Nicola Adams leva ouro no boxe pela Inglaterra (REUTERS/Peter Cziborra)
Da Redação
Publicado em 21 de agosto de 2016 às 21h10.
Rio de Janeiro - Se o bom desempenho no quadro de medalhas em Pequim 2008 foi visto como uma espécie de aberração e o sucesso em Londres 2012 aconteceu devido ao fator casa, a Grã-Bretanha agora está indiscutivelmente de volta ao rol das superpotências olímpicas, depois alcançar no Rio seu melhor desempenho em uma Olimpíada.
Há vinte anos, muito antes da criação do nome "Team GB", os britânicos voltaram de Atlanta 1996 com uma solitária medalha de ouro graças aos remadores Steve Redgrave e Matt Pinsent, e apenas 15 ao todo, terminando o evento em uma humilhante 36a posição no quadro.
Agora, deixam o Rio com 67 medalhas, incluindo 27 de ouro, ocupando orgulhosamente a segunda posição, acima da China e atrás apenas do todo poderoso Estados Unidos.
É mais do que as 65 medalhas conquistadas nos Jogos de Londres, e só não bate o desempenho dos britânicos na Olimpíada de 1908, também em Londres, quando ganharam 146 medalhas, sendo 56 de ouro --números inflados pelo fato de que em muitas modalidades só britânicos competiram.
"Isso me deixa muito, muito orgulhoso", disse Sebastian Coe, ex-chefe do comitê organizador de Londres e ex-atleta olímpico britânico, nesta semana. "Que legado! Nós queríamos não apenas participar, mas inspirar pessoas. Estamos vencendo medalhas em esportes que nem imaginávamos competir há 10 anos." Quando a Grã-Bretanha começou a se destacar novamente em Sydney 2000, com 11 ouros, os australianos brincaram que os britânicos só ganhavam ouro em esportes onde você deve permanecer sentado.
É verdade que ciclismo, remo, vela, hipismo e canoagem continuaram providenciando ouros, mas a piada dos australianos não faz mais sentido uma vez que a Grã-Bretanha sai do Rio ganhando 15 modalidades olímpicas, diversidade maior do que qualquer outro país. E medalhando em 18 dos 23 esportes em disputa. O ciclismo foi mais uma vez a mina de ouro, com cada um dos membros da equipe britânica voltando para casa com alguma medalha, obtendo um total de seis ouros, quatro pratas e um bronze só nesse esporte.
Entre os vencedores estão Bradley Wiggins, que agora é o recordista britânico em medalhas, com oito, sendo cinco de ouro, e Jason Kenny, que empatou com Chris Hoy com seis ouros conquistados. A dupla conquista de Laura Trott no Rio fez dela a britânica mais vitoriosa, com quatro ouros.
O remo também brilhou com três ouros, ao passo que o atletismo, por meio de Mo Farah, a vela, a canoagem e o hipismo trouxeram duas medalhas douradas cada. Houve ainda ouros solitários para a Grã-Bretanha em esportes como taekwondo, hóquei, golfe, tênis, natação, boxe e triatlo, mas o desempenho que mais saltou aos olhos talvez tenha sido na ginástica, com Max Whitlock ganhando dois ouros. O motivo para a reviravolta britânica nos esportes varia muito, mas um componente crucial foi o grande aporte financeiro destinado ao esporte a partir do Fundo Nacional da Loteria Britânica, que começou em 1997.
Esse aporte fez com que uma grande variedade de esportes pudesse investir em locais de treinamento, treinadores e toda a custosa rede de suporte necessária para competir em alto nível.
"Nosso sistema de alta performance dá inveja ao mundo, graças ao investimento do governo e da Loteria Nacional", disse Liz Nicholl, chefe executiva do UK Sport.
"O que há de melhor no mundo em treinamento, ciência, medicina e tecnologia capacitou o talento e o potencial para traduzi-lo em performance esportiva de alto nível", disse Bill Sweeney, CEO da Associação Olímpica Britânica. "Foi um desempenho brilhane nos Jogos, mas não é da noite para o dia... são 20 anos trabalhando para isso e nós agora temos cinco edições seguidas de Olimpíadas com crescimento gradativo de resultados. Ninguém chegou perto disso e acho que é uma façanha inacreditável."