Pianista de formação clássica, aplicou suas influências ao ritmo criado e dominado pelos músicos negros nos Estados Unidos da década de 1950 (Stephen Lovekin/Reuters)
Da Redação
Publicado em 6 de dezembro de 2012 às 10h04.
São Paulo - Dave Brubeck morreu nesta quarta-feira (5), um dia antes de completar 92 anos. O jazzista deixa como maior legado a proximidade que conseguiu promover entre o jazz e a academia. Pianista de formação clássica – estudou com o francês Darius Milhaud -, aplicou suas influências ao ritmo criado e dominado pelos músicos negros nos Estados Unidos da década de 1950, ultrapassando alguns limites impostos ao gênero até então.
Uma das barreiras dinamitadas se expressa na métrica ímpar imposta na lendária Take Five, canção composta pelo saxofonista alto Paul Desmond, parceiro na Dave Brubeck Quartet e no álbum Time Out, ponto mais alto na discografia de Dave e presente em todas listas respeitáveis de melhores álbuns da história do gênero.
Fora dos palcos, Brubeck também esteve vanguarda por se integrar facilmente aos negros na América segregacionista da década de 1950. Era com eles que o pianista se reunia no Sul norte-americano para se apresentar, ensinar e, claro, aprender. Talvez até por isso, seu estilo único e menos solto – quando comparado ao pianista negro Thelonious Monk, por exemplo, – tenha se encaixado tão bem na estrutura jazzística. Era Dave, músico formado no conservatório da University of the Pacific, na Califórnia, preferindo improvisar no campo político. E acertava, como de costume.