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Campeão da Libertadores, Palmeiras adere a parceria com criptomoedas

Clubes tradicionais da Europa e a seleção brasileira já adotam essa prática, enquanto que, no Brasil, Atlético-MG e Flamengo anunciaram acordos recentes

Palmeiras: time lançou o o $VERDAO, fan token oficial do clube. (Ricardo Moraes/Getty Images)

Palmeiras: time lançou o o $VERDAO, fan token oficial do clube. (Ricardo Moraes/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 8 de dezembro de 2021 às 16h24.

Última atualização em 8 de dezembro de 2021 às 16h39.

O Palmeiras anunciou nesta quarta-feira, dia 8, o lançamento do $VERDAO, fan token oficial do clube — ativo digital que funciona como item colecionável. A ação é uma parceria com a Chiliz, uma das principais provedoras de ativos digitais em esportes e entretenimento, e a plataforma de recompensas Sócios.com. Ainda não há data para o início das vendas.

Nas últimas semanas, Corinthians e Santos também adotaram o mesmo modelo, assim como a seleção brasileira, que recentemente anunciou uma parceria com a empresa de blockchain Bitci Technology, de origem turca, para o lançamento de uma criptomoeda oficial e de tokens não fungíveis (NFTs, na sigla em inglês), com contrato de três anos.

A prática deste tipo de acordo já é uma realidade no futebol mundial. Nos últimos meses, alguns clubes tradicionais da Europa lançaram seus tokens, casos de Borussia Dortmund-ALE, Manchester City-ING, Milan-ITA e Glasgow-ESC.

Em fevereiro deste ano, um caso raro chamou a atenção, quando pela primeira vez na história um atleta de futebol foi contratado por meio de criptomoedas — neste caso, o bitcoin, com a transferência do atacante David Barral pelo Inter de Madrid FC, equipe da terceira divisão espanhola (chamada de Segunda B). A situação foi facilitada pelo fato da equipe madrilenha ser patrocinada por uma corretora de criptomoedas, a Criptan.

De acordo com Bruno Maia, CEO da Feel The Match e especialista em inovação e novos negócios na indústria do esporte, e que recentemente lançou o livro e o curso Inovação é o Novo Marketing, que trata do assunto, a pandemia e a falta de receitas por parte dos clubes possibilitou esse aparecimento.

"O futebol ficou sem capacidade de criar novas fontes de receita, mas ainda assim possui um ativo valioso que são os dados, e isso abriu espaço para modelos inovadores de parceria. O torcedor em geral se entrega, ainda mais quando tende a explorar produtos e serviços difereciados, e se tem algo que o mercado de criptoativos sabe usar a seu favor, é isso", explica.

O crescimento deste tipo de parceria se acentou durante a pandemia, muito em razão da perda de receitas com falta de público nos estádios. Os times de futebol passaram a se unir com empresas de tecnologia de criptomoedas, que emitem os tokens e obtêm uma parte da receita de sua venda inicial.

"Aqui na nossa agência [Heatmap] estamos em processo de criação de NFT não apenas para clubes de futebol mas também para a indústria do entretenimento. Essas mudanças nas formas de convívio se acentuaram com a pandemia, que aumentou o tempo gasto em redes sociais e ambientes virtuais como os jogos online onde, inclusive, já são realizadas até mesmo exposições", complementa Renê Salviano, executivo com mais de 20 anos de experiência profissional em diretoria comercial, de marketing e novos negócios do esporte, e que lançou neste ano a agência de marketing esportivo HeatMap, para captação de patrocínios, desenvolvimento de ativações ou atuante em áreas como gestão e direito no esporte.

De fato, nos Estados Unidos isso já aconteceu na NFL: o jogador do Carolina Panthers, Russell Okung, foi o primeiro profissional da liga de futebol americano a receber 50% de seu salário de 13 milhões de dólares (70,5 milhões de reais) em bitcoin.

"Isso tudo não quer dizer que o futuro de transações seja por meio de criptomoedas, apesar de ser um elemento que atesta a relevância deste tipo de ativos na sociedade atual. É vai ser cada vez mais natural caminhar para todos os outros esportes", acrescenta Bruno Maia, que aponta que, no primeiro trimestre deste ano, o mercado de criptoativos superou 1 trilhão de dólares (5,43 trilhões de reais) de lastro.

Uma das empresas com maior participação neste mercado é a Chiliz, que lançou 20 tokens de torcedores com times de futebol. Também lançou oito tokens com equipes de outros esportes, incluindo automobilismo e artes marciais mistas. De acordo com dados da agência de notícias Reuters, o valor total de mercado dos 21 tokens de capital aberto emitidos por Chiliz era de cerca de 260 milhões de dólares em junho deste ano, dois terços acima do final de 2020.

Como funciona o mercado no Brasil

No Brasil, poucos clubes aderiram a este movimento, apesar de ele ser cada vez mais constante. O pioneiro foi o Vasco, que no final de 2020 lançou o "Vasco Token". De acordo com o clube carioca, na ocasião recebeu como adiantamento 10 milhões de reais da empresa parceira, a Mercado Bitcoin, e uma quantia de 1,2 milhão de reais já teria sido negociada com o criptoativo, com 12.200 unidades vendidas. Assim, quando jogadores como Philippe Coutinho e Douglas Luiz forem negociados por seus times atuais e o Vasco receber sua parcela como clube formador, quem comprou o token terá direito a uma pequena parte.

"As plataformas de exchange de criptomoedas e outros ativos digitais, como NFTs e fan tokens, já se posicionam como um dos setores mais agressivos a investir no esporte e no entretenimento, buscando se consolidar rapidamente no mainstream através desse universo marcado pela visibilidade e engajamento dos fãs. Hoje já há uma escassez de propriedades relevantes disponíveis no mercado para essa categoria, sendo que a chegada da Crypto.com à principal competições de clubes do continente, que é a Copa Libertadores, com um acordo de longo prazo até 2026, é uma mensagem clara do quanto querem ser percebidos em toda a região como a principal marca desse segmento", afirma Felipe Soalheiro, fundador da agência SportBiz Consulting, e que participou diretamente das negociações com a Crypto.com nos últimos meses, quando ainda ocupava a posição de diretor comercial da FC Diez Media, agência do grupo IMG responsável pela comercialização das competições de clubes da Conmebol.

Outro case que vem sendo bem explorado é o do Atlético-MG, que no mês de junho fechou uma parceria com a Socios.com, plataforma de engajamento de torcedores, que emite tokens em blockchain para gigantes do esporte mundial, como o UFC, a equipe de Fórmula 1 Aston Martin, e clubes como Juventus, Barcelona, PSG, Milan, Manchester City, Atlético de Madri, Roma e Galatasaray, entre outros.

Com o acordo, o clube vai lançar sua própria criptomoeda, chamada GALO, que também será integrada ao programa de sócios-torcedores. Os proprietários da criptomoeda poderão utilizá-la para adquirir produtos e experiências e também poderão votar em escolhas de nome e layout do ônibus da equipe, entre outras.

"O mercado de criptoativos e blockchain está em um momento de conquista de novos usuários, então entrar no mercado de futebol faz sentido. Não é por acaso que os bancos sempre estiveram lá. É possível gerar leads, captar clientes, atingir novos públicos", acrescenta o especialista Bruno Maia.

Em abril deste ano, o Flamengo aprovou um patrocínio com a empresa de criptomoedas MOSS, para estampar os meiões do uniforme do Flamengo até o fim da temporada 2021. No entanto, nenhuma ação além disso foi divulgada pelas partes.

"Entre as mudanças que já estão ocorrendo, as novas formas de comercialização são pontos positivos, que incluem certificados de autenticidade que tornam mais intensos os diálogos contratuais entre os produtos, quem os vende e quem consome. Temos também a descentralização, a inovação, a diminuição de barreiras de entrada e a renovação dos agentes e players do mercado. A busca por essa identidade e inovação se abre para novos caminhos que os NFTs propõem. Mais criadores, no esporte ou entretenimento, estão seduzidos pela possibilidade", finaliza Renê Salviano.

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