Condomínio em Valinhos colocou faixa de repúdio contra ofensas racistas (./Reprodução)
Janaína Ribeiro
Publicado em 10 de agosto de 2020 às 15h58.
Última atualização em 10 de agosto de 2020 às 16h37.
O motoboy que foi vítima de injuria racial enquanto fazia uma entrega na porta de um condomínio em Valinhos, e teve o caso amplamente repercutido nos noticiários e programas televisivos, agora ganhou o apoio dos moradores do mesmo condomínio em que foi ofendido. Com uma grande faixa no muro ao lado externo da portaria, os moradores repudiaram o ato de ofensa e humilhação contra Matheus Pires Barbosa.
"O condomínio Bela Vista vem a público repudiar o ato de discriminação ocorrido em sua área comum. Neste ato, informamos que o corpo diretivo e seus moradores não compactuam com a atitude do cidadão em questão", diz a faixa.
Na sexta-feira, 7 de agosto, um vídeo em que o morador do condomínio ao receber o pedido realizado via aplicativo, dispara ofensas contra o motoboy, como: "você não tem onde morar, você tem inveja dessas famílias deste condomínio, você nunca vai ter isso aqui (apontado para a cor branca do braço), e você é um semi-analfabeto" - teve repercussão nacional. No sábado, o entregador ganhou uma moto de um humorista do SBT, foi entrevistado por Luciano Huck, pelo Fantástico, teve apoio financeiro através de uma vaquinha virtual que arrecadou mais de R$ 150 mil, e uma manifestação com aos menos 100 motoboys em frente ao condomínio onde Matheus foi ofendido.
Na manhã desta segunda-feira, o advogado do motoboy apresentou uma representação criminal por injúria racial contra o agressor. O entregador de aplicativos de serviços de alimentação também prestou depoimento na Delegacia de Valinhos. A defesa de Matheus vai tentar provar que o agressor não estava em surto provocado pela esquizofrenia, como alegou o pai do rapaz, e que essa não foi a primeira vez em que o agressor teria sido grosseiro com ele. Anteriormente, o homem se excedeu devido o motoboy não achar o endereço da residência, e desta vez, porque Barbosa pediu para ele buscar a encomenda direto na portaria.
O IFood - aplicativo de entrega - se pronunciou sobre o caso e confirmou que o usuário foi excluído da plataforma de pedidos. "Baseados nos termos de uso do aplicativo, o IFood descadastrou o usuário agressor da plataforma. A empresa está em contato para oferecer ao entregador apoio jurídico e psicológico", diz a empresa ao mencionar que censura preconceito ou discriminação.