Laura Reiley: ao revelar identidade, ela comentou que sites onde os próprios consumidores escrevem críticas têm mais peso do que críticos (Tampa Bay/Divulgação)
Estadão Conteúdo
Publicado em 5 de fevereiro de 2018 às 12h07.
Última atualização em 5 de fevereiro de 2018 às 12h07.
Existem profissões em que o anonimato pode ser importante. É o caso de críticos gastronômicos, que têm de se passar por clientes comuns para receber o mesmo serviço e experiência que eles.
Laura Reiley sabe muito bem disso. Crítica de restaurantes desde 1991, ela escreve para o Tampa Bay Times, jornal da Flórida, nos Estados Unidos, há dez anos. Após todo esse tempo, ela resolveu revelar sua identidade por meio de um texto nesta segunda-feira, 29.
"Espero que eu não tenha um espinafre nos meus dentes", brincou Laura. Ela comentou que é muito difícil manter o anonimato na era digital e comentou que sites onde os próprios consumidores escrevem críticas sobre suas experiências em restaurantes têm mais peso do que críticos gastronômicos.
No entanto, ela explicou que o motivo para revelar sua identidade foi porque o anonimato a impossibilitava de se dedicar a algumas reportagens que ela tinha interesse.
"Eu derrubei meu disfarce com chefs e donos de restaurantes quando a história "valia a pena", mas há histórias que são menos importantes e que eu não peguei para poder preservar meu anonimato", contou Laura.
"O mundo está mudando e estou pensando em meu papel de forma mais ampla. Acredito que nunca teve uma época tão importante para se escrever sobre comida. Cada vez mais pessoas se preocupam com a origem do que comem, a cadeia produtiva se tornou infinitamente mais complexa e opaca e as instituições reguladoras se tornaram mais fracas", disse.
Em 2017, Laura foi finalista do prêmio Pulitzer, maior premiação do jornalismo, ao investigar irregularidades na origem de alimentos em restaurantes e mercados.