Familiares de vítima da Chapecoense vão à Bolívia por indenização (Paulo Whitaker/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 21 de janeiro de 2017 às 08h47.
Última atualização em 21 de janeiro de 2017 às 09h01.
Chapecó - A Chapecoense faz neste sábado (21) a transição do passado recente e triste, marcado pela tragédia aérea, ao futuro renovado e de esperanças. Com homenagens aos mortos no acidente em novembro e depois com amistoso contra o Palmeiras, às 16h30, na Arena Condá, em Chapecó (SC), o time catarinense abre a temporada de reconstrução do elenco.
Os dois times se reencontram dois meses após a marcante partida no estádio Allianz Parque. O encontro em São Paulo deu ao Palmeiras o título do Campeonato Brasileiro e foi uma triste marca para a Chapecoense, pois no dia seguinte o elenco acabou dizimado durante a viagem para a Colômbia, onde iria jogar a final da Copa Sul-Americana.
As tamanhas condições excepcionais da partida, que terá toda a renda revertida ao clube catarinense, levaram à montagem de uma programação diferente. Uma hora antes do jogo terá início uma cerimônia. As viúvas de atletas e integrantes da antiga comissão técnica entrarão em campo para receber as medalhas pelo título da Sul-Americana. O ponto alto será a presença dos três jogadores sobreviventes. O goleiro Jackson Follmann, que continua internado no hospital, ganhou uma liberação especial do tratamento para se recuperar da amputação na perna direita e irá de cadeira de rodas.
O zagueiro Neto, capitão do ano passado, vai erguer a taça de campeão. "Era um jogo que a cidade estava precisando. Foi uma coisa mundial. Esse jogo vale muito para a Chapecoense, para cidade, para os familiares", disse nesta sexta-feira o lateral-esquerdo Alan Ruschel, outro sobrevivente.
A torcida fez fila nesta sexta-feira na porta do estádio para comprar os ingressos. Até o fim da tarde, mais de 12 mil haviam sido vendidos. A expectativa do público é para conhecer os 22 novos contratados da equipe. Os reforços serão apresentados nome a nome antes do jogo.
A partida é o único teste do time antes de começar a disputar as competições oficiais. Já no meio de semana tem compromisso em casa contra o Joinville, pela Copa da Primeira Liga. O técnico Vágner Mancini reconheceu ontem que a remontagem da equipe foi um trabalho não somente esportivo. "Eu andava pelas ruas e fui abraçado por duas senhoras e elas me falaram dos heróis que se foram. Ficou uma lição pra mim de que nós estamos sendo o divisor de águas não pra um clube, mas para uma cidade", afirmou.
A equipe fez o último treino na manhã desta sexta-feira com a presença de torcedores e com a cobertura de veículos de comunicação de nove países.
O time alviverde terá a estreia de Felipe Melo no amistoso. Principal contratação do time, o volante teve a escalação confirmada pelo técnico Eduardo Baptista, outro estreante do clube. O elenco não terá a força máxima, já que alguns jogadores ficaram em São Paulo para aprimorar a forma física, entre eles Michel Bastos, Willian e Guerra.
Moisés, Lucas Barrios, Edu Dracena, Vitor Hugo e Mina também serão poupados no amistoso. "A ideia é botar um time em cada tempo, com exceção dos dois zagueiros. O Vitor (Hugo) e o Edu (Dracena) precisam de um trabalho maior na parte física. O Antônio Carlos e o Thiago Martins vão até onde puderem ir. Estou levando o Vitão, da base, e o Thiago Santos pode fazer para mim essa função se precisar", disse o técnico, em entrevista coletiva.