O ex-jogador Dunga: o pragmático treinador optou por uma equipe raçuda (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 27 de junho de 2015 às 17h36.
Uma batalha tática acontecerá neste sábado no duelo entre Brasil e Paraguai por uma vaga nas semifinais da Copa América do Chile-2015. Numa partida de poucos talentos individuais e muita garra, o vencedor enfrentará a Argentina de Lionel Messi, que eliminou a Colômbia nos pênaltis.
O Brasil entrará em campo no estádio de Concepción, no sul do Chile, com um esquema de luta e ordem tática imposta pelo técnico Dunga. Sem poder contar com Neymar, responsável por grande pate da criação de jogadas da seleção, mas que está fora da Copa América por suspensão, o esquema da equipe parece mais defensivo.
O pragmático treinador optou por uma equipe raçuda para tentar cumprir o primeiro grande objetivo dessa nova fase da seleção: conquistar a Copa América para esquecer de vez o fiasco da Copa do Mundo-2014 em casa.
Os jogadores parecem ter assimilado as ordens do treinador, que guardou para outro momento o futebol vistoso que caracterizou durante décadas a seleção pentacampeã mundial.
"Na seleção, o principal é ter uma defesa sólida", resumiu na sexta-feira o lateral Filipe Luís.
Apesar de muita gente já cogitar uma possível semifinal entre os arquirrivais Argentina e Brasil, a seleção tem uma parada duríssima contra uma forte equipe paraguaia, que deu um salto de qualidade sob o comando do técnico argentino Ramón Díaz.
Amigo pessoal de Dunga, que tinha o mesmo empresário quando os dois jogavam na Itália, Díaz é um treinador experiente, que sabe encarar uma partida decisiva e o Brasil, favorito do duelo, não poderá se descuidar nem um segundo.
Em busca do primeiro título na história, o Chile enfrentará na segunda-feira um surpreendente Peru, com o artilheiro Paolo Guerrero em estado de graça, na outra semifinal, que será disputada no estádio Nacional de Santiago, o cenário de uma nova reedição do 'Clássico do Pacífico'.
- Messi aparece -
Aos poucos, Messi está esquentando os motores na hora certa, na fase de mata-mata da Copa América. No duro duelo que viu a Argentina derrotar a Colômbia nos pênaltis (0 a 0 no tempo regulamentar), o craque do Barcelona exibiu um pouco de seu talento em jogadas esporádicas, além de muita entrega e ajuda na marcação.
A 'Pulga' foi a figura principal de uma Argentina que se mostrou amplamente superior a uma Colômbia conservadora e inofensiva.
"Sim, pela maneira que foi o jogo, por todas as jogadas que tivemos e não aproveitamos, tivemos medo de ficar de fora", admitiu Messi após a partida.
A Argentina acabou esbarrando na grande atuação do goleiro colombiano David Ospina, que, nos pênaltis, não conseguiu fazer a mesma diferença e não pegou nenhuma cobrança.
Sem a heroica atuação de Ospina, os comandados de Gerardo Martino teriam chegado às semifinais com facilidade, sem ter que passar pelas angustiantes cobranças de pênaltis.
Já o colombiano James Rodríguez, outra grande estrela do duelo em Viña del Mar, se despede da Copa América da mesma forma que concluiu a temporada no Real Madrid: de mãos vazias.
- Tévez, a revanche -
Com grande frieza, Carlos Tévez foi o responsável pela ultima cobrança, quando toda a Argentina lembrava que o 'Apache' foi quem falhou no último pênalti na Copa América-2011 contra o Uruguai, que terminou com a eliminação da 'Alviceleste'.
"Este triunfo não é meu, o futebol dá voltas e o que passou, passou. Foi a vitória dos meus companheiros, que fizeram uma partida fantástica e estou orgulhoso de pertencer a esse grupo", garantiu Tévez, que voltará a defender o clube de coração, o Boca Juniors, ao fim da competição continental.
Martino confessou que quis proteger Tevez, mas acabou ficando sem escolha a medida que os pênaltis foram se estendendo.
Caso o Paraguai passe pelo Brasil, um fato inédito acontecerá nas semifinais: todos os treinadores das seleções sobreviventes serão argentinos, com Martino (Argentina), Ramón Díaz (Paraguai), Jorge Sampaoli (Chile) e Ricardo Gareca (Peru).
Dunga é o único que pode impedir a verdadeira invasão 'hermana'.