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Com apenas 11 anos, Leipzig surpreende na Liga dos Campeões

Surpresa da Champions League, clube alemão de apenas 11 anos virou exemplo do projeto da Red Bull no futebol e chega à semifinal diante do PSG

Jogadores do RB Leipzig treinam em Lisboa, antes da semifinal da Liga dos Campeões (17/8/2020) (Julian Finney - UEFA/Getty Images/Getty Images)

Jogadores do RB Leipzig treinam em Lisboa, antes da semifinal da Liga dos Campeões (17/8/2020) (Julian Finney - UEFA/Getty Images/Getty Images)

Guilherme Dearo

Guilherme Dearo

Publicado em 18 de agosto de 2020 às 10h31.

Última atualização em 18 de agosto de 2020 às 10h33.

Das quatro equipes que ainda continuam na briga pelo título da Liga dos Campeões da Europa de 2020, o RB Leipzig é a grande surpresa da competição e também uma das que apresenta o melhor desempenho atualmente. Com os ótimos resultados em campo nesta temporada, o time da Alemanha, que foi fundado há apenas 11 anos, se tornou um exemplo de sucesso do projeto da empresa austríaca Red Bull no futebol. A marca de bebidas energéticas tem clubes em quatro países, incluindo o Brasil, e aposta principalmente em jogadores jovens com potencial para crescer.

Nesta terça-feira (18), às 16h (horário de Brasília), o surpreendente Leipzig vai encarar o time milionário do Paris Saint-Germain, de Neymar, Mbappé e companhia, pela semifinal da Champions League, em partida única no estádio da Luz, em Lisboa. São nomes ainda pouco conhecidos internacionalmente como Nkunku, Dano Olmo, Sabitzer e Upamecano que têm o desafio de ampliar ainda mais a história deste clube que nasceu apenas em 2009 e saiu da quinta divisão alemã para disputar uma vaga na final do principal torneio europeu.

“Queremos chegar longe e já o fizemos, mas precisamos de ter cuidado e não deixar que o ataque do PSG mostre a sua qualidade. Somos uma equipe capaz de criar ocasiões. O PSG é um clube de topo, mas temos capacidade para causar estragos. Estamos felizes, mas ainda queremos dar mais passos e os jogadores estão preparados”, afirmou o técnico Julian Nagelsmann, de 33 anos.

Anúncio do RB Leipzig em Lisboa: semifinal da Champions League diante do PSG

Anúncio do RB Leipzig em Lisboa: semifinal da Champions League diante do PSG (Divulgação)

O jovem treinador alemão é há dois anos o responsável por comandar o Leipzig, fundado em 19 de maio de 2009. Na época, a Red Bull comprou o SVV Markranstädt, equipe que estava na quinta divisão do país. Desde então, foram dois títulos conquistados, na quinta e quarta divisão, além dos acesso na terceira e segunda divisão, até chegar à elite na Bundesliga em 2016. Na primeira divisão, a equipe foi vice-campeã logo na primeira temporada em 2017 e garantiu vaga na Champions League. Em 2019/2020, chegou a liderar o Campeonato Alemão por várias rodadas, mas caiu para a terceira posição depois da paralisação da pandemia do coronavírus. Mesmo assim, assegurou classificação pela terceira vez para a próxima Liga dos Campeões. Uma das revelações, o atacante Timo Werner, foi recentemente vendido ao Chelsea com status de craque.

A trajetória do Leipizg, no entanto, gera polêmica na Alemanha. Formado pela empresa com uma visão corporativa, o time é alvo de ódio de muitas pessoas por ir contra a cultura esportiva no país. As regras alemãs também não permitem que um patrocinador seja o nome de um clube antes de 20 anos de parceria. Por isso, ao invés de se chamar Red Bull Leipzig, o time aproveitou as iniciais da marca e adotou o RasenBallsport Leipzig ou RB Leipzig, que na tradução significa “Esportes com bola no gramado Leipzig”.

O investimento da empresa austríaca no Leipzig aumenta a cada ano e, segundo o site especializado Transfermarkt, foi gasto um total de 165,7 milhões de euros em contratações nesta temporada. Como base de comparação, só por Neymar o PSG pagou 222 milhões de euros para comprá-lo do Barcelona. Mas antes de conseguir este destaque com o atual semifinalista da Champions League, a Red Bull também fez outras apostas e obteve retorno.

Investimentos também na Áustria, EUA e Brasil

O primeiro investimento foi em 2005 no Red Bull Salzburg, da Áustria, sede da empresa. Até então, a equipe tinha conquistado apenas três campeonatos nacionais. Depois, foi campeã por dez vezes do Campeonato Austríaco, sendo seis títulos consecutivos, e ainda ganhou seis Taças da Áustria. No cenário europeu, depois de quase entrar na fase de grupos da Liga dos Campeões, o clube chegou à semifinal da Europa League de 2018 e revelou o jovem atacante norueguês Erling Haaland, depois contratado pelo Borussia Dortmund.

Nos Estados Unidos, a marca de bebidas energéticas aposta desde 2006 no New York Red Bulls, antigo New York MetroStars, para fortalecer seu nome no mercado. Apesar de ainda não ter conquistado nenhum título da MLS (Major League Soccer), o time tem bastante popularidade no país e já contou em campo com estrelas internacionais como o brasileiro Juninho Pernambucano, o alemão Lothar Matthäus e o francês Thierry Henry.

Atualmente, no Brasil é o Bragantino quem se aproveita do dinheiro e da estrutura proporcionada pela Red Bull desde 2019. Mas antes disso, em 2007, a empresa criou praticamente do zero o Red Bull Brasil, que conseguiu vários acessos no futebol paulista, foi promovido à primeira divisão de São Paulo em 2015 e revelou atletas promissores. Porém, o clube nunca conseguiu atingir o nível esperado. Com isso, a fusão ao tradicional Bragantino é desde o ano passado a nova estratégia da multinacional austríaca no país. O investimento de cerca de R$ 50 milhões rendeu o título da Série B do Brasileiro logo na primeira temporada e a contratação de promessas como Artur, ex-Palmeiras, Matheus Jesus, ex-Corinthians e Alerrandro, ex-Atlético-MG.

Exposição em Lisboa

Com o Leipzig nas semifinais da Liga dos Campeões da Europa e a um passo da grande decisão de domingo, contra o vencedor de Bayern de Munique e Lyon, a marca Red Bull está tendo uma grande exposição. É verdade que em outras áreas, como na Fórmula 1 e nos esporte radicais, a empresa austríaca já demonstrou sua força no marketing. Mas no futebol está sendo uma oportunidade inédita.

“O Leipzig é um time que ninguém esperava muita coisa, mas mostrou que um trabalho bem feito dá frutos. Eles ganharam do Benfica na fase de grupos e estão mostrando um excelente futebol mesmo contra clubes considerados maiores. Entendo algumas críticas de quem é mais tradicional e não concorda com empresas investindo milhões em alguns clubes, mas o mundo moderno dá espaço pra isso”, opinou o torcedor português André Gomes.

Nas ruas de Lisboa, o clube alemão foi o único entre os oito que se classificaram para as oitavas-de-final que colocou propagandas em pontos estratégicos da cidade. Em vários cartazes espalhados em paredes e pontos de ônibus, a imagem de jogadores com a camisa do clube, o logotipo da Red Bull e a mensagem: “As tuas cores ainda estão em jogo”. Independentemente do placar da partida desta terça-feira, o resultado positivo alcançado já é algo além das expectativas do clube-empresa.

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