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Copa do Mundo 2018 está sob a ameaça do Estado Islâmico

Especialistas acreditam que o Estado Islâmico lançou uma campanha nas redes sociais para pedir ataques terroristas durante a Copa do Mundo na Rússia

Especialistas dizem que atentados podem ser feitos por indivíduos isolados influenciados pela propaganda do EI na internet (Maxim Shemetov/Reuters)

Especialistas dizem que atentados podem ser feitos por indivíduos isolados influenciados pela propaganda do EI na internet (Maxim Shemetov/Reuters)

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AFP

Publicado em 7 de junho de 2018 às 14h54.

Última atualização em 7 de junho de 2018 às 15h50.

O grupo extremista Estado Islâmico (EI) agoniza no Iraque e na Síria, mas a ameaça que representa para a Copa do Mundo da Rússia é real e deve ser levada a sério, segundo especialistas.

No outono, a Wafa Media Foundation, um órgão de imprensa do EI, começou a difundir nas redes sociais fotomontagens apresentando estrelas do futebol mundial, como Lionel Messi e Neymar, ou o treinador da seleção da França, Didier Deschamps, em uniformes na cor laranja e com uma faca na garganta, mortos no chão ou em chamas.

As ameaças, em inglês ou francês, são explícitas: "Eles não estarão a salvo enquanto não estivermos nos países muçulmanos!" ou "Não vamos parar de aterrorizá-los nem de arruinar suas vidas!"

Brian Glyn Williams e Robert Troy Souza, autores de um relatório divulgado na semana passada pelo Combating Terrorism Center (CTC) de West Point, intitulado "A ameaça do Estado Islâmico contra a Copa do Mundo FIFA 2018", asseguram que "a mídia pró-EI lançou uma campanha sem precedentes nas redes sociais para pedir ataques contra o torneio".

"Nos últimos anos, houve inúmeros ataques terroristas bem-sucedidos e vários projetos frustrados, cujos autores estavam ligados ou eram inspirados pelo EI", acrescentam.

"Isso sugere que o grupo tem a capacidade de lançar um ataque durante a Copa do Mundo".

Estes ataques podem ser realizados por "lobos solitários", indivíduos isolados influenciados pela propaganda do EI na internet, ou por jihadistas russos ou originários de repúblicas do Cáucaso que retornaram recentemente da Síria e do Iraque após a derrota de EI em ambos os países.

O laboratório de ideias americano Center for Strategic and International Studies (CSIS) acredita que cerca de 8.500 jihadistas da Rússia ou de países da Ásia Central se alistaram às fileiras do EI ou de outros grupos extremistas no Oriente Médio.

Embora se desconheça quantos retornaram aos seus países, sabe-se que, nos meses que antecederam sua derrota na Síria e do Iraque, o EI deu poderes a alguns de seus membros, criando células adormecidas em seus Estados de origem.

As autoridades russas alertaram para os riscos associados ao retorno dos jihadistas, especialmente na Rússia, uma vez que o seu Exército lançou uma intervenção militar em 2015 em apoio ao regime sírio.

Independentemente disso, a Copa do Mundo de 2018 atrai por si própria a atenção de grupos jihadistas, assegura à AFP Pascal Boniface, diretor do Instituto de Relações Internacionais e Estratégicas (IRIS) de Paris, um especialista em geopolítica do futebol.

"O risco terrorista existe agora para todas as competições esportivas globais. São eventos que atraem as câmeras e, portanto, os terroristas", diz. "A intervenção russa na Síria é um fator agravante, mas não é o que cria o problema", explica.

"Alvos fáceis"

Bonifácio lembra que as medidas de segurança foram draconianas durante a Eurocopa de Futebol de 2016 na França ou nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro em 2016.

"Hoje, toda vez que um evento esportivo global é realizado, o orçamento mais importante é o da segurança", aponta o especialista.

As ameaças do EI ou de seus simpatizantes, publicadas com poucos cliques, não custam nada, mas geram custos de segurança de dezenas ou até centenas de milhões de dólares.

Com 64 jogos em 12 estádios de 11 cidades russas, "não vão faltar 'alvos fáceis' que poderiam ser atacados, enquanto os locais oficiais se tornarão 'alvos difíceis', protegidos por várias camadas de segurança", indica o relatório do CTC.

Em Moscou, as autoridades acreditam poder evitar qualquer ataque. Os Jogos Olímpicos de Inverno em Sochi, em 2014, transcorreram sem nenhum incidente, lembram.

"Nosso dispositivo de segurança prevê todas as ameaças possíveis, todos os riscos", assegurou recentemente Alexei Sorokin, diretor do Comitê de Organização da Copa. "Tudo está sob controle e espero que possamos encontrar um bom equilíbrio entre conforto e segurança", disse ele.

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