A intérprete e compositora Céu. Como fizera antes, ela grava vinhetas efêmeras e bonitas no álbum Caravana Sereia Bloom (Creative Commons/Ariel Martini)
Da Redação
Publicado em 5 de março de 2012 às 11h19.
São Paulo - Arranjos inusitados, experiências sonoras e demais alquimias estéticas só fazem sentido se um disco, em sua essência, tiver canções bem construídas, belas e consistentes. É o que ocorre com o novo álbum de Céu, repleto de melodias, harmonias, ritmos, instrumentações e letras encantadores.
Três anos após Vagarosa, a cantora e compositora paulistana volta a evoluir em Caravana Sereia Bloom, que transparece verdade e entrega. À primeira vista, o título pode soar como uma viagem de hippie chique. Mas não é: traduz com naturalidade o espírito do álbum, como se uma sereia, à frente de sua trupe, saísse por aí soltando a voz enfeitiçante e hipnótica.
À semelhança do que fazia nos trabalhos anteriores, Céu opta por registrar alguns temas-pílula, vinhetas efêmeras e bonitas, como Teju na Estrada, Sereia (dedicada a Rosa, sua filha com o músico Gui Amabis) e Fffree. A produção já não conta com Beto Villares, mas tem novamente Céu e Gui, além de Rica Amabis (na faixa Chegar em Mim, escrita por Jorge Du Peixe).
O álbum ainda traz a excelente banda da cantora, que reúne nomes como Lucas Martins e Bruno Buarque. Entre os instrumentistas convidados, chamam a atenção Pupillo, Lúcio Maia, Dengue, Fernando Catatau, Curumin, Thiago França e Nahor Gomes. Também merecem destaque os coros etéreos do Negresko Sis, trio formado por Anelis Assumpção, Thalma de Freitas e pela própria Céu.
Odair José e Lupicínio Rodrigues
Outro ponto em comum com os dois primeiros CDs são as regravações. A intérprete já havia dado sua cara para Concrete Jungle (Bob Marley) e Rosa, Menina Rosa (Jorge Ben Jor). Agora, imprime sua assinatura em You Won’t Regret It (Lloyd Robinson e Glen Brown) e Palhaço (Nelson Cavaquinho, Oswaldo Martins e Washington Fernandes), que gravou acompanhada por seu pai, Edgard Poças, no violão e no assovio.
Como compositora, ela continua mostrando habilidade. Isso se evidencia em pelo menos quatro canções: Amor de Antigos (setentista e singela), Retrovisor (moderna e, ao mesmo tempo, lupiciniana), Baile de Ilusão (uma joia com ares de Odair José) e Asfalto e Sal (que exibe versos arrebatadores, como “eu vou lhe conservar no sal do meu mar”).
O sambista portelense Argemiro Patrocínio costumava dizer que, em “panela em que muito se mexe, a comida estraga”. Caravana Sereia Bloom segue a receita habitual, com temas simples, burilados na medida certa. Que Céu não demore mais três anos para compartilhar suas belezas.
O Álbum
Caravana Sereia Bloom (Urban Jungle/Universal), de Céu. Produtores: Céu e Gui Amabis. Preço médio: R$ 25