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Banda grava na Palestina música escrita com Julian Assange

Cantor da banda Calle 13 escolheu a Palestina como cenário do clipe de sua mais nova música, escrita em parceria com o fundador do Wikileaks, Julian Assange


	Julian Assange: Assange "era perfeito, um ícone moderno de como impactar a mídia e o povo através da internet", disse vocalista da banda Calle 13
 (Reprodução)

Julian Assange: Assange "era perfeito, um ícone moderno de como impactar a mídia e o povo através da internet", disse vocalista da banda Calle 13 (Reprodução)

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Da Redação

Publicado em 9 de dezembro de 2013 às 09h21.

Belém - O cantor e líder da banda porto-riquenha Calle 13, René, escolheu a Palestina como cenário do clipe de sua mais nova música, "Multi Viral", escrita em parceria com o fundador do Wikileaks, Julian Assange.

Na pequena cidade cristã de Beit Sahour, cujos limites se confundem a da histórica Belém, ninguém esperava nesta semana a chegada de uma discreta equipe de gravação.

"Começamos a escrever a letra "Multi Viral" em Londres, na Embaixada do Equador, com Julian Assange. Era perfeito, um ícone moderno de como impactar a mídia e o povo através da internet", disse René à Agência Efe no terraço de uma casa em Belém.

O líder da banda destacou que "a proposta era fazer uma letra que conectasse todo o mundo às situações sociais vividas atualmente. Queríamos, por meio de uma canção que todo o mundo se conectasse. Queria usar a voz do povo para escrever".

Com somente três dias para gravar, René confessou que quis conhecer mais a realidade do conflito que a região vive.

"Quando algo viraliza, se conhece o que acontece e (ajuda a) entendê(-lo). O movimento da população é importante", afirmou.

E revelou que desde o início, imaginou que "o solo de Tom Morello (guitarrista do grupo americano Rage Against The Machine, que participa da canção) devia ser feito por uma criança. Pensei que o lugar perfeito era a Palestina por toda sua situação", explicou.

De acordo com o vocalista, nesta região, como em outros lugares do mundo, é perceptível o inconformismo das pessoas: "Em nível global há um sofrimento coletivo, uma militância está acontecendo".

E ressaltou: "os governos que não pensam nos outros devem lembrar que existem pessoas dependentes do que fazem".


Este sentimento é o que o impulsionou a escrever este alerta sobre as trincheiras sociais, do despertar de consciências . Seu objetivo era colocar em uma canção esse mal-estar, já que a música é sua maneira de apresentar um grão de areia à sociedade.

"Acho que é honesto como artista, mostra que a arte é o reflexo do que alguém sente. Se sinto ou sou rodeado por algum tipo de situação, o certo é contar. A vida não é toda é um disco romântico", afirmou.

O diretor do clipe, Kacho López Mari, colaborador habitual dos membros de Calle 13 (composta também por Eduardo "Visitante" e Ileana, ausentes nas filmagens), revelou à Efe um pouco sobre o clipe.

É baseado no projeto do artista colombiano César López, que constrói "escopetarras", armas de conflito, como escopetas ou fuzis, transformadas em instrumentos musicais como guitarras.

"Transformam ferramentas de destruição em ferramentas de criação. Basicamente o que se quer é enviar uma mensagem de paz e de alguma maneira ajudar na resolução destes conflitos que conhecemos e que são muito complexos", explicou o diretor.

A letra da canção também traz uma ideia transformadora: "Multi Viral" está inspirada nos movimentos sociais que sacudiram as ruas do mundo como o 15-M, Occupy Wall Street e Yo Soy 132, e críticas ao que consideram a manipulação dos veículos de comunicação.

Do terraço da casa, René se mostrou curioso pela situação da Palestina: "O que é isso ali?", perguntou apontando para a colônia judia de Har Homa, incrustada no distrito cisjordaniano de Belém.

O primeiro dia de filmagens na Cisjordânia se aproxima do fim com o pôr do sol, enquanto uma criança ensaiava infinitas vezes sua cena com um dos instrumentos musicais.

René não tem certeza se existe uma alternativa ao modelo midiático que denuncia.

"Não sei se deve haver uma forma exata, as coisas não devem ser de assim. Mas seria bom que (a imprensa) fosse o mais honesta possível. O ideal seria que cada repórter assumisse seu trabalho como uma missão, que saibam que estão educando ou deseducando um montão de gente. Deviam ser conscientes disso", concluiu.

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