em 2023, longe dos números pré-covid.
E a Tailândia espera receber cinco milhões, metade do número de 2019, apesar de o reino não ter imposto restrições aos visitantes chineses.
O setor de turismo representa quase 20% da economia tailandesa e é sustentado principalmente por viajantes do gigante asiático.
"É uma oportunidade para restaurar nossa economia e nos recuperar das perdas que sofremos por quase três anos", declarou o ministro da Saúde Pública, Anutin Charnvirakul.