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Com preços de até R$ 54 mi, mercado de iates tem fila de espera no país

Segundo a Acobar, apenas o segmento que engloba barcos de esporte e recreação de fibra de vidro de 16 a 100 pés faturou R$ 2 bilhões em 2021, alta de 25% em relação a 2020 (R$ 1,6 bilhão)

Azimut Grande 27 Metri: o iate custa US$ 10 milhões de dólares. (Azimut/Divulgação)

Azimut Grande 27 Metri: o iate custa US$ 10 milhões de dólares. (Azimut/Divulgação)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 9 de janeiro de 2023 às 08h22.

Quem decidir comprar um megaiate 27 Metri, da marca italiana Azimut, além de desembolsar pelo menos R$ 54 milhões (preço inicial da embarcação), precisa de uma boa dose de paciência: a fila de espera por uma embarcação dessas - que está entre as mais caras e luxuosas do Brasil - chega a dois anos. No entanto, preço e prazo de entrega não têm afugentado clientes. Para se ter uma ideia, desde 2020, quando o 27 Metri foi lançado no País o estaleiro já vendeu 12 unidades da embarcação, sendo que quatro clientes ainda aguardam a entrega.

O nome completo Azimut Grande 27 Metri já é uma descrição literal das dimensões da embarcação, considerada um “megaiate”. No Brasil, iates a partir de 24 metros (cerca de 80 pés) recebem o prefixo “mega”. É em um modelo desses que o jogador português Cristiano Ronaldo descansa seus pés.

Com 27 metros de comprimento e cerca de 350 m² de área total (incluindo os espaços externos), o 27 Metri tem cinco suítes, com movelaria e ambientes assinados por renomados designers e arquitetos italianos. A área de popa (parte traseira) tem churrasqueira e deck móvel, que desce até o nível da água, para criar uma “praia” particular. O flybridge (deck no terceiro pavimento) tem bar, área gourmet, posto de comando secundário e até opção de jacuzzi. O megaiate dispõe de garagem para motos aquáticas ou pequenas embarcações, além de duas cabines com banheiros e área para refeições da tripulação. A construção do casco emprega fibra de carbono (mesmo material utilizado em carros de Fórmula 1), o que garante rigidez estrutural e baixo peso.

Assim como a Azimut Yachts, marca que se estabeleceu no Brasil em 2010, de olho no potencial do mercado, outros estaleiros também verificaram aumento de demanda, impulsionada pela pandemia. A menos de 10 km da Azimut, em Itajaí, no litoral de Santa Catarina, a Okean Yachts abriu um segundo turno de produção no segundo semestre de 2022, para elevar a produção e diminuir o tempo de entrega. De acordo com o CEO do Grupo Okean, Roberto Paião, funcionando das 6h às 22h, a expectativa é chegar a produzir 60 embarcações por ano.

Segundo a Associação Brasileira dos Construtores de Barcos e Implementos (Acobar), apenas o segmento que engloba barcos de esporte e recreação de fibra de vidro de 16 a 100 pés faturou R$ 2 bilhões em 2021, alta de 25% em relação a 2020 (R$ 1,6 bilhão).

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Isolado no mar

“A pandemia trouxe a visão de que o mar é um lugar seguro. Pessoas que nunca tiveram barco passaram a usá-lo como se fosse um apartamento na praia”, afirma Paião, acrescentando que 30% de sua clientela atual está adquirindo a primeira embarcação. Ele diz que, durante o período de isolamento social, na fase mais severa da crise sanitária, muitas famílias passaram a viver em barcos, atracados em marinas ou não, e esse movimento impulsionou o que ele chama de “economia do mar”, que envolve uma ampla cadeia de força de trabalho em estaleiros, marinas e nas próprias embarcações.

O estaleiro Okean mudou-se de São Paulo para Itajaí no começo de 2021, e desde então tem passado por um crescimento constante. Dos 40 funcionários iniciais, saltou para 330 este ano e, de acordo com Paião, o plano é alcançar 400 empregados no final de 2023, numa gama de especialistas que inclui engenheiros navais, mecânicos, marceneiros, tapeceiros e eletricistas, entre outros. A planta original, com 4 mil m², foi ampliada para 10 mil m² cobertos.

A venda antecipada, a propósito, é uma característica desse segmento. O cliente paga e entra na fila. Dificilmente há um barco novo em estoque. Como exemplo, de acordo com fontes, até mesmo o barco mais caro exibido na edição 2022 do São Paulo Boat Show, realizada em setembro - o megaiate Intermarine 24M -, avaliado em cerca de R$ 36 milhões, já estava vendido.

O CEO da fabricante Armatti, Fernando Assinato, destaca outra tendência. Além do crescimento de vendas em números absolutos, ele revela que os barcos mais procurados são os maiores. “O mercado está para barcos grandes”, afirma. Embora a linha da Armatti tenha modelos de 26 a 52 pés, Assinato diz que em 2021 fez mais de 20 barcos entre 39 e 42 pés, e apenas dois de 26 pés.

Para elevar a capacidade, o estaleiro localizado em São José, também em Santa Catarina, ampliou as instalações de 5,9 mil m² para 9 mil m². E Assinato revela que já tem um terreno de 10 mil m² reservado para futura ampliação. Atualmente, são 140 funcionários (dos quais 60 contratados recentemente), mas o CEO planeja abrir mais 60 vagas.

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