Bondinho do Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro, completa 98 anos (Eduardo Monteiro/GUIA QUATRO RODAS)
Da Redação
Publicado em 27 de outubro de 2012 às 14h30.
Rio de Janeiro – Fundado em 1912 pelo engenheiro Augusto Ferreira Ramos, o teleférico mais famoso do mundo completa hoje (27) 100 anos. O bondinho do Pão de Açúcar, no Morro da Urca, zona sul do Rio, foi o primeiro do Brasil e o terceiro do mundo a funcionar. Segundo a Riotur, já subiram o Pão de Açúcar por ele mais de 40 milhões de pessoas. No total, foram necessários três anos para a conclusão das obras. O primeiro bondinho era de madeira.
Com muitas histórias para contar sobre o bondinho, o funcionário mais antigo da companhia, Antônio Lourenço, com 51 anos de casa, perdeu a conta das figuras ilustres que teve a oportunidade de conhecer e dos “causos” inusitados que testemunhou. Um deles deu origem ao apelido que ganhou dentro da companhia quando começou a trabalhar aos 21 anos como servente.
“Estava ajudando a fazer um muro de contenção. Houve um princípio de acidente e caí em uma ribanceira de uns 20 metros de altura. Cheguei lá em baixo sem nenhum arranhão e aí começaram a me chamar de gato, porque tinha sete vidas”, contou.
Seu Gato estava lá quando Roger Moore filmou, em 1979, a cena histórica de 007 contra o Foguete da Morte, em que James Bond luta com Dentes de Aço dentro do bonde, pouco antes de o vilão cortar o cabo do teleférico com os dentes. “Demos todo o apoio a eles, trataram-nos muito bem, tomávamos café juntos”, mas a luta foi “só encenação, não teve nada daquilo”, lembrou o funcionário.
Emoção de verdade, segundo Seu Gato, foi ter visto em 1977 o equilibrista estadunidense Steven McPeak andar com uma vara sobre o cabo do bondinho. “Foi quase um suicídio. Não acreditei que ele fosse realmente fazer isso, mas ele fez mesmo. Até hoje temos a vara que ele usou”, informou.
Outro momento que também ficou guardado na memória de Seu Gato, que hoje trabalha na área de manutenção do bondinho, foi o encontro com a atriz italiana Gina Lollobrígida, em 1985, em sua visita ao monumento. “Muito simpática e muito linda! Tirei até foto com ela”, gabou-se.
Seu Gato disse ter perdido a conta do número de passageiros que ficaram assombrados pela altura do morro. Os 386 metros de altitude do Pão de Açúcar impressionam os passageiros do bondinho até hoje. De férias, no Rio, a estudante moçambicana, Nereida Ayob, 23 anos, contou que sentiu um pouco de medo ao subir no bondinho, que é logo esquecido pela paisagem deslumbrante. “É algo muito diferente. Quando estamos a andar já não se sente muito [medo], pois a pessoa fica mais atenta à vista do que à altura”, explicou a jovem.
A canadense, Jenifer Uttley, 66 anos, veio ao Brasil a passeio em um tour pela América Latina com mais 39 amigas. Nunca havia planejado conhecer o Pão de Açúcar e se disse surpreendida pela beleza natural da cidade vista de cima. “A paisagem é espetacular e passear no bondinho é muita diversão”, contou.
As filhas de Lady Wittckind, 77 anos, a trouxeram de Caxias do Sul para conhecer o Pão de Açúcar pela primeira vez. “Uma maravilha sem palavras. Uma coisa é o que a gente vê na TV. Não é a mesma coisa. Lindo demais”, comentou.
À noite, haverá uma comemoração oficial do centenário da instalação do Bondinho do Pão de Açúcar, com o lançamento de dois selos comemorativos dos Correios. Os selos mostram o Pico do Pão de Açúcar e o passeio no teleférico.