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Da Redação
Publicado em 7 de abril de 2012 às 11h31.
O roteirista Gideon Raff é considerado um dos principais responsáveis pela consolidação de Israel como um forte país exportador de programas televisivos. É de sua autoria a série Homeland, que ganhou a maior premiação no Globo de Ouro deste ano. O drama do sargento Brody, que volta para casa depois de oito anos como prisioneiro de guerra no Iraque, estreou originalmente sob o título Prisioners of War (Prisioneiros de Guerra), na TV israelense, em 2010. O sucesso da série atravessou o oceano e chamou a atenção de produtores em Hollywood.
Nos Estados Unidos, Raff adaptou e produziu Homeland, a versão americana estrelada por Damian Lewis, no papel do ex-prisioneiro de guerra, e Claire Danes, como a agente militar que sofre de um distúrbio psiquiátrico.
Após o reconhecimento de público e crítica conquistado pela série, as produções israelenses ganharam mais visibilidade no mercado americano. “Como Homeland se tornou um sucesso enorme, produtores americanos passaram a se interessar pelo que acontece em Israel”, diz Raff.
Atualmente, a primeira temporada de Homeland é exibida no Brasil pelo canal a cabo FX. Em maio, começam as gravações da segunda temporada, que tem estreia prevista para setembro nos Estados Unidos. A versão israelense é produzida paralelamente à americana e a segunda temporada de Prisioners of War deve estrear em junho na TV israelense.
Como a série Prisioners of War foi parar nos Estados Unidos? Eu morava lá quando escrevi a série em hebraico para a TV de Israel. O diretor da emissora israelense Keshet, Avi Nir, me pediu para traduzir e enviou o roteiro para seus clientes Howard Gordon e Alex Gansa, produtores da série 24 Horas nos Estados Unidos, que se interessaram na hora. No começo, a adaptação foi difícil porque israelenses e americanos veem de maneiras diferentes o tema prisioneiros de guerra.
Em que fase está a produção da segunda temporada? Em maio, começam as gravações em Israel e o lançamento será em setembro nos Estados Unidos. Na primeira temporada, apenas as primeiras cenas foram gravadas em Israel e agora decidimos investir mais nisso.
Qual é o orçamento para cada capítulo de Homeland? Varia muito, mas vamos dizer que, com a verba de um episódio de Homeland, eu conseguiria fazer uma temporada inteira de Prisioners of War em Israel.
Por que a série emplacou nos Estados Unidos? A série tem um apelo internacional muito grande pelo fato de israelenses e americanos serem povos sensibilizados pelo tema abordado. A indústria de TV em Hollywood é muito fechada e cruel e só investe em formatos que são garantia de sucesso. A aceitação de programas israelenses é algo muito recente.
O que contribuiu para essa mudança? A greve dos roteiristas em 2007 abriu espaço para formatos e ideias originadas fora de Hollywood. Como Homeland se tornou um sucesso enorme, outros produtores americanos passaram a se interessar pelo que acontece em Israel. Há muitos talentos, mas o mercado de TV é muito restrito por lá e a falta de dinheiro para investir nas produções é um grande problema. A única saída é apostar em formatos criativos com baixo orçamento. Na verdade, a produção televisiva em Israel sempre foi assim. O que mudou foi a postura em Hollywood.
Qual é a principal diferença entre os programas israelenses e americanos? A diferença é enorme. Na versão original, eu escrevi e dirigi todos os episódios. As gravações foram feitas em tomadas longas por causa do orçamento baixo, não tínhamos verba para bancar muitas diárias e gravar em muitas locações diferentes. Nos Estados Unidos, há um diretor diferente para cada episódio e uma equipe de roteiristas, ou seja, a estrutura é muito maior. Em Israel, por carecer de todos esses recursos, prioriza-se a inovação de formatos e episódios de séries mais longos.
Como o orçamento baixo influencia as produções israelenses? Temos que ser mais criativos. Por exemplo, não temos três câmeras para captar diversos ângulos de uma só tomada e cada episódio tem que ser gravado em três ou quatro dias. Por isso, o roteiro tem que ser muito específico e a pré-produção torna-se essencial.
Qual foi o ponto de partida para o enredo de Homeland? Na versão original, a história parte de três ex-prisioneiros de guerra e não apenas um, como acontece em Homeland. Na versão americana, os produtores preferiram concentrar a trama em apenas um personagem para que sua vida familiar também pudesse ser explorada. O distúrbio psicológico da agente militar e a relação entre Brody e seus filhos também foram priorizados na versão americana.
Tem projeto de uma nova série? Primeiro, eu quero fazer muitas temporadas de Homeland e Prisioners of War. Eu tenho outros projetos engatilhados, mas ainda é muito cedo para comentar