Brie Larson como "Capitã Marvel" (Marvel/Divulgação)
AFP
Publicado em 7 de março de 2019 às 17h25.
São Paulo — Foram necessários cerca de 20 filmes dedicados à glória dos X-Men, dos Vingadores e de outros super-heróis antes de a Marvel dar vez a uma mulher em um papel principal: a "Capitã Marvel".
No filme, que estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (7), há mulheres pilotando aviões de guerra ou à frente de experimentos científicos muito importantes. E, claro, há Carol Danvers, a heroína imbatível interpretada pela atriz Brie Larson.
Vencedora do Oscar em 2016 por "O Quarto de Jack", Larson é conhecida por seus papéis em filmes independentes e por suas declarações feministas.
"As mulheres estão estrelando filmes desde a era do cinema mudo", disse ela em entrevista ao The Hollywood Reporter. "Fizemos parte de todos os grandes movimentos artísticos, mas as pessoas nos afastam quando o movimento ganha impulso e agem como se nunca tivéssemos estado lá".
Já a personagem interpretada por Brie Larson (a Carol Danvers) é capaz de voar, disparar raios cósmicos e absorver energia, além de ter um caráter muito sólido que lhe permitiu ter um papel crucial em um universo onde há pouco espaço para as mulheres. Treinada para ser uma guerreira Kree, a heroína acaba no meio de uma guerra intergaláctica com os Skrulls. Quando chega no planeta Terra, conhece o agente Nick Fury (Samuel L. Jackson), personagem recorrente nos filmes dos Vingadores, e recebe a ajuda da gata Goose — que é uma caixa de surpresas.
"A Capitã Marvel é um dos personagens mais populares e poderosos dos quadrinhos e agora será o personagem mais poderoso da Marvel", disse Kevin Feige, produtor cinematográfico e presidente da Marvel Studios, empresa pertencente ao grupo Disney.
Em meio a explosões e lutas contra alienígenas, o filme explora precisamente um lado abertamente feminista, de que as mulheres não precisam provar nada para os homens.
"Durante anos tivemos que lutar contra a falsa ideia de que o público não queria ver filmes sobre super-heroínas", declarou em setembro Kevin Feige, para a revista Entreteinment Weekly. "Tudo por causa de filmes que não funcionaram 15 anos atrás, mas que eu sempre achei que não funcionaram não porque contavam histórias sobre mulheres, mas porque não contavam boas histórias."
Para o presidente da Marvel Studios, os exemplos de filmes que não "contavam boas histórias" são "Elektra", de 2005 e "Mulher Gato", de 2004, estrelado pela atriz Halle Berry.
Como resultado, por mais de uma década, a Marvel havia relegado suas personagens femininas a fazer parte de equipes de Vingadores, como a Viúva Negra, interpretada por Scarlett Johansson, mas sem nunca lhes dar o direito de um filme sobre suas origens — tema bastante criticado por fãs da Marvel nas redes sociais.
Em um esforço para ser mais representativa, a subsidiária da Disney finalmente respondeu às demandas de personagens femininas, como parte do surgimento de movimentos como o #MeToo.
"Obviamente estou animada que os tempos estão mudados e que algumas mulheres são mais aceitas, mas acho que ainda há muito trabalho a ser feito", declarou à AFP a editora do filme, Debbie Berman, na estreia em Hollywood.
A Marvel já deu uma reviravolta no ano passado com "Pantera Negra", filme que pela primeira vez focou-se em um super-herói negro, ambientado no reino fictício de Wakanda, na África. O filme conquistou três Oscar e se tornou um fenômeno.
Com "Capitã Marvel", o estúdio investe tanto no espetáculo pirotécnico que o gênero exige quanto em uma lição de auto-afirmação para o público feminino.
O filme é dirigido por Anna Boden e Ryan Fleck e se passa nos anos 90, época em que os celulares não eram tão comuns e onde, sem banda larga, o download de arquivos da rede levava muito tempo. Um aspecto que injeta humor e brinca com nostalgia.
A trilha sonora também inclui temas das bandas Garbage, Hole e No Doubt, grupos liderados principalmente por mulheres.