Yuri Gricheno e Carol Matsuse, fundadores da marca: tecnologia e onda athleisure (Insider/Divulgação)
Ivan Padilla
Publicado em 25 de maio de 2022 às 06h30.
Última atualização em 25 de maio de 2022 às 10h20.
A camiseta lisa, quem diria, mudou de status. O recente apelo por conforto na moda, acelerado pelo isolamento na pandemia, fez da tradicional peça de fim de semana um coringa que trafega com desenvoltura do casual para o formal, do home office para a volta ao trabalho presencial. Novas marcas vêm surgindo, com materiais mais nobres como algodão pima e outro posicionamento de preço.
Uma dessas novas marcas no mercado é a Insider, fundada há cinco anos pelo casal Carol Matsuse e Yuri Gricheno, ela engenheira formada pelo Instituto Tecnológico Aeronáutico, ele graduado em relações Internacionais com foco em Comunicação nos Estados Unidos. A proposta deles foi um pouco diferente, de uma camiseta menos básica e mais tecnológica.
A Insider cresceu rapidamente nesse pouco tempo. No ano passado, a empresa faturou 40 milhões de reais. A expectativa para este ano é dobrar de tamanho. Até hoje já foram vendidas quase 2 milhões de peças para 500.000 clientes.
O portfólio cresceu. A Insider inicialmente vendia underwear e undershirt, camisetas para ser usada debaixo da camisa, um conceito europeu pensado para protecão contra o frio e o suor. Hoje já são 30 itens, de bermuda a legging. Até o fim do ano o portfólio também deve dobrar de tamanho, principalmente em roupas de apelo esportivo. "A onda athleisure só vem crescendo", diz Gricheno.
De Estados Unidos a Israel
O resultado que mais anima o casal fundador é a internacionalização da marca. Do ano passado para cá as peças com o carimbo da Insider passaram a ser vendidas em 19 países, entre Europa, Estados Unidos e Israel. “Essa é a maior validação de que nossa proposta de versatilidade e minimalismo tem potencial para agradar a públicos diversos”, afirma Gricheno.
Os preços aplicados fora têm acréscimo de cerca de 30%. No Brasil, as camisetas variam de 135 a 280 reais. “Não queremos ser a Uniqlo. Nosso posicionamento aqui é de um produto premium, mas não repassamos o preço lá fora. No momento queremos ganhar escala e conhecimento de marca”, diz o fundador.
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A Insider conta com um site específico para vendas internacionais e parceiros internacionais de logística em outros países que garantem entrega rápida em até dois dias, dependendo da praça. “A ideia é conseguir capilaridade. Lá fora a necessidade de itens essenciais e conforto, com praticidade, é a mesma”, diz Gricheno.
Tecnologia da Nasa
A Insider utiliza materiais térmicos, que ajudam a reduzir a transpiração e atenuar as mudanças bruscas de temperatura, como a tecnologia Outlast. A tecnologia Emana possui minerais bioativos incorporados à fibra, que absorvem o calor do corpo e melhoram a microcirculação sanguínea.
A tecnologia antiodor auxilia na absorção do suor rapidamente, com uma eficiência 70% maior em relação ao algodão. Algumas peças também são confeccionadas em um tecido antibacteriano que evita a proliferação de bactérias e o mau cheiro.
A virada para a marca, porém, foi abandonar o marketing da peça puramente funcional e entender necessidades estéticas dos clientes, principalmente do público feminino. “Já vínhamos comunicando preocupação com sustentabilidade e tecnologia de tecidos. Agora estamos trazendo aspectos de moda, com uma equipe de estilo, quebrando o básico e trazendo uma pitada de sal às nossas peças”, afirma Gricheno.
Como tem acontecido com outras marcas nativas digitais, a Insider se prepara para abrir uma loja física em um shopping de alta renda em São Paulo. O novo escritório na avenida Paulista já funciona como showroom. A ideia é oferecer uma experiência de marca completa para o cliente, em todos os canais.
O setor de moda passa por um momento de consolidação, com grupos capitalizados como Arezzo e Soma partindo para aquisições. Não é algo que seduza o casal fundador da Insider. “Acreditamos que o futuro da moda está nos tecidos tecnológicos e sustentáveis, e as marcas digitais vão puxar esse movimento”, diz Gricheno.
A ambição, portanto, é grande. “Poderíamos ser mais nichados, manter preços elevados e ter margens maiores, mas queremos ser o mais acessível possível e ganhar eficiência de escala. Queremos que todos usem nossa roupa”, conclui.