Se existe uma época do ano em que os nutricionistas estão com a agenda cheia é em janeiro. Depois de pular as sete ondas, o brasileiro jura de pé junto que vai encarar uma boa dieta, cheia de frutas e legumes, caminhar mais e entrar na academia.

Porém, para tristeza do nutricionista, esse afã raramente chega ao carnaval. E, quando chega, morre nessa época. Mas por que isso acontece? Por que é tão difícil achar nos 364 outros dias do ano a mesma motivação do dia 1º de janeiro, no momento da promessa?

Para ficar bem claro – eu que adoro listas! –, elenquei três obstáculos que você fatalmente irá enfrentar, e como lidar cada um deles:

Cadê o tempo para atividade física?

Que temos a mania de mentir para nós mesmos, isso não há dúvida. Então pense assim: vou mesmo conseguir ir para a academia após o trabalho, mesmo depois de horas no trânsito? Durante as férias estamos caminhando na praia, com o pé na areia, ouvindo o som do mar. A paisagem na cidade é bem menos motivadora. Dica de ouro: olhe friamente seus horários diários. Qual momento do dia você está mais animado para se exercitar? O local fica perto de casa ou do trabalho? Terei onde tomar banho ou trocar de roupa? Só depois decida por quanto tempo e onde fará o exercício. Estudos dizem que apenas 30 minutos de atividade intensa e moderada por dia pode te salvar de um infarto. Importante: procure um profissional para te ajudar nessa!

Vou melhorar a alimentação

Aqui vai uma dica de milhões: organização. Onze em cada dez dietas falham quando essa palavra não aparece no seu dia-a-dia. Quem irá no mercado e que horas? Se houver algum preparo, quem o fará? Se será você, pense: terá tempo mesmo indo na academia todos os dias? Dica de ouro: escreva tudo o que irá comer a cada dia da semana. E compre contado para todos eles. Se, para você, cozinhar não é uma opção, procure empresas que fazem comidas congeladas – a exemplo de Pratí ou Liv UP. É fácil de esquentar e está sempre à mão. Como costumo dizer, “armário vazio é a desculpa perfeita para pedir pizza e acabar com o foco na dieta”.

Meu psicológico está pronto para isso?

Sem medo de errar, eu diria que esse é o ponto mais periclitante da tríade. Eu mesma já comecei e parei dietas porque minha cabeça não estava convencida 100% de que eu precisava fazer essa privação naquele momento. Quando falamos do excesso de comida, falamos de sentimentos. “Eu mereço” e “É só hoje” são frases que demonstram como a gente não tem controle próprio quando o assunto é algo que pode nos fazer feliz. Dica de ouro: Reflita rápido aí: quais momentos você se perde no foco e quais estratégias para evitar isso? Quando consigo – confesso que não é 100% do tempo –, penso assim: “Essa barra de chocolate me fará feliz por 10 minutos. Mas essas 356 kcal não me deixarão alcançar meu objetivo”. Recomendo sempre: percebe que pensa em comida o dia todo? Um profissional de saúde mental pode te ajudar a entender melhor o motivo disso.

*Lígia Prestes, nutricionista pós graduada em nutrição hospitalar pelo hospital Albert Einstein e mestre em nutrição experimental na Universidade de São Paulo