O patinador Michael Christian Martinez: "minha casa está hipotecada. Este investimento é uma loucura", assegura a mãe do atleta filipino (Lucy Nicholson/Reuters)
Da Redação
Publicado em 11 de fevereiro de 2014 às 12h35.
Manila - O único representante das Filipinas em Sochi, o patinador Michael Christian Martinez, foi obrigado a hipotecar sua casa perante a falta de assistência do governo para poder realizar o sonho de participar dos Jogos Olímpicos de Inverno.
"Minha casa está hipotecada. Este investimento é uma loucura", assegura a mãe do atleta filipino, Maria Teresa Martinez.
A família do jovem esportista, de 17 anos, decidiu hipotecar sua residência depois que o presidente das Filipinas, Benigno Aquino, não atendeu vários pedidos que solicitavam ajuda econômica para poder representar o país na reunião realizada na Rússia.
"Acho que inclusive ninguém no gabinete do presidente sabe que há um patinador filipino que está competindo nas Olimpíadas", se lamenta a mãe do atleta em declarações ao portal "Rappler".
No sábado passado, Michael se tornou o primeiro atleta de um país do Sudeste Asiático a participar da disciplina de patinação artística durante os Jogos Olímpicos de Inverno e o último a representar seu país após 22 anos de ausência na reunião.
Apesar de ser consciente do pouco apoio com o qual conta por parte de seu Governo, o filipino confia em conquistar uma medalha em Sochi.
"Antes não tinha em quem me agarrar, só minha mãe. Agora também eu rezo a Deus cada vez que compito, e funciona realmente bem", assegurou Martinez, que começou a patinar aos 8 anos em uma pista de gelo de um centro comercial de Manila e durante muitas competições teve que viajar sozinho perante a falta de fundos para a viagem de seu treinador.
O jovem, original de Parañaque, um bairro da capital filipina, voltará a atuar na próxima quinta-feira no programa curto de patinação artística, onde espera se classificar entre os 24 participantes que passam para a fase seguinte do estilo livre.
Além dos obstáculos financeiros, que sempre dificultaram a compra de bons equipamentos e viagem para competições, o atleta teve que enfrentar um problemas de saúde ao ter de lidar com um asma que sofre desde os dois anos.
"Literalmente, cresci no hospital, porque estava muito doente. Não podia praticar nenhum tipo de esporte, e muito menos exteriores, porque em seguida me dava ataque de asma", conta o patinador.
O frio, quando começou a patinar, fazia com que tivesse que que tomar medicação continuamente para não ter ataques de asma, mas, finalmente, o esporte foi beneficente para sua saúde, destaca Martínez.
"Ano após ano, minha saúde vai melhorando, portanto minha mãe me apoia. Ela diz que é melhor consumir o dinheiro em patinar do que no hospital", conclui o olímpico.
A participação de Martinez se transformou em uma das notícias mais lidas das Filipinas, e ele em um dos esportistas mais populares dos Jogos Olímpicos de Inverno de Sochi, reunião onde não são frequentes os representantes do países tropicais.
No site da organização, atualmente Martinez é o segundo atleta que conta com mais apoio de seguidores com cerca de 2.400 votos, só atrás do esquiador Byambadorj Bold, da Mongólia, um país no qual inaugurou a primeira estação de esqui há pouco mais de 3 anos.
A épica história de Martinez também é notícia nos meios de comunicação russos que contam a história do filipino para chegar a Sochi, aponta o jornal filipino "The Star".
"O que me impressiona mais é como Martinez aprendeu a esquiar em condições tão péssimas. Ele aprendeu a fazer um triplo axel simplesmente vendo na televisão", comentou o treinador do filipino, o russo Victor Kudryavtsev, à Agência de Notícias da Rússia (RIA).
As redes sociais também são uma importante fonte de apoio para Martinez, onde conta com cerca de 20 mil seguidores no Facebook e 1.600 no Twitter, que enviam ânimo e energias diariamente .
"Ganhando ou perdendo, já é um ganhador para todos e cada um dos filipinos", diz um de seus admiradores.