Santo: nova série da Netflix mistura suspense policial com thriller e tem Bruno Gagliasso como protagonista (Manolo Pavón/Netflix)
A nova aposta da Netflix, lançada oficialmente no streaming no dia 16 de setembro, é a série espanhola chamada Santo. Criada pelo espanhol Carlos López e dirigida pelo brasileiro Vicente Amorim, a primeira temporada traz Bruno Gagliasso como protagonista do elenco e retrata grande diversidade cultural ao misturar em um mesmo ambiente narrativo as cidades de Madri, na Espanha, e Salvador, na Bahia.
A série acompanha dois policiais, o policial federal brasileiro Cardona (Bruno Gagliasso) e o policial nacional espanhol Millán (Raúl Arévalo). Ambos dividem uma missão em comum: encontrar um assassino, narcotraficante e uma espécie de guru espiritual brasileiro chamado Santo. Porém, o drama policial com cara de thriller ganha novas cores de suspense e de dificuldade, quando o telespectador descobre que Santo é irreconhecível porque ninguém nunca viu seu rosto.
Por isso, o personagem de Bruno se infiltra na organização criminosa à procura do mandante procurado. Então, Cardona se torna Caetano e tem como missão ganhar a confiança dos parceiros. Ali, ele conhece a amante de Santo, Bárbara (Victoria Guerra) mas a missão acaba colocando o policial em xeque em diferentes níveis.
A série espanhola com Bruno Gagliasso como protagonista vai estreiar na Netflix no dia 16 de setembro, sexta-feira.
Além de Bruno, o elenco da série é muito diverso, formado por: Raúl Arévalo (Millán), Greta Fernández (Susi), Victoria Guerra (Bárbara), María Vázquez (Arantxa) e Judith Fernández (como Lucía).
Bruno Gagliasso interpreta Cardona, o policial federal brasileiro que entra para o setor de narcóticos para investigar o grande narcotraficante e assasino brasileiro Santo, que é uma espécie de lenda procurada pela policia brasileira e espanhola.
Em entrevista com o time da EXAME, Bruno Gagliasso contou sobre a experiência: "Foi uma preparação emocional e física além da conta”, comenta Gagliasso. Confira abaixo a entrevista exclusiva de Bruno Gagliasso para a redação da EXAME:
Primeiramente, queria te parabenizar nesse início pela atuação na série. Parabéns pelo trabalho.
Muito obrigado, cara, é um personagem que eu me dediquei muito para fazer. Foi um personagem que foi bem intenso. Eu até visto foi acho que a preparação mais intensa que eu já tive, cara.
E essa na verdade é a minha primeira pergunta, como foi a preparação para viver o Cardona e qual parte foi mais desafiadora pra você nesse processo?
Cara, sem dúvida foi a preparação mais intensa que eu já tive e olha que eu já fiz uns personagens pauleira. Mas esse foi muito intenso porque eu tive que ir a lugares que eu nunca tinha ido. Quando eu digo isso, eu me preparo com a Fátima [Toledo]. Sempre. E a gente faz uma preparação muito de dentro pra fora, a gente não se prepara externamente para ir construindo. A gente constrói com quem eu tenho. Então a gente deu mergulhos muitos fundos assim. Você viu a série, você sabe… Eu não tenho problema falar porque não é spoiler, já que você viu… Então imagina aquela cena da criança é muito forte e eu tive que ir ali. Então foi uma preparação intensa e não só de cabeça mas física também. Eu perdi 16kg. Não sei se você reparou ali, a barba ficou grande, a minha unha eu deixei ela ficar bem grande também. Então foi uma preparação emocional e física além da conta. E eu precisei ficar longe da minha família. E então também estava longe da minha família, foi difícil. Mas valeu a pena.
E quanto tempo demorou esse processo das gravações?
Cara, eu morei 8 meses lá na Espanha. Eu fiquei de abril, maio, junho, julho, agosto, setembro, outubro. É isso aí. 7 meses. 8 meses. Foi tenso, cara. Me preparei antes de ir e durante também. Porque como você viu o personagem tem várias camadas e vários momentos começa pelo final, volta. O meu personagem está o tempo inteiro assim. É diferente do personagem do Raul [Arévalo]. Então eu tive que montar esse quebra-cabeça e eu peguei o roteiro e coloquei na ordem cronológica também. Então a minha preparação não foi na ordem de roteiro, foi na ordem cronológica.
E eu acredito que a série aposta muito alto quando ela decide unir Madri a Salvador. E como foi pra você participar de um projeto audiovisual que é tão diverso culturalmente?
É um intercâmbio cultural. Foi [um intercâmbio cultural] essa série. Eu acho que o streming te dá esse poder. A maior prova disso é que eu falo em português, ele fala em espanhol, tem os russos. Eu acho que o streaming veio para isso, eu acho que para globalizar isso tudo. É uma produção internacional, mas ela já é internacional por ela estar na Netflix para falar com 190 países. É 190 países, de uma vez só. Isso é maravilhoso! Eu acho que o Brasil ser mostrado através de Salvador é muito simbólico. É muito forte, é muito vivo. Você assistindo a série, 30% é Salvador mas esses 30%! Cara, parece que é 50/50 de tão intenso e forte que é Salvador na tela não é?
Chega até ser, na minha opinião, um pouco cru, não é?
A ideia é essa.
Santo tem todo um simbolismo para você, eu imagino, por ser esse projeto que vem abrindo as portas para você dentro da Netflix. Eu lembro que quando foi colocado que você estaria na equipe da Netflix foi um alvoroço. Teve aquele vídeo com o o Berlim de La Casa de Papel. O que Santo significa pra você, nessa jornada artística?
A possibilidade de fazer arte, a minha arte, em qualquer lugar do mundo. É a possibilidade do novo, é a possibilidade de se reinventar. É o intercâmbio cultural que eu acho maravilhoso. Eu nunca tive a pretensão de fazer, “ah, quero ser ator de Hollywood” ou “quero ser ator de coisas internacionais” e aconteceu. E foi muito natural. E aconteceu fazendo um brasileiro. Levando um pouco do Brasil para o resto do mundo. [Santo] É a série espanhola de maior investimento da Netflix, no momento que a Netflix e as produções espanholas são tão valorizadas. Tem um brasileiro que está mostrando um pouco do Brasil, tem direção brasileira. Isso é maravilhoso. Eu acho que essa internacionalização é muito enriquecedora para todo mundo. Eu não consigo enxergar como uma coisa boa só para mim. Eu acho que é bom para o mercado inteiro. Para o Brasil, é maravilhoso. Para os atores, os colegas diretores, para a imprensa. É isso, hoje é tudo globalizado. Hoje toda série é internacional. A maior prova disso é o sucesso que está Bom dia, Verônica, olha que maravilhoso. Bom dia, Verônica é internacional! Fazendo sucesso fora também, isso é maravilhoso.
Aprofundando um pouco na narrativa, eu imagino que tiveram cenas, como a que você falou do menino, que foram cenas muito intensas. Como foi para você reagir a cena da "iniciação" do Cardona, que então vira Caetano, com o corte nos olhos pela primeira vez?
Ah, foi forte. Foi muito forte. Principalmente porque teve uma preparação em cima disso. Tem aquela cena que eu estou [mexendo] no computador e me vejo fazendo o que ele faz. Para mim, aquilo foi muito mais forte do que filmar, por exemplo. Eu assisti o Cardona enxergar a realidade, o que ele foi capaz de fazer. Nossa, para mim, aquela cena é muito emocionante! Ele está na frente do computador e coloca o pen-drive. Aquilo ali, cara… Aquilo ali foi muito difícil de fazer. E para chegar àquela verdade, a gente fez uma preparação muito intensa. Porque foi orgânico, eu apertei o play, senti tudo aquilo que tinha que sentir. Muito bom, cara, eu tô muito feliz de estar para estrear porque é um projeto que começou há 3 anos atrás. Eu tinha acabado de sair da Globo, aí o Carlos [López] foi para o Brasil, quis me conhecer e é isso. Três anos. Foi uma preparação nesse tempo porque veio a pandemia e eu já estava completamente dentro do personagem.
Imerso.
Exatamente.
Seu personagem interage bastante com os personagens da Victoria Guerra e também do Raúl, como você comentou. E como foi a interação com eles?
A gente tem temperamentos muito diferentes. Todos os atores ali tinham temperamentos muito diferentes. Foi maravilhoso, e essa internacionalização. Esse intercâmbio cultural entre Brasil, Madri e Portugal. Porque a Victoria [Guerra] é portuguesa. Foi incrível. E a Greta [Fernández] também é uma grande atriz, nova e super aberta e disponível. Foi uma experiência muito muito legal. E só me deu a certeza que o Brasil também sabe fazer muito bem feito. Porque eu tive essa experiência de fazer uma produção da Espanha e ver o quanto nós somos capazes. Como a nossa produção cinematográfica é foda também. Ficou muito claro com essa minha experiência na Espanha.
E você pode me contar algo que aconteceu nos bastidores e ninguém imagina sobre uma cena específica?
Deixa eu pensar aqui. A gente tem umas crises de riso eu e a Victoria [Guerra], umas crises de riso. Naquela sequência que a gente está fugindo que a câmera, que são câmeras de loja que ficam filmando a gente. As crises de riso que a gente teve que baixar a cabeça e andar assim…
Aquela [cena] do hospital. Saindo do hospital.
Do hospital, é. Porque a gente já tinha filmado um monte. Foi no final. E eram cenas que a gente não falava nada, que ficava calado andando. Foi engraçado. A gente se divertiu bastante fazendo. E o Raúl é uma figura. O Raúl [Arévalo] é uma figuraça, elétrico, ligado no 220. Não pára um minuto.
E é curioso, não é? Porque o personagem dele é completamente o oposto.
É, exatamente, e são os opostos. São dois policiais que são opostos. Um fala pouco e é da ação e o outro é o enrolador. E a gente só teve duas cenas juntos na série inteira, que é quando ele me acha e o último capítulo, no último capítulo a gente teve algumas cenas. Mas de texto não teve, a gente teve o interogatório do segundo capítulo que é uma cena bem forte, maravilhosa. E só. Teve a do buraco. Que eu acho que á a última cena do primeiro capítulo, não é?
E parece que é bem mais [tempo de tela juntos].
Isso é uma questão, todo mundo fala “caraca”. E tem uma cena também boa também que é a do último capítulo. A do último capítulo é a cena em que eu invado a casa dele. Cenas mesmo, foram só essas.
E é muito contrastante isso dos personagens porque a todo momento tem uma questão de fé e a questão da índole sendo questionadas. Como foi isso para você ter emoções tão intensas para colocar na tela?
Foi difícil, por isso que tinha que ser de dentro porque se não soaria superficial e não podia ser superficial. E eu estou nessa fase que eu quero fazer personagens complexos, eu quero me desafiar, eu quero. E a preparação com a Fátima não poderia ser diferente. Fátima Toledo. Então, tinha que ser de dentro e foi difícil. Por isso que eu digo, foi o personagem mais difícil. E olha que eu vim de Marighella, fiz lá o delegado. Vim de quebradeiras mas essa... Porque é um turbilhão de emoção. Vários tipos de emoção.
Já começa com o pé na porta.
Exatamente. É puxado, puxado. Foi um turbilhão de emoção.
O que podemos esperar de Santo?
Uma série cheia de ação, drama, suspense. Uma série que eu acho que tem de tudo um pouco. Uma série eletrizante, você não respira um minuto. Eu acho que a proposta é essa, foi muito bem executada pelo Vicente [Amorim]. E eu acho que as pessoas vão se identificar, sem sombra de dúvida, porque é uma série que mexe com as emoções das pessoas, sabe? Eu gosto de série quebra-cabeça então eu sou suspeito para falar. É um trabalho que tenho muito carinho, muito porque foi o meu primeiro trabalho depois da Globo, eu estava ali de corpo e alma.