Nicholas Hoult como J. R. R. Tolkien, no filme Tolkien (Fox Searchlight Pictures/Divulgação)
Estadão Conteúdo
Publicado em 20 de maio de 2019 às 16h27.
Às vésperas do lançamento de Tolkien, filme que retrata os anos iniciais da vida de um dos maiores escritores da literatura fantástica, sua obra parece nunca sair dos holofotes. Desde que os Beatles quiseram estrelar um filme de O Senhor dos Anéis na década de 1960 - ideia vetada pelo autor, que desprezava o rock do quarteto de Liverpool e reclamava do barulho de uma banda de garagem de um vizinho -, foram realizadas diversas adaptações bem-sucedidas de seus livros, além de tentativas malfadadas.
Em 1978, cinco anos após a morte de Tolkien, foi lançado um filme em rotoscopia (processo quase artesanal de animação) de O Senhor dos Anéis que até obteve algum sucesso comercial antes de cair no esquecimento e ser resgatado como objeto de culto na internet. Foi, no entanto, com a trilogia dirigida por Peter Jackson e lançada anualmente entre 2001 e 2003 que a obra de Tolkien deslanchou e se estabeleceu de vez no cinema, mantendo até hoje o recorde de Oscars numa saga (17 ao todo, sendo 11 apenas em O Retorno do Rei). A adaptação de O Hobbit por Jackson, lançada entre 2012 e 2014, não conquistou o mesmo reconhecimento de crítica.
Em 2017, a Amazon anunciou a produção de uma série para sua plataforma de streaming, o Amazon Prime Video, baseada no universo de Tolkien. Ainda não há confirmação a respeito da data de lançamento, mas sabe-se que a série abordará um período pouco explorado da mitologia, situada antes dos eventos narrados em O Senhor dos Anéis.
No Brasil, os livros de J.R.R. Tolkien vêm sendo reeditados pela HarperCollins, editora bicentenária que detém os direitos de publicação da obra no exterior desde 1990, quando os adquiriu da Allen & Unwin, que publicou os trabalhos do autor originalmente. Quem publicava os livros da saga até então no País era a WMF Martins Fontes, mas desde 2018 as obras vêm ganhando novas traduções de Ronald Kyrmse e Reinaldo José Lopes.
O projeto teve início com a publicação de Beren e Lúthien e A Queda de Gondolin, duas versões inéditas de contos presentes em O Silmarillion, editados por Christopher Tolkien (filho do autor), com um processo de curadoria e ensaios explicativos para situar o leitor entre as várias versões de cada história - Tolkien escrevia e reescrevia diversas vezes suas narrativas, às vezes com mudanças profundas, e seus manuscritos bagunçados refletiam o caos de seu processo criativo, o que torna essas edições importantes para a compreensão geral de seu universo fictício. Além dessas obras, a biografia do autor Humphrey Carpenter ganhou cara nova e O Dom da Amizade, de Colin Duriez, que analisa a relação entre Tolkien e C.S. Lewis, foi publicado no Brasil. Em 2019, O Silmarillion ganhou uma nova tradução e O Hobbit deve chegar em julho às prateleiras. A reedição da obra máxima do autor, O Senhor dos Anéis, deve ser lançada só em novembro.
Vale lembrar que, em 2014, o videogame Middle-earth: Shadow of Mordor, que se passa na Terra-média, foi eleito jogo do ano, e a obra de Tolkien segue ganhando releituras e adaptações em diversas mídias. O filme biográfico de Dome Karukoski, portanto, soma-se a uma mitologia que não para de se expandir.