"Leonardo da Vinci: Anatomista" aparece como a maior exposição dos trabalhos anatômicos de Da Vinci, reunindo um total de 87 páginas de seus cadernos e 24 desenhos inéditos (Leonardo da Vinci via Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 30 de abril de 2012 às 13h07.
Londres - Uma coleção de desenhos de Leonardo da Vinci, muitos deles inéditos para o público, será apresentada a partir desta sexta-feira na Queen"s Gallery de Londres, próxima ao Palácio de Buckingham, com objetivo de exaltar a paixão do pintor florentino pela anatomia humana.
"Leonardo da Vinci: Anatomista" aparece como a maior exposição dos trabalhos anatômicos de Da Vinci, reunindo um total de 87 páginas de seus cadernos e 24 desenhos inéditos.
A exposição - que faz parte da celebração dos 60 anos de trono de Elizabeth II, o chamado Jubileu de Diamantes -, seguirá aberta aos visitantes até o dia 7 de outubro.
Quase 500 anos depois da morte de seu autor, que faleceu em 1519, as obras retratam com detalhes órgãos como o cérebro e o coração, a estrutura músculo-esquelético das quatro extremidades humanas (as mãos e os pés), a dissecação de um crânio e o sistema reprodutor.
Entre as obras mais famosas desta mostra, aparece a figura "O feto no útero"(1512), um retrato elaborado com giz vermelho que mostra o útero durante uma gravidez.
"Leonardo da Vinci não era só um artista, mas também um grande cientista. Geralmente, ele é reconhecido apenas como um pintor com interesse pela ciência, mas, a partir destes desenhos, podemos compreender que também era tão bom como cientista como artista", explicou à Agência Efe Martin Clayton, curador da exposição.
Segundo o especialista, os desenhos de anatomia do corpo humano "são os mais detalhados e precisos" de todo o Renascimento e também podem comprovar todo o interesse do artista italiano pela medicina, uma paixão que evoluiu ao longo de sua carreira e é compreendida nas notas manuscritas de cada peça.
Os desenhos também são frutos de uma intensa pesquisa realizada por Da Vinci na Faculdade de Medicina da Universidade de Pavia (Itália), onde realizou uma série de autópsias humanas e de animais.
"Se os resultados destes estudos tivessem sido publicados, teriam se transformado no trabalho mais influente da história sobre o corpo humano. Alguns de seus descobrimentos defendem teses que foram confirmadas centenas de anos depois de sua elaboração", ressaltou Clayton.
Com a morte de Da Vinci, sua coleção anatômica passou para as mãos de seu aprendiz favorito, Francesco Melzi, que, por sua vez, teria repassado ao escultor Pompeo Leoni.
Após a morte de Leoni no século XVII, um único álbum com os desenhos de Da Vinci chegou à Inglaterra e, provavelmente, acabou sendo adquirido pelo rei Carlos II, já que esses desenhos fazem parte da Coleção Real do Palácio de Buckingham desde 1690.