GWM confirma a produção de dois carros no Brasil: um SUV e uma picape média, ambos modelos híbridos (Oriental Image/Agência Brasil)
Editor de Casual e Especiais
Publicado em 7 de maio de 2023 às 07h00.
Última atualização em 1 de dezembro de 2023 às 10h55.
O mercado automotivo brasileiro não teve muitos motivos para celebrar nos últimos anos, entre fechamentos de fábricas, falta de componentes e vendas estagnadas. A melhor notícia dos tempos mais recentes para o segmento vem de longe, do Oriente. A chinesa Great Wall Motors, ou GWM, deu detalhes no fim de abril de como será o investimento por aqui.
A GWM promoveu dois eventos na mesma semana na fábrica de Iracemápolis, no interior de São Paulo, para anunciar as novidades. O primeiro foi com o governador de São Paulo Tarcísio de Freitas, sobre investimento em hidrogênio. O segundo foi com o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, para falar de plano de produção.
Pelo porte de investimento, capacidade de produção e aposta em energias renováveis, não é exagero dizer que a GWM deve liderar a corrida por carros elétricos por aqui nos próximos anos – e dessa forma ajudar na transformação do mercado automotivo brasileiro. Acompanhe.
A GWM Brasil realizou um evento para divulgar como será a operação da sua fábrica em Iracemápolis, no interior de São Paulo. A cerimônia foi conduzida pelo vice-presidente Alckmin e pelo CEO Américas da GWM, James Yang.
O início das atividades da fábrica será no dia 1° de maio de 2024, simbolicamente no Dia do Trabalho. Será a primeira fábrica do Brasil dedicada exclusivamente à produção de veículos híbridos e elétricos e a primeira da GWM no Ocidente – a montadora conta com unidades de operação na China, na Rússia e na Tailândia.
A partir do primeiro semestre de 2023 a planta vai iniciar seu projeto de modernização e ampliação da linha de montagem, para possibilitar a produção de veículos com um alto nível de conectividade e eletrificação e também um aumento da sua capacidade instalada.
“A neoindustrialização do Brasil passa necessariamente pela descarbonização e pela inovação, pela criação de meios de produção mais sustentáveis e eficientes. Há uma sinergia entre este projeto de desenvolvimento de tecnologia da indústria automotiva brasileira conduzido pela GWM e o pensamento do governo brasileiro”, afirmou Alckmin.
Os planos da autotech brasileira preveem que a fábrica de Iracemápolis terá sua capacidade ampliada dos atuais 20.000 veículos por ano para o limite de 100.000 unidades anuais, o que vai possibilitar a geração de aproximadamente 2.000 empregos diretos.
É bastante coisa. No ano passado foram emplacados no total pouco mais de 3,6 milhões de carros no Brasil. Além de suprir a demanda do mercado nacional por carros mais modernos, conectados e eletrificados, o aumento da capacidade produtiva da GWM tem também como objetivo fazer da unidade de Iracemápolis um polo de exportação de veículos eletrificados para toda a América Latina.
“Esse é mais um passo importante da história da GWM no Brasil, com o anúncio do início das operações da sua fábrica em Iracemápolis, cujos veículos híbridos, com gasolina e etanol, estarão à disposição dos consumidores brasileiros e da América Latina a partir do próximo ano”, disse James Yang.
Os recursos necessários para a ampliação da fábrica, contratação de colaboradores e início da produção fazem parte do plano de investimento de 10 bilhões de reais que a GWM destinou para a operação brasileira, com prazo de duração de dez anos, anunciado pela GWM em janeiro de 2022.
A notícia que interessa diretamente ao consumidor brasileiro é que carro ele terá como opção de compra. No evento da fábrica de Iracemápolis foi confirmada a produção de dois veículos: um SUV e uma picape média, ambos modelos híbridos, que vão compartilhar a mesma plataforma e motorização.
Os dois veículos deverão ser exportados para toda a América Latina e já estão sendo desenvolvidos especialmente para adequar seus projetos às preferências do consumidor brasileiro e às condições de rodagem do território nacional, principalmente seus sistemas de motorização, suspensão, direção e conectividade.
A picape foi até apresentada no evento. Vai se chamar Poer (pronuncia-se “póuer”). O carro foi exibido aos jornalistas e autoridades presentes com uma camuflagem parcial, indicando que já teve início a fase de desenvolvimento de projeto para atender à legislação do país e às exigências do mercado local.
Quando for lançada comercialmente, a GWM Poer será a primeira picape híbrida produzida no Brasil. A montadora também confirmou que o modelo será flex, podendo ser abastecido com etanol para reduzir ao máximo sua pegada de carbono. A picape Poer será também o primeiro veículo flex do mundo desenvolvido pela GWM.
A montadora terá apenas SUVs e picapes eletrificados e conectados. O primeiro modelo comercializado no Brasil é o SUV híbrido Haval H6, atualmente em fase de pré-venda e suportado pela inauguração dos 50 pontos de venda e serviços da GWM Brasil, que será feita ao longo deste ano.
A Haval H6 chega em três versões: a de entrada, HEV; a intermediária, PHEV: e a topo de linha esportiva, GT PHEV. As primeiras unidades começam a ser entregues para os clientes, já que os lotes iniciais atracaram no Brasil antes do previsto.
No total, 1.409 unidades foram comercializadas na pré-venda.
O governador Tarcísio de Freitas anunciou os planos da GWM para dar início à introdução de sua tecnologia de mobilidade a hidrogênio no Brasil, durante evento na fábrica em Iracemápolis.
A solenidade contou com a assinatura de um termo de engajamento entre o governo do Estado de São Paulo e a GWM para promover estudos de viabilidade de uma rota de logística com a utilização de veículos movidos a hidrogênio e a identificação de potenciais parceiros para produção e fornecimento de hidrogênio a partir de fontes renováveis.
Também está previsto o engajamento de universidades paulistas no processo de pesquisa e desenvolvimento (P&D) para novas rotas tecnológicas de descarbonização da mobilidade no estado.
O projeto terá a duração de um ano e contará com o apoio da InvestSP, a agência de promoção de investimentos do governo estadual para mapear e coordenar a interlocução entre os diferentes stakeholders da iniciativa privada e representantes do poder público.
A GWM prevê ainda que todo o hidrogênio que será utilizado no abastecimento dos veículos deverá ser produzido no país utilizando preferencialmente fontes limpas e renováveis. Entre elas, por exemplo, está contemplada a possibilidade de utilização do etanol para a geração do hidrogênio. É ou não uma transformação?