Cerveja: para o Comitê, a rumba cubana é "uma expressão de autoestima e resistência" (Thinkstock/photologica)
EFE
Publicado em 30 de novembro de 2016 às 10h02.
Adis-Abeba - A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco, sigla em inglês) declarou nesta quarta-feira a tradição da cerveja belga e a rumba cubana como Patrimônios Imateriais da Humanidade, informaram à Agência Efe fontes desta instituição.
A decisão foi tomada durante a reunião anual do Comitê Intergovernamental para a Salvaguarda do Patrimônio da Unesco, realizada em Adis-Abeba, na Etiópia.
A Unesco decidiu proteger a tradição cultural da cerveja belga, que envolve os que produzem, desfrutam e promovem a produção artesanal da bebida.
Os analistas reunidos na capital da Etiópia avaliaram a extrema diversidade da arte cervejeira na Bélgica, assim como a intensidade com a qual é consumida e integrada na vida diária e festiva de seus habitantes.
A Bélgica conta com quase 200 fábricas de cerveja que produzem 1.500 tipos diferentes da bebida feita com cevada fermentada, água e lúpulo, muitas delas artesanais e especiais.
No país europeu, a cerveja é submetida a até quatro processos diferentes de fermentação: a espontânea, utilizada na cerveja "lambic" (única na Europa); a alta ou "ale"; a mista, própria das cervejas "tostadas"; e a "baixa" ou "lager", utilizada na modalidade "pilsner".
A declaração da Unesco ressalta que a tradição cervejeira dos belgas, apesar de suas variantes e preferências locais, reforça sua identidade como comunidade, já que é praticada em todo o país.
Em cada província há fábricas, clubes, museus (cerca de 30 em toda a Bélgica), cursos, formação, eventos, festivais e restaurantes dedicados à cerveja.
O Comitê, formado por 24 países signatários do Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio da Unesco, também decidiu incluir a rumba cubana na lista de bens protegidos, pois trata-se de "uma expressão de autoestima e resistência" que contribui para a formação da identidade nacional.
A delegação de Cuba dedicou este reconhecimento da cultura e da identidade cubana a Fidel Castro, líder histórico da Revolução que morreu na última sexta-feira, após dez anos afastado do poder.
"A rumba cubana é uma expressão do patrimônio oral e imaterial em que a tradição e a contemporaneidade coincidem com harmonia", avaliou o Comitê.
A rumba, que surgiu nos bairros pobres das cidades cubanas, está vinculada à cultura africana, mas também possui elementos característicos da cultura antilhana e do flamenco espanhol.
"Por sua natureza integradora e diversidade cultural, (a rumba) se transforma em uma expressão de amplo alcance social", destacou a Unesco.
O Comitê Intergovernamental da Unesco se reúne uma vez por ano para analisar o funcionamento da Convenção e as candidaturas de inscrição em suas listas.
A 11ª reunião do Comitê, realizado na Etiópia, é a quarta organizada no continente africano, após as de Argel (Argélia, 2006), Nairóbi (Quênia, 2010) e Windhoek (Namíbia, 2015).