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Com quarentena, público muda consumo de músicas e podcasts

Novo estudo da Deezer mostra que consumidores ouvem mais rádio e podcast e mudam horários para ouvir música

Música: consumo muda diante da nova rotina da quarentena (Westend61/Getty Images)

Música: consumo muda diante da nova rotina da quarentena (Westend61/Getty Images)

Guilherme Dearo

Guilherme Dearo

Publicado em 8 de abril de 2020 às 15h43.

Com o período de isolamento imposto no Brasil e em metade do mundo por conta da pandemia do novo coronavírus, pessoas estão mudando seus hábitos e rotinas. Horários mudam, necessidades surgem e desaparecem, a relação com amigos e familiares se transforma. Por exemplo: o isolamento, criando a necessidade do home office e do ensino a distância, fez com que apps de videoconferências e reuniões fossem alguns dos mais baixados em março.

Outra mudança se deu no consumo de TV paga. Com mais pessoas em casa, a audiência da TV a cabo no Brasil cresceu 19%. Até a audiência do Big Brother Brasil 20 colheu frutos com milhões de pessoas confinandas em casa à noite.

Agora, um novo estudo da plataforma de streaming Deezer mostra como o consumo de áudio está mudando em tempos de quarentena. O levantamento foi feito entre 2 e 22 de março, no Brasil em países estrangeiros (Itália, França).

Música agora é mais tarde

Uma mudança se deu no horário de pico do consumo de streaming Deezer. Segundo o estudo, antes o pico era às 7h, horário em que a maioria das pessoas está no caminho para o trabalho - portanto, consomem músicas e podcasts com fone de ouvido no metrô, no ônibus, na rua. Em março, com a quarentena em vigor, o pico passou para a faixa das 9h e 10h. Ou seja, as pessoas começam a escutar música quando já começam o trabalho em home office, ou os estudos.

O perfil de consumo de música por dias da semana também mudou. Se antes a sexta-feira era o dia de maior volume de músicas escutadas, agora todos os dias da semana estão na mesma faixa de volume. E o fim de semana à tarde, que antes não apresentava volume de consumo (as pessoas estavam no bar, no cinema, no parque), agora apresenta.

Músicas para animar e para acalmar em alta

Playlists que dialogam com o humor das pessoas durante a quarentena (que podem estar ansiosas, solitárias, mais tristes) também se destacaram no estudo. Playlists mais animadas ou para manter a calma estão sendo mais buscadas na plataforma, como uma maneira de superar a melancolia dos dias de confinamento.

Dentro do canal "Vida em Casa", lançado para a quarentena, a reprodução da playlist "Mellow Days" cresceu 335%. "Feel Good" se tornou a segunda mais ouvida do mundo e "Happy Hits" cresceu 53% globalmente. No Brasil, "Calmaria" cresceu 267%. "Slow-Fi", que estimula o relaxamento, cresceu 271%.

Mais rádio, mais podcast

A necessidade de ouvir mais rádio, de modo a se manter informado, fez com que o consumo de rádio na Deezer crescesse globamente 19% nas últimas duas semanas. Podcasts também começaram a ser mais ouvidos, principalmente aqueles que têm como tema crianças, esportes e meditação. Os podcasts de conteúdo infantil viram aumento de consumo de 218%. Os de treinamento esportivo cresceram 194%, enquanto os de meditação cresceram 132%.

Modo de usar

O jeito de usar a plataforma de streaming também mudou. Se antes as pessoas escutavam música no smartphone, a caminho do trabalho, agora o uso passou para os aparelhos domésticos, como Chromecast (aumento de 102% no uso no Brasil), Xbox (60% a mais) e Amazon Alexa (20% a mais).

Tendências

Segundo Aurélien Hérault, diretor global de Dados e Pesquisa da Deezer, há três tendências de curto prazo que vão se consolidar no período de quarentena, que deve ainda se extender por muitas semanas no mundo:

  • Menos aposta no uso dos smartphones e mais no uso dos aparelhos domésticos; isso deve ficar ainda mais claro nos mercados europeus;
  • Após leve queda na primeira semana de quarentena, devido ao "choque" da nova realidade e da mudança de rotina, a tendência é que o uso de streaming aumente e volte a patamares normais;
  • Podcasts de assuntos como culinária, cultura e condicionamento físico permanecerão em alta.

Para Marcos Swarowsky, diretor geral da Deezer para a América do Sul, alguns hábitos surgidos na quarentena vão permanecer após tudo voltar ao normal, como o consumo maior de podcasts. "Claro que será uma nova mudança de rotina, e é provável que os picos mais matinais também voltem com a normalização da rotina. Mas as pessoas que passaram a ouvir mais podcasts, por exemplo, vão continuar ouvindo, assim como os picos de sábado a tarde podem virar rotina na vida das família, ouvindo música na TV, no Chromecast e em outros aparelhos", analisa.

O período em casa também pode criar novos consumidores e clientes. "Imagine o adolescente que sai de casa com o fone de ouvidos, liga sua música e vai embora. Em isolamento social ele está com essa música ligada em casa, com o pai, mãe, avós e irmãos mais novos que talvez não conhecessem o aplicativo ou não tinham o hábito de usar e passam a ter contato mais direto. A possibilidade deles também virarem um usuário cresce", diz Swarowsky.

A Deezer, além de criar o canal "Vida em Casa", com conteúdo especial para os tempos de isolamento, criou uma promoção que dá três meses grátis, em qualquer plano, para novos usuários. "Acredito que colheremos resultados após a pandemia, mas o foco agora é alcançar o máximo de gente possível com empatia", completa.

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