Viagem na Páscoa: Em geral, viajar na sexta-feira é mais barato que na quinta (Fly_dragonfly/Getty Images)
Júlia Lewgoy
Publicado em 20 de dezembro de 2018 às 05h00.
Última atualização em 20 de dezembro de 2018 às 05h00.
Se você for viajar nesta semana, talvez o aeroporto não pareça muito diferente daquele pelo qual você passou em janeiro. Os mesmos programas são exibidos na tela do seu assento, supondo que você ainda tenha uma. E espera-se que as pessoas que você visitará na viagem sejam rostos familiares também.
Mas muitos fatores relacionados às viagens mudaram nos últimos 12 meses — mesmo que você estivesse muito preocupado com seu destino para perceber. A seguir, listamos os principais destaques.
A Qantas Airways estreou seu mais novo serviço ultralongo no segundo trimestre: um voo de Perth a Londres. Com 17 horas, o serviço chegou perto de quebrar recordes.
Depois, em outubro, a Singapore Airlines fez o que a Qantas não conseguiu. Sua rota de 18 horas e 45 minutos — que se estende por cerca de 16.700 quilômetros, do aeroporto de Changi a Newark — é 800 quilômetros mais longa que o recordista anterior, um voo da Qatar Airways de Auckland a Doha.
O crédito vai para o novo avião Airbus A350-900 Ultra Long Range, que consome menos combustível do que as versões anteriores e torna a viagem possível. Sente-se o peso da viagem, mesmo tendo apenas classe executiva a bordo.
E os voos continuarão ficando mais longos. A Gulfstream conseguiu avanços neste ano que ajudarão a aviação privada a atingir distâncias extremas, e a Qantas tem o ambicioso plano de oferecer voos de 20 horas de Nova York e de Londres a Sidney até 2022 — possivelmente com aviões com beliches, creches e academias.
Diferentemente dos últimos anos, quando houve avanços monumentais no segmento de luxo, como o Qsuites da Qatar e o Residences da Emirates, 2018 foi meio devagar. Mas isso não é negativo: às vezes avanços incrementais e menos chamativos podem ter um efeito mais abrangente.
A American Airlines, a Delta Air Lines e a United Airlines começaram a instalar cabines econômicas premium em suas rotas internacionais — algo inédito —, e a JetBlue Airways anunciou a expansão de sua Mint Business Class, que é relativamente acessível e muito confortável. Um grande número de empresas aéreas europeias também adicionou mais assentos de primeira classe a seus aviões, revertendo a tendência de anos de eliminar esses assentos ultraexclusivos.
Hotéis entre quatro paredes são coisa de 2017. Este foi o ano dos acampamentos para tendas -- propriedades experimentais inspiradas pelo glamour da savana africana. Eles surgiram em lugares como Bali, Camboja e Sri Lanka, e há outros a caminho no México, na Costa Rica e em outras partes. E não, não estamos falando de algo rústico. São tendas com piscinas privadas, chuveiros internos e externos, camas com dossel e serviço de mordomo. As paredes de lona apenas intensificam a aventura.
Um ano após o impacto dos furacões Irma e Maria, ambos de categoria 5, os hotéis foram reformados e reabertos, e novas rotas aéreas melhoraram o acesso a pontos mais tranquilos da região. Ao mesmo tempo, empresas de viagens de todos os extremos do espectro estão se envolvendo em esforços filantrópicos inteligentes.
Não, a resposta não é começar a oferecer aluguéis de apartamentos. Na verdade, a maioria das empresas que tentou essa abordagem em 2018 fracassou — a Accor teve que realizar uma baixa contábil de US$ 288 milhões por causa da One Fine Stay; a Hyatt decidiu vender a Oasis, sua coleção destinada a aluguel de residências.
Em vez disso, as empresas hoteleiras fizeram sucesso com o modelo de hospedagem prolongada, que precisava ser repensado. Na Europa e nos EUA, os “apart-hotéis butique” pegaram o melhor dos hotéis de longa estadia — suítes grandes com cozinha e preços acessíveis — e combinaram com os luxos da era moderna, como design de alto padrão, cafeterias da terceira onda e pulsantes espaços de coworking.
Novos hubs simplificaram as viagens pelo mundo neste ano. O Aeroporto Internacional Atatürk, em Istambul, que deverá se transformar no hub de passageiros mais movimentado do mundo, inaugurou sua primeira fase. Omã também inaugurou um novo hub para o Oriente Médio e o aeroporto Changi, em Cingapura, subiu de nível com base na tecnologia de automação.
Até o hub mais aterrorizante dos EUA, o LaGuardia, de Nova York, revelou parte de seu reforma de US$ 8 bilhões e ganhou aplausos.
Não há dúvidas: o destino da moda em 2018 foram os Balcãs — sim, toda a região. Eurófilos à procura do destino do momento começaram a prestar atenção em outros lugares além da Croácia, tão cheia de turistas, e enfocaram Montenegro, Bósnia e Herzegovina e Eslovênia.
Todos esses países têm paisagens perfeitas para cartões-postais, histórias fascinantes, tradições alimentares características, poucas aglomerações de gente e fácil acesso. Viajando tanto pela estrada quanto por meio de voos regionais, é fácil visitar alguns países em uma única viagem de uma semana.
As viagens multigeracionais — aquelas que incluem crianças, pais e avós — têm representado uma força dominante no setor nos últimos anos. Mas neste ano a ideia atingiu outro nível. Primeiro surgiu um conceito de viagens no qual os avós tiram os pais da equação e levam os netos para um grande passeio, pela Europa ou não. O fenômeno jogou mais pressão sobre a geração mais velha para canalizar o que os viajantes mais jovens desejam — o que nem sempre é fácil.
Como resposta, a TCS World Travel reuniu um painel de adolescentes que atuam como consultores de viagens para ajudar os adultos a atender a suas preferências, que estão sempre mudando. Alguns meses depois, a Big Five Tours and Expeditions seguiu o exemplo. Os hotéis também começaram a reformular sua programação familiar.
Como se não bastasse, a empresa de aviação privada VistaJet levou o entretenimento de bordo a novos patamares com um programa que oferece festas temáticas de mais de US$ 100 mil a mais de 13 mil metros de altura.