Aos 62 anos, Springsteen, voltou a demonstrar por que continua sendo The Boss: correu pelo palco e surrou as cordas de sua guitarra (Rick Diamond/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 4 de junho de 2012 às 07h44.
Lisboa - Quase sem voz, suado e muito cansado. Assim acabou Bruce Sringsteen seu show, no encerramento da edição do Rock in Rio Lisboa com duas horas e meia de atuação.
O americano parecia ter esquecido que há apenas 24 horas antes estava fazendo show em San Sebastián (Espanha) e preferiu lembrar que se completavam 19 anos desde sua primeira e única visita a Portugal, para dar tudo de si em um espetáculo que terminou com o clássico dos Beatles Twist and shout soando sob os fogos de artifício iluminando o céu de Lisboa.
Aos 62 anos, Springsteen, voltou a demonstrar por que continua sendo The Boss: correu pelo palco, surrou as cordas de sua guitarra, se deixou tocar pelo público e cumpriu com todos os cânones do rock mais puro.
As costeletas, jaqueta de manga curta e lenço na cabeça de seus acompanhantes no palco fizeram honra à parafernália habitual, mas o conteúdo não ficou atrás, com Bruce vermelho, com a respiração entrecortada e fazendo soar suas guitarra e gaita.
Ao contrário do show em San Sebastián, o americano quase não tocou músicas de seu último disco, 'Wrecking ball', e optou por repassar os maiores sucessos - a maioria dos anos 70 e 80 - de sua longa e frutífera carreira musical, com cerca de 20 álbuns.
The Boss mostrou ao que veio desde o começo do show e emendou quatro canções seguidas sem parar, antes de se dirigir ao público em português, lendo as palavras em um teleprompter.
A energia de Springsteen foi contagiosa e conquistou o público, que hoje abarrotou o recinto - 81 mil pessoas segundo números oficiais - e que foi esquentando à medida que o tempo de show passava, não se importando com a avançada hora em que terminou, quase 2h30 da madrugada (de segunda-feira, hora e data local).
Com um ou outro problema de som, a assistência não deixou de vibrar, especialmente com as músicas 'The Spirit', 'Because tonight' e 'The Rising'.
Também houve tempo para homenagear o membro de 'The E Street Band' Clarence Clemons, falecido recentemente, com 'She is the one', e na qual seu sobrinho, Jake Clemons, fez um solo de saxofone.
Springsteen, conhecido por sua faceta ativista, também teve tempo de lembrar as pessoas que perderam casa ou trabalho devido à crise econômica - especialmente severa em Portugal - antes de dedicar-lhes 'We are all alive', de seu último trabalho.
O artista americano emendou sem descanso algumas de suas melhores músicas, e não se esqueceu de tocar 'Thunder Road', 'The river', 'Born in the EUA', 'Born to run', 'Glory days' e 'Dancing in the dark'.
O cansaço do cantor era palpável quando se deixou cair ao chão, exausto, e um de seus companheiros jogou água nele para que 'revivesse' e continuar ainda um pouco mais.
Springsteen só faltou imitar o vocalista dos britânicos do Kaiser Chiefs, Ricky Wilson, que apenas algumas horas antes tinha abandonado o palco para sair correndo - seguido pelos sofridos agentes de segurança - até chegar à torre na qual se instalou este ano uma tirolesa, para se agarrar a ela sem deixar de cantar.
O último dia do festival teve outro de seus pontos altos na atuação da banda de rock português 'Xutos e Pontapés', um dos grupos com mais sucesso em seu país e com o qual foram vividos alguns dos momentos mais emocionantes dos cinco dias de shows.
Metallica, Smashing Pumpkins, The Offspring, Linkin Park, Lenny Kravitz, Maroon 5, Stevie Wonder e Bryan Adams foram parte também de um Rock in Rio que reuniu mais de 300 mil pessoas e que no final deste mês acontece em Madri.