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Cinema Novo, do brasileiro Eryk Rocha, é premiado em Cannes

O documentário fala sobre o movimento cinematográfico nascido no Brasil nos anos 1960.


	Cena do documentário "Cinema Novo"
 (Divulgação)

Cena do documentário "Cinema Novo" (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 21 de maio de 2016 às 12h02.

O documentário "Cinema Novo", de Eryk Rocha, sobre o movimento cinematográfico nascido no Brasil nos anos 1960, ganhou neste sábado o Olho de Ouro no Festival de Cannes, anunciaram os organizadores.

"Cinema Novo é um filme-manifesto sobre a vigência de um movimento cinematográfico quase esquecido dos anos 1960", indicou o júri do prêmio, disputado pelos documentários apresentados em Cannes.

O júri foi presidido pelo cineasta italiano Gianfranco Rosi, vencedor este ano do Urso de Ouro em Berlim com o documentário "Fuocoammare", sobre os refugiados que chegam pelo mar à Europa a partir da África.

O filme brasileiro premiado, de 90 minutos, é um ensaio poético sobre o movimento cinematográfico, e inclui trechos de filmes da época e depoimentos de seus principais expoentes, como Nelson Pereira do Santos, Leon Hirszman, Joaquim Pedro de Andrade, Ruy Guerra, Walter Lima Jr., Paulo César Saraceni e Glauber Rocha, pai do realizador.

Este é o sétimo filme de Eryk Rocha ("Jard", 2013), que, aos 38 anos, produziu, principalmente, documentários.

"Senti necessidade de retornar às raízes cinematográficas do meu país, de olhar um pouco para a história do seu cinema e sua história política, para me perguntar por que faço cinema", explicou Rocha durante uma entrevista à AFP em Cannes. "O Cinema Novo sempre foi uma referência essencial na minha formação e no meu desejo de fazer cinema, foram filmes muito importantes na minha vida."

Segundo o realizador, "era uma forma de produzir um diálogo com outra geração, e o filme nasce a partir deste diálogo cinematográfico".

Exibido na seção Cannes Classics, o documentário mergulha na aventura criativa daqueles diretores que criaram uma nova maneira de fazer cinema, para aproximá-lo do povo, na efervescência dos movimentos de contestação daquela época.

"O Cinema Novo tinha outra ideia de coletividade", explicou Rocha. "Havia projetos coletivos, e isto era muito importante, porque unia as pessoas, apesar da diversidade estética do movimento, com olhares muito distintos dos autores, mas com pontos em comum muito importantes."

Os cineastas deste movimento paralelo à Nouvelle Vague francesa preconizavam uma revolução cultural no Brasil, olhar sua realidade e se comprometer com a mesma.

"O Cinema Novo foi sendo feito à medida que crescia com energia e paixão", lembrou o filho de Glauber Rocha, que acredita que, "hoje, há pouco espaço para a reflexão, para pensar o sentido real da vida e o sentido real de se fazer arte".

"Fazer este filme hoje é me perguntar onde está a paixão do cinema como pensamento, e seu lugar como ação política."

Segundo o júri, "'Cinema Novo' é um ensaio impressionista de um novo estilo, que nos lembra que o cinema pode ser, ao mesmo tempo, político e sensual, poético e comprometido, formal e narrativo, ficcional e documental".

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