Hugo Boss (Hugo Boss/Divulgação)
Ivan Padilla
Publicado em 18 de março de 2020 às 07h00.
Última atualização em 18 de março de 2020 às 07h00.
Se você está lendo este texto despretensioso, provavelmente está em home office. E se você está em home office, é grande a chance de estar vestindo pijama, seja lá como for. Pode ser um elegante conjunto de pijama listrado e camisa de botões, ou uma camiseta puída na gola com um short dos tempos do time de futebol da faculdade. Pode ser que você esteja vestindo roupa de academia, depois da malhação matinal. Isso se se a academia que você frequenta não está temporariamente fechada.
Mas você não deveria estar vestido dessa maneira. O maior obstáculo para se adaptar ao home-office é a indisciplina. No começo parece muito legal trabalhar a hora que você quiser, ou puder. Porém, quanto mais próximo de uma rotina de quem trabalha fora de casa, mais produtivo será o seu dia em todos os aspectos.
Quem afirma isso não sou eu. O depoimento é de André do Val, consultor de estilo masculino. “Já fui um ‘farialimer’ e, mesmo sem a obrigação, usava traje social por osmose, entre o escritório e reuniões em cafés, almoços e eventos sociais de trabalho. Mas mesmo naquela época acabei adaptando meu guarda-roupa com peças esportivas: elásticos no cós e nas barras das calças, tecidos inteligentes para camisas e camisetas.”
Hoje trabalhando a maior parte do período de casa, o consultor incorporou e aprimorou alguns desses hábitos. “Uso cores sóbrias para suavizar o efeito pijama nas peças casuais e deixar tudo com mais cara de ‘roupa’”, diz. “É uma nova versão do terno, mais sintonizada com os dias de hoje, com a quarentena devido ao coronavírus e as novas relações de trabalho.”
Para André do Val, bermuda é um item, digamos, aceitável – afinal, estamos falando de home office. Mas faz uma ressalva: “Escolha bermudas como se fossem calças: cáqui, preto, jeans... elas combinam melhor com camisas e polos do que bermudões de surfe e academia.” Sempre que pode, ele opta por tecidos naturais, que respiram melhor do que os sintéticos. “Mas há muitas opções de combinações de fios que fazem maravilhas por conforto e caimento.”
O consultor lembra ainda que a busca pelo conforto é uma forte tendência. “Grifes masculinas como Ermenegildo Zegna e Louis Vuitton já trabalham há alguns anos com essa mistura de alfaiataria e sporstwear. As linhas travel da Hugo Boss e da Osklen, com peças confortáveis que não amassam e podem ser lavadas à máquina, também são ótimas opções para se trabalhar em casa.”
Quem entra na loja de roupa de cama da Trosseau, no shopping Iguatemi de São Paulo, se surpreende ao encontrar, entre prateleiras com lençóis e toalhas, algumas araras de peças de roupa. E bonitas. Camisetas, camisas, calças e moletons seguem o que Romeu Trussardi, dono da marca, chama de “everywear”. “São roupas finas, elegantes, que podem ser usadas em todas as situações. Nesse momento em que as pessoas estão trabalhando de casa, é a melhor opção”, diz.
Conforto e bom acabamento têm lá seu preço. No caso da Trosseau, a camiseta de algodão pima peruano sai por 225 reais. A calça, de poliéster com corte de alfaiataria extremamente macia e elástico na cintura, custa 495 reais. No ano passado, foram vendidas 15 mil peças da linha, 50% a mais do que em relação ao ano anterior. Sinal de que moda confortável é tendência, e não uma circunstância viral. A coleção está sendo vendida também na loja da grife em Miami. Para este inverno, ele está trazendo malhas de cashmere da Ásia.
Para Andreia Meneguete, consultora de branding de moda, home office não significa falta de performance ou produtividade. “Precisamos encarar o dia de trabalho como se estivéssemos indo para o escritório, estar pronto para um call e quem sabe fechar um contrato.”, afirma, otimista."Nosso cérebro não entende que mudamos de função e ambiente se não mudarmos nossa postura, nosso mindset. E a forma como nos vestimos faz parte desse processo.”
Segundo ela, nossa postura reage à forma como nos sentimos e nos apresentamos ao mundo. “Roupas carregam significados e símbolos, e isso passa para o indivíduo na hora do uso. É normal uma pessoa se sentir mais poderosa ao usar um terno. Assim como ela se sente mais criativa e ousada com usa cores e mix de estampas. Então, não é de se estranhar que ela ficará muito mais na zona de conforto e sem uma energia produtiva ao estar de pijama.”
A consultora diz que não se pode esquecer que são oito horas trabalhando dentro de casa. “É preciso lembrar o corpo por meio de estímulos que deve haver organização, produtividade e comprometimento. E acredite: o dress code ajuda nessa missão”, afirma.
Andreia indica algumas combinações para o perfil de cada profissional. Já vamos avisando: são looks bastante formais. Nem vai parecer que você está em casa. Só de usá-los você já merecia, sim, fechar um bom contrato.
Homens que trabalham no mercado formal:
Homens que trabalham em ambientes informais criativos:
Mulheres em ambientes formais:
Mulheres que trabalham em ambientes informais.