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Casa dos sonhos precisou de três arquitetos para ser construída

Uma casa na encosta situada na orla da Enseada Burrard, em West Vancouver, no Canadá, demorou oito anos para ficar pronta e teve a ajuda de três arquitetos

Jack e Araxi Evrensel recoreram a três arquitetos diferentes, Werner Forster, Arthur Erickson e Nick Milkovich (Ema Peter/The New York Times)

Jack e Araxi Evrensel recoreram a três arquitetos diferentes, Werner Forster, Arthur Erickson e Nick Milkovich (Ema Peter/The New York Times)

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Daniel Salles

Publicado em 2 de outubro de 2020 às 06h00.

Última atualização em 2 de outubro de 2020 às 08h54.

Quando você constrói uma casa do zero, há um detalhe que é mais importante do que o concreto, a madeira, o aço ou quase qualquer outra coisa: paciência.

Para Jack e Araxi Evrensel, isso ficou muito claro quando começaram o trabalho em uma casa na encosta de granito íngreme situada na orla da Enseada Burrard, em West Vancouver, no Canadá. Quando a casa foi concluída, eles haviam passado oito anos trabalhando nela, com três arquitetos diferentes.

O casal tentou relevar os atrasos. "Demoramos porque não estávamos com pressa", disse Evrensel, ex-restaurateur que vendeu seus cinco restaurantes de luxo na Colúmbia Britânica em 2014. Embora estivessem ansiosos para ver sua casa dos sonhos construída, tiveram a sorte de poder ficar em sua antiga residência pelo tempo que fosse necessário, e estavam concentrados em fazer tudo certo.

Projeto e construção demoraram oito anos (Ema Peter/The New York Times)

"Tivemos muita sorte em encontrar este lugar. Amei a ideia da beira-mar e a de que a casa estaria incrustrada na rocha pura", comentou Evrensel.

Os Evrensel, que têm 60 e poucos anos, compraram o lote por cerca de 2,5 milhões de dólares canadenses (cerca de US$ 1,9 milhão) em 2004. Para projetar a casa, Evrensel inicialmente recorreu a seu amigo Werner Forster, o arquiteto que havia trabalhado em seus restaurantes.

Tudo foi rápido e a construção começou em 2005. "Ele desenvolveu o projeto até o ponto em que começamos a explodir o solo, já que era tudo rocha", contou Evrensel.

Pouco depois do início das explosões, no entanto, Forster ficou gravemente doente e morreu. Com pouco mais do que uma clareira aberta na rocha, Evrensel pôs o projeto em espera: "Na época, eu não tinha certeza de que a construiria sem ele."

Acabou, porém, procurando outro profissional. Ele admirava o trabalho de Arthur Erickson, um dos arquitetos canadenses mais condecorados da época, e o tinha visto no velório de Forster. Embora Erickson tivesse jantado em seus restaurantes em algumas ocasiões, Evrensel se sentiu intimidado em perguntar ao arquiteto sobre seu projeto pessoal, pois Erickson era conhecido por edifícios famosos como o Museu de Antropologia da Universidade da Colúmbia Britânica e o Museu do Vidro em Tacoma, Washington.

Mesmo assim, ele reuniu coragem para se apresentar a Erickson, que se mostrou imediatamente receptivo à ideia. Eles concordaram que o antigo sócio de Erickson, Nick Milkovich, arquiteto que havia lidado com os projetos residenciais de Erickson antes de abrir o próprio escritório, lideraria o projeto, com Erickson atuando como consultor.

Jack Evrensel em seu terraço em West Vancouver, no Canadá (Ema Peter/The New York Times)

"Quando começamos, não havia nada muito certo. Sabendo que o amigo de Jack estava trabalhando na casa, nós nos perguntamos quanto poderíamos mudar", contou Milkovich.

Durante meses, Milkovich fez uma pequena mudança depois da outra, até que Evrensel deixou claro que queria que seus novos arquitetos tivessem total liberdade criativa. "Ele disse: 'Olha, pessoal, vocês podem fazer o que quiserem. Não considerem nada que tenha sido feito antes como algo precioso.' Ele realmente respeita o trabalho dos arquitetos", disse Milkovich.

Com a promessa de carta branca, Milkovich fez mudanças significativas nos planos com a ajuda de Erickson, projetando uma casa de 650 metros quadrados que parece cair pela rocha em direção à água, com uma série de terraços.

Um estúdio de pintura autônomo com um telhado curvo para Evrensel, que também é artista plástico, está embutido na rocha no topo do local, perto da rua. A garagem e a entrada principal da casa ficam mais abaixo, onde a porta da frente se abre para um salão com vista para uma sala de estar, embaixo. De lá, uma escada desce para a casa principal de três andares. Cada nível conta com paredes de vidro, portas deslizantes e terraços longos voltados para a água. Um sistema de bomba oceânica em loop fornece aquecimento e resfriamento com baixo consumo de energia.

O concreto está em toda parte, por dentro e por fora, mas os arquitetos trataram o material para lhe dar um aspecto mais terroso. "A superestrutura dos níveis superiores é levemente jateada para amenizar o brilho natural", revelou Milkovich.

As paredes inferiores de concreto foram marteladas para garantir mais textura no ponto em que se encontram com o granito. Com os telhados verdes e as plantas exuberantes na beirada de cada terraço, a casa "se acomoda no local, e parece ser parte da terra, em vez de algo que surge dela", segundo Milkovich.

No interior, os arquitetos adicionaram tetos de tsuga, pisos de calcário tunisiano e carpintaria de carvalho branco na cozinha e nos banheiros para aquecê-los visualmente, porque suas paredes são de concreto.

Depois de atrasos na licença e de um longo período de construção, a casa foi concluída em 2012, a um custo de cerca de 4,5 milhões de dólares canadenses (cerca de US$ 3,4 milhões). Mas, quando foi concluída, os Evrensel já haviam perdido outro arquiteto: Erickson morreu em maio de 2009.

Evrensel contou que se sente afortunado por ter tido a contribuição de tantos pensadores criativos, apesar de todas as perdas e dos contratempos. "Todos têm sua influência. Werner posicionou a casa no terreno. Arthur lhe deu ritmo, com as colunas e as varandas. Mas ela é 90 por cento Nick Milkovich – ele projetou e criou os espaços", comentou a respeito dos arquitetos.

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