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Destilarias da Escócia podem ser opção para brindar fim da Covid

Escócia tem opção de turismo por destilarias em diferentes regiões do país, com uísques de características únicas

Escócia: visitar destilarias de uísque pode ser opção para brindar fim da pandemia (Facebook/The University of Edinburgh/Divulgação)

Escócia: visitar destilarias de uísque pode ser opção para brindar fim da pandemia (Facebook/The University of Edinburgh/Divulgação)

Guilherme Dearo

Guilherme Dearo

Publicado em 9 de junho de 2020 às 07h00.

O estacionamento da destilaria Laphroaig, em Islay, na Escócia, é um local atípico. Linhas brancas desgastadas no asfalto garantem um espaçamento uniforme para as cerca de duas dúzias de veículos. Um armazém de pedra de dois andares adjacente obstrui qualquer panorama significativo.

No entanto, desse ponto exato, absorvi talvez a experiência sensorial mais profunda da minha vida. Não tinha nada a ver com a visão e tudo com o olfato. Entre alambiques ativos e uma enseada ao longo do Canal do Norte que conecta o mar da Irlanda ao Oceano Atlântico, tropecei em um vórtice, um ponto preciso na calçada onde os ricos aromas de malte turfado saindo da estufa convergiam com sal e algas marinhas transportados pelo ar úmido da ilha. E assim meu caso de amor com Islay foi consumado.

Na Escócia, os estilos básicos de uísque são tradicionalmente divididos em cinco regiões básicas - cada uma com suas próprias características estereotipadas. Quando visitei o país pela primeira vez, em 2013, estava principalmente interessado nos tipos de uísque encorpados das Highlands. Segui as fronteiras pastorais do nordeste do país, aterrissando no portão do século 19 da The GlenDronach Distillery. Como se fosse ontem, lembro do meu primeiro gole de malte sherry - roubado direto do barril - repleto de frutas escuras e couro, exigindo contemplação prolongada. Sentei-me em silêncio e organizei meus pensamentos. Ainda penso naquilo; a expressão de 18 anos da marca continua sendo a mais valorizada no meu bar com 200 garrafas.

Mas o scotch de Islay é um tipo completamente diferente. Bombástico e sem desculpas, é um líquido marítimo e defumado que canta de sua proveniência: uma ilha hebridiana varrida pelo vento, aparentemente isenta da passagem do tempo. Quando tomo um gole do material das montanhas, minha boca está cheia de pontos familiares de comparação de sabores: cerejas, sultanas, bolo de Natal. O malte de Islay, no entanto, remete a notas de degustação terrena, uma sensação de lugar, e não de objetos.

Feis Ile

Com menos de 3,5 mil moradores (espalhados por cerca de 620 quilômetros quadrados), Islay recebe quase o dobro de visitantes durante a celebração anual de Feis Ile, realizada durante a última semana de maio. O festival é a fantasia de todo amante de uísque. Cada um dos oito produtores ativos da ilha promove festas com música ao vivo enquanto apresentam novidades pontuais que só podem ser compradas no momento.

Previsivelmente, pode ficar um pouco agitado, com longas filas e pouca disponibilidade de acomodações, mas ao pensar em toda aquela folia agora - dentro do inevitável tédio de meu apartamento -, eu moveria montanhas para voltar. Desde que o evento foi cancelado este ano, pelo menos não terei que me preocupar com o medo de perdê-lo e tenho mais tempo para começar a planejar para 2021. Meu desejo é ficar na Glenegedale House, um charmoso bed & breakfast entre as cidades de Port Ellen e Bowmore.

Puro malte

O malteamento é um componente crítico da produção escocesa. Para que a cevada esteja pronta para a fermentação, ela deve ser umedecida para dar vida às sementes. Em seguida, é imediatamente aquecida para evitar a germinação completa, preservando os açúcares vitais para a produção de álcool. Tradicionalmente, esse processo de malteamento ocorria nas próprias destilarias. O ar quente subia de uma estufa através de pisos perfurados, onde os grãos eram espalhados em uma camada fina. Hoje, tornou-se amplamente um processo industrial, não muito diferente de grandes quantidades de roupa para secar na máquina. Apenas seis produtores ainda processam pelo menos alguns de seus próprios maltes no chão, e metade deles está em Islay.

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