Quando voltou à Europa continental, Voltaire levou consigo o empirismo, que depois constituiu a base do Iluminismo (Baquoy/Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 20 de janeiro de 2012 às 12h57.
Londres - Uma coleção de 14 cartas do escritor francês François Marie Arouet, mais conhecido como Voltaire, não descobertas até o momento lançam luz sobre as estreitas relações do autor com a aristocracia inglesa.
As mensagens, encontradas pelo professor da Universidade de Oxford Nicholas Cronk, representa um avanço na compreensão dos filólogos sobre as influências que Voltaire teve durante seus anos na Inglaterra e de como foram criadas suas obras, informa nesta sexta-feira a 'BBC'.
Em uma delas, o escritor, historiador e filósofo chega até a abandonar a forma francesa de seu nome, François, e assina como 'Francis Voltaire', algo que nunca tinha sido registrado até agora.
Cronk descobriu estas mensagens enquanto pesquisava na biblioteca pública de Nova York, e nas da Universidade de Morgan e da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos.
'Voltaire passou dois anos muito importantes, mas relativamente pouco documentados na Inglaterra, por volta dos seus 30 anos, em uma época na qual era mais conhecido como poeta', explicou Cronk à 'BBC'.
Durante sua estadia, o autor de 'Cândido', 'O ingênuo' e 'Tratado sobre a Tolerância' expôs suas ideias sobre os escritores ingleses e quando voltou à Europa continental levou consigo o empirismo, que depois constituiu a base do Iluminismo, detalhou Cronk.
'Além disso, estas cartas recém-descobertas são muito interessantes porque mostram como a estreita relação de Voltaire com a aristocracia inglesa o expôs às ideias iluministas, e nos ajudam a reconstruir a natureza dessas interações', acrescentou o professor da faculdade de Idiomas Modernos e Medievais.
Estas relações com pessoas ricas e poderosas são, de acordo com Cronk, responsáveis por fazer Voltaire crescer na alta sociedade inglesa, já que ele chegou 'como um poeta pouco conhecido com uma carta de recomendação do embaixador britânico em Paris'.
Segundo o especialista, ainda restariam milhares de cartas de Voltaire para serem encontradas.