Versão Dark tem detalhes pintados de preto e rodas de liga leve (Royal Enfield/Reprodução)
Gabriel Aguiar
Publicado em 14 de setembro de 2022 às 10h00.
Última atualização em 14 de setembro de 2022 às 10h42.
Não fosse pela Royal Enfield, os fãs de motos com estilo clássico teriam apenas duas alternativas: comprar modelos usados ou subir de degrau para marcas como Harley-Davidson e Triumph. Não por acaso, a marca já superou as vendas de 2021 – e bate recordes consecutivos há cinco anos. Para seguir essa boa fase, a aposta será a nova Classic 350, que custa 18.490 reais (ou seja, mais barata que o “popular” scooter Yamaha N-Max, de 19.690 reais).
VEJA TAMBÉM
Para quem não está acostumado ao universo das motos, a novidade pode parecer uma restauração caprichada. E isso acontecia na geração anterior, que chegou por aqui em 2016, com a estreia da Royal Enfield no mercado brasileiro. Mas não há comparações além do estilo, já que toda estrutura e motorização vem da recém-lançada Meteor 350, considerado o produto mais moderno da empresa até então. Para melhorar, a Classic 350 é ainda mais barata que a “irmã”.
É claro que não existem milagres nos cortes de custos, mas a boa notícia é que eles não ficam tão aparentes na estreante. E, para falar a verdade, duvido que seu vizinho de garagem dará atenção às soldas irregulares em vez de elogiar o chamativo tanque cromado ou todos os detalhes de acabamento que dariam inveja a qualquer modelo atual cheio de plásticos. Para ter ideia, os paralamas são de metal e até o escapamento teve atenção especial.
De um lado, o sucesso nas lojas (que já rendeu até um plano de expansão das concessionário) indica uma boa receptividade do público; do outro, a Royal Enfield ainda precisa reverter a imagem dos primeiros modelos que desembarcaram aqui – que tinham desenho diferenciado, mas mecânica antiga. Desta vez, não existe problema de vibração excessiva e o motor já não exige adaptações para a pilotagem.
No esse primeiro contato da CASUAL Exame com a Royal Enfield Classic 350 nas estradas da serra capixaba, antes mesmo do lançamento oficial, a novidade chamou atenção pelo bom comportamento na estrada. Claro que não é uma custom de alta cilindrada e nem tem a força das big trail: aqui, a proposta é completamente diferente e parece pensada para divertir mesmo no dia a dia de grandes cidades, com trânsito e pouca velocidade.
Antes de descrever a experiência, lá vai um pouco de "engenheirês" para apresentar as características da estreante, que tem motor monocilíndrico com 349 cm³, sistema de arrefecimento a ar – que, na prática, reduz os custos para manutenção – e injeção eletrônica, sempre com câmbio manual de cinco marchas. E o resultado são 20,2 cv de potência e 2,7 kgfm de torque, além de consumo estimado acima dos 30 km/l.
É muito fácil se acostumar à clássica de entrada. Não há traquitanas como controle de tração e todos os botões estão à mão sem complicações. Mas a lista de equipamentos não deixou a segurança de lado e todas as versões têm freios a disco em ambas as rodas e sistema de ABS. Também devia vir com o GPS que equipa outras motos da empresa (batizado Tripper), só que o equipamento acabou fora devido à crise atual de semicondutores.
Para aventureiros de primeira viagem, a boa notícia é que a posição é baixa e pessoas com mais de 1,70 m podem pisar no chão sem equilibrio na ponta dos pés. Além disso, a Classic 350 parece mais leve que realmente é, o que evita problemas na hora de manobrar ou até mesmo parar no semáforo. Para quem já está acostumado às motos, a estreante conquista pela estabilidade e agilidade, mesmo na estrada.
É verdade que a novidade é fabricada na Índia, mas isso é mero detalhe, porque a marca é inglesa (criada há 120 anos) e isso se reflete na essência mais "contemplativa", pensada para passeios tranquilos e sem os "excessos de esportividade" das marcas japonesas. É praticamente o que acontece com a Volvo, por exemplo, que pertence à chinesa Geely e produz na Ásia sem perder a identidade sueca.
Se a intenção é viajar acompanhado, a Royal Enfield tem banco de garupa confortável e novos apoios para mão. Mas, se a ideia é aproveitar sozinho (ou favorecer o estilo), é só soltar dois parafusos para tirar o banco traseiro. Como personalização é um dos focos da marca, a novidade também chega com catalogo de acessórios que vai de bagageiros a parabrisas. E, neste sentido, a empresa oferece até linha de roupas personalizadas.
Talvez um bom produto já seria capaz de garantir o sucesso no mercado, só que a empresa também garantiu uma pitada a mais de racionalidade aqui: todos os modelos ganharam revisões com preço fixo e tabelado. Em 30 mil quilômetros (ou três anos, o que vier primeiro), o custo estimado é abaixo de 2.500 reais. Isso quer dizer que a Royal Enfield tem manutenção mais barata que motos populares, como Honda Twister e Yamaha Fazer.