Broadway: o abalo veio após a temporada recorde de 2018-19. (Foto/Bloomberg)
Matheus Doliveira
Publicado em 24 de dezembro de 2020 às 07h00.
Proprietários e produtores de teatro cujos locais foram fechados durante a pandemia de Covid-19 receberam uma injeção de esperança após a aprovação pelo Congresso dos EUA de cerca de US$ 15 bilhões em subvenções para o setor de artes e entretenimento.
A quantia é aproximadamente o mesmo valor que a cidade de Nova York registrou em perdas econômicas totais desde que os teatros da Broadway foram fechados em março. Restaurantes e hotéis nos arredores perderam bilhões de dólares quando as ruas se tornaram quase desertas. O abalo veio após a temporada recorde de 2018-19, com quase 15 milhões de ingressos vendidos.
Cerca de 97 mil pessoas trabalham na indústria da Broadway, uma atração turística e motor de Midtown Manhattan por mais de um século. Outros milhares trabalham em peças itinerantes que contribuíram com US$ 3,8 bilhões para outras economias locais e foram assistidos por 18,5 milhões de pessoas em cerca de 200 cidades dos Estados Unidos no ano passado, de acordo com a Broadway League, uma organização nacional de proprietários de teatros e produtores de espetáculos.
“Somos gratos por este acordo bipartidário que proporcionará alívio imediato em toda a nossa indústria e uma tábua de salvação para o futuro”, disse Charlotte St. Martin, presidente da organização, cuja expectativa é de que os teatros serão um dos últimos negócios a reabrir. “Estamos ansiosos para as luzes da Broadway retornarem e brilharem mais do que nunca.”
A pandemia precipitou a pior crise da história da Broadway, disse St. Martin em setembro, enquanto pedia a ação do Congresso.
O dispositivo bipartidário SOS, sigla para “Save Our Stages” (Salve Nossos Palcos), foi redigido pelos senadores dos EUA Amy Klobuchar, democrata de Minnesota, e John Cornyn, republicano do Texas. O dispositivo oferece subsídios que podem reembolsar os locais por 45% das perdas, ou US$ 10 milhões, o que for menor. Abrange teatros, clubes de música e museus sem fins lucrativos.
O projeto de lei também reservou recursos para os cinemas. O dinheiro pode ser usado para despesas como folha de pagamento e benefícios, aluguel e hipoteca, tarifas de água e luz, seguros, equipamentos de proteção individual e outras despesas comerciais.
Em Cleveland, a Fundação Playhouse Square, um consórcio de teatros de artes cênicas que atrai cerca de 1 milhão de visitas por ano, a CEO e presidente Gina Vernaci disse que a aprovação do projeto ajudará sua organização a sobreviver após o déficit operacional de US$ 7 milhões.
“Isso ajudará não apenas a Broadway de Nova York, mas também a impulsionar centros de artes cênicas em todo o país”, disse Vernaci. “Retomar o funcionamento dos teatros ajudará a dar suporte a restaurantes, prédios de escritórios, hotéis e estacionamentos que dependem de nós nos arredores.”