O técnico Dunga e José Maria Marin, presidente da CBF (REUTERS/Ricardo Moraes)
Da Redação
Publicado em 26 de setembro de 2014 às 08h48.
Rio - Uma troca de e-mails, com direito a réplica do presidente da Comissão de Arbitragem da CBF, Sérgio Corrêa, expôs o mal-estar da entidade com o chefe do Departamento de Arbitragem da Fifa, o italiano Massimo Busacca.
Tudo por causa da polêmica sobre a interpretação de lances que caracterizam "mão na bola" ou "bola na mão" e da enorme quantidade de pênaltis marcados no Campeonato Brasileiro.
Corrêa disse nesta quinta-feira que deixou claro a Busacca que ele criou uma situação desconfortável para os árbitros de futebol do Brasil.
"Eu enviei um correio eletrônico para ele dizendo que não existe critério brasileiro. Que nós estamos seguindo o que os instrutores da Fifa, Jorge Larrionda (uruguaio) e Oscar Ruiz (colombiano), nos passaram recentemente. Ele me respondeu explicando que deu uma resposta genérica para um grupo de jornalistas", contou Corrêa.
"A resposta dele chegou às 5h40 (desta quinta). Depois, eu mandei uma outra mensagem e ressaltei que ele criou uma polêmica totalmente desnecessária e indevida".
O dirigente afirmou que manterá a orientação ao quadro nacional de árbitros de seguir as recomendações dos instrutores da Fifa nos casos em que a bola for interceptada pela mão ou pelo braço de um jogador.
"Se não estiverem colados no corpo (mão ou braço) e isso significar um benefício para o atleta que impediu a passagem da bola, aí a determinação é marcar falta".
O presidente da comissão da CBF estava contrariado com a repercussão do assunto, multiplicada pelas reclamações de dirigentes, treinadores e jogadores quanto a casos recentes em partidas do Brasileirão e também pelas declarações de Busacca.
"Eu não sou moleque, não sou irresponsável de querer inventar uma regra", disse Corrêa, que recebeu o respaldo do presidente eleito da CBF, Marco Polo Del Nero.
Corrêa fez um comentário sobre um lance de São Paulo x Flamengo, disputado na última quarta, no Morumbi. O árbitro goiano André Luiz de Freitas Castro marcou dois pênaltis a favor do time tricolor e um deles, o segundo, foi muito contestado pelos flamenguistas. Em um ataque do São Paulo, a bola bateu na mão do zagueiro Samir (fora da área) e isso determinou a marcação do pênalti.
"Eu tenho de analisar com calma, mas ali está claro que o que se deu ocorreu fora da área. Quanto ao toque na mão, caracteriza, sim, lance faltoso, segundo as recomendações dos instrutores da Fifa".
O dirigente afirmou que a CBF não dispõe dos vídeos apresentados pelos instrutores da Fifa em um curso oferecido em agosto para 72 árbitros brasileiros porque havia lances de campeonatos europeus e de competições internacionais e, por isso, a Fifa quis evitar problemas com direitos de imagem.
"Mas temos 72 testemunhas do que foi apresentado". Ele acrescentou que a intenção inicial da CBF era deixar os vídeos à disposição no site da entidade.
Corrêa voltou a afirmar que a CBF investe bastante no aprimoramento da arbitragem brasileira e que apenas em 2014 já foram realizados mais de 80 cursos para árbitros e assistentes em todo o Brasil.
O dirigente admitiu que a arbitragem do País passa por um momento de transição por causa da aposentadoria de alguns nomes mais conhecidos e a chegada de árbitros que se destacavam apenas em seus Estados. "Há uma safra muito boa de jovens que já estão tendo oportunidades nas principais competições e tendem a evoluir".