Cachaça Cãna: concebida para levar o gosto e as sensações do Brasil para o exterior (Demian Jacob/Divulgação)
GabrielJusto
Publicado em 24 de julho de 2021 às 17h15.
Última atualização em 26 de julho de 2021 às 13h08.
Foi em um jantar com amigos em Nova York que, entre um assunto e outro, os brasileiros Guilherme Junqueira e Nick Walker resolveram apresentar aos locais a bebida mais brasileira de todas: a cachaça. A tarefa, entretanto, não foi fácil: mesmo na mais cosmopolita capital do mundo, a dupla não conseguiu encontrar uma cachaça que, segundo eles, "daria orgulho de apresentar". Foi então que, seguindo o conselho em um amigo que recentemente havia investido em uma marca de Mescal, o designer e o consultor financeiro, respectivamente, deram o start no desenvolvimento da sua própria marca de cachaça tipo exportação.
De volta ao Brasil, Guilherme visitou algumas dezenas dos 35 mil alambiques do país, principalmente no seu estado, o Rio de Janeiro, em São Paulo e em Minas Gerais, a terra da cachaça. Por fim, escolheu a Fazenda Soledade, em Nova Friburgo, para desenvolver seu destilado. "A Soledade foi o único alambique que queria desenvolver um blend do zero, em conjunto com a gente", explicou Junqueira, que passou oito meses testando diferentes combinações de cachaças de diferentes origens dentro do Brasil.
"Assim como os vinhos, as cachaças têm uma identidade terroir. Uma cachaça do norte de Minas é bem diferente de uma do Rio ou de São Paulo", conta Walker, que acompanhou Guilherme nos oito meses de testes em busca da receita perfeita - que inclui ainda uma filtragem em carvão de casca de coco. "Com a ajuda do Vicente, da Soledade, misturamos diferentes terroirs e chegamos em um blend versátil e diferente do mercado, que após a filtragem ganha notas cítricas e uma finalização bem leve e redonda."
Mas para competir no mercado internacional, dominado por gigantes, a dupla sabia que apenas ter uma receita única não era o suficiente. Era preciso, também, uma marca expressasse "a diversidade e a elegância do Brasil", fugindo da caricatura que os gringos têm de nós. "Queríamos transmitir sensações com a nossa cachaça: a tropicalidade, a brisa, o sol do Brasil... Tudo isso é muito difícil de ser explicado. Mas, imageticamente, dá", conta Junqueira, que apostou em editoriais fotográficos com criativos do Rio, como o fotógrafo Demian Jacob, e em uma experiência digital minuciosamente trabalhada para criar toda essa atmosfera para a marca.
Assim que foi lançada nos EUA, em dezembro de 2019, a Cãna deu de cara com a pandemia. O infortúnio obrigou os sócios a revisar os planos iniciais de distribuição e crescimento, mas não os impediu de colherem alguns ótimos frutos: já em 2020, a cachaça ganhou medalha de ouro no San Francisco Spirit Awards (o Oscar dos destilados) e no Bartender Spirit Awards. Com os louros, esperam crescer não só no exterior, mas também no Brasil, onde as marcas nacionais ainda lutam pelo reconhecimento do público local.
"Acho que o brasileiro prefere as marcas importadas porque, por muito tempo, não havia produtos nacionais com a mesma qualidade. Mas isso está mudando", analisa Junqueira, que aposta em uma nova era para a cachaça, em que a conquista de novos paladares vai mudando a percepção das pessoas sobre a bebida, como aconteceu com o gin e a tequila. "Tem gente que diz que a Cãna é muito chique. Mas por que não? Queremos mostrar que a cachaça também pode ser refinada, elegante... Queremos trazer quem bebe caipiroska para beber caipirinha."
Deu vontade? Tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, a Cãna está disponível em pré-venda no site oficial da marca.
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