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As vantagens de ir correr com o seu cachorro

Você costuma levar seu cão aos treinos? Veja o que considerar para que vocês dois aproveitem a corrida sem riscos

Mulher Correndo com Dois Cachorros (Stock.XCHNG)

Mulher Correndo com Dois Cachorros (Stock.XCHNG)

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Da Redação

Publicado em 26 de junho de 2012 às 12h36.

São Paulo - Há quem não abra mão de companhia em sua corrida diária — e muitas vezes ela tem quatro patas. Correr com o cachorro deixa o treino mais divertido e diferente e cumpre a saudável função de fazer o bichinho gastar energias. “Tive uma lesão e estou retomando os treinos. A companhia da minha cadela Lua tem sido essencial”, diz o advogado Rodrigo Motta.

“Depois que passamos a correr juntos, há uns seis meses, a Lua se apegou muito a mim. Minha mulher fica até com ciúmes”, brinca. “Estar com a Kimah nesse momento prazeroso do dia só fortalece nossos laços de amizade”, afirma a publicitária Tarsila Novaes, 28 anos, sobre sua golden retriever.

Mas é preciso tomar algumas providências antes de sair trotando por aí com seu cão. Nenhum cachorro ganha pique de maratonista de um dia para o outro. Assim como os humanos, o animal também precisa de condicionamento e treinamento para que o exercício seja eficiente e prazeroso.

Sem isso, ele vai se cansar rápido e acabar atrapalhando o treino do dono. “A vida dos dois precisa estar interligada. O cão deve gostar de correr, além de ter características que permitam compartilhar alguns treinos com o dono”, afirma Miguel Sarkis, professor de educação física e treinador de corrida em São Paulo.

Teoricamente, todos os cachorros podem correr com o dono, mas algumas raças estariam geneticamente mais preparadas. “Há corredores natos, como os galgos. Whippets e border collies também se adaptam bem”, diz a médica-veterinária Silvia Parisi, do portal na internet Web Animal.

Em contrapartida, outros, como bulldogs e pugs, não aguentam exercícios prolongados. “Esses cães com nariz achatado, chamados braquicefálicos, têm de fazer muito esforço para respirar durante a corrida, o que pode levar até a uma parada respiratória”, afirma a médica-veterinária Regina Motta, da clínica Homeo Patas, de São Paulo.


Se o cãozinho tem menos de 6 meses de idade, é idoso ou está muito acima do peso, a corrida também é contraindicada. A quantidade de pelos também influi. Aqueles cachorros com pelagem abundante vão sentir muito mais o treino que os de pelos curtos. “É necessário ter bom senso e não querer que o animal se submeta a um tipo de treinamento que está fora de sua capacidade”, fala Silvia Parisi. Até porque, segundo as especialistas, para agradar ao dono o bichinho é capaz de ir muito além do que aguentaria normalmente.

Saúde para os dois

O treinamento inicial do animal é muito parecido com o do ser humano: começa com caminhadas diárias, aumentando tempo, distância e ritmo de maneira gradativa. “O importante é que seja uma prática agradável para o cachorro, do contrário não faz sentido submetê-lo a algo que só é prazeroso para o dono”, diz Silvia Parisi.

É importante também saber que, por sua constituição, os cães aquecem muito mais rápido que nós. Daí ofegam para diminuir a temperatura corpórea. Assim, o início e o fim do dia são horários mais frescos e indicados para as corridinhas na companhia de seu bicho de estimação. “O animal ainda deve beber água e até isotônico durante o percurso, em pequenas quantidades”, diz a veterinária Regina Motta. E todo exagero — seja em ritmo, tempo ou intensidade — também poderá causar lesões musculares e articulares em seu amigão, principalmente na região dos membros.

O melhor lugar para levar seu cachorro para correr sempre será o parque, pela interação com a natureza e pela segurança. Outra coisa importante a se observar é como conduzir o animal durante a corrida. Deixar o cachorro correndo solto é arriscado, por mais treinado que ele seja. Uma fêmea no cio, um gato, outro cão que lata para ele, tudo pode fazer com que se desvie do caminho e provoque acidentes e inconvenientes.

Fora que muitas pessoas se incomodam com a presença de um cachorro solto, mesmo se você jurar de pés juntos que “ele é mansinho, não vai fazer nada”. A pessoa terá razão em reclamar com você, gerando um constrangimento desnecessário. “Por lei, em locais públicos o cachorro deve ser levado com coleira e guia”, diz a veterinária Regina Motta.


Para o cão acompanhar seu ritmo, procure levá-lo sempre do seu lado esquerdo. Não deixe que ele o arraste, pois a má postura poderá afetar a coluna do dono. E nada daquelas guias compridas, que podem afastá-lo demais de você e ainda se enroscar pelo caminho, complicando sua corrida. “Já um cão agressivo não deve correr, pois é necessário o uso de focinheira e isso é contraindicado para animais que correm. O cão não poderá abrir a boca e ofegar, e sua temperatura corpórea chegará a níveis perigosos”, diz Silvia Parisi.
Parceiro no relax

Por tudo isso, escolha bem o dia de levar seu pet para acompanhar seu treino. Afinal, você pode estar se preparando para uma maratona, mas ele não tem nada a ver com seu longão de 30 quilômetros. O ideal é curtir a companhia canina em ocasiões mais “descompromissadas”, quando o que menos importa é o resultado de tempo.

“Leve-o quando sua planilha apontar uma rodagem leve ou um treino regenerativo”, afirma o treinador Rodrigo Florêncio, da RF Corrida & Saúde Assessoria Esportiva, de São Paulo. Para o professor Miguel Sarkis, desde que o cão seja treinado adequadamente, é possível imprimir um ritmo de corrida entre 5 e 7 minutos por quilômetro, em treinos de duas ou três vezes por semana. “O corredor terá uma companhia inestimável”, diz.

Personal trainer de cachorro

Nos Estados Unidos, vem crescendo o número de grupos — geralmente formados por personal trainers — criados especialmente para correr com cachorros. Isso porque alguns cães, por terem muita energia, sofrerem de estresse ou serem obesos, recebem a indicação de veterinários para correr. Segundo Monica Clare, do Centro Cirúrgico e de Emer­gências Veterinárias de Los Angeles, passear com o cachorro é bom, mas alguns precisam de mais exercício que uma simples caminhada, e as pessoas que correm com eles podem provê-lo.

Seth Chodosh, um dos funda­dores da Running Paws, em Nova York, atende cerca de 150 clientes por semana. Para isso, emprega 24 corredores, muitos deles maratonistas. Para Josh Schermer, do NYC Dog Runners, com sete corredores, alguns donos sedentários pagam para que seus cãezinhos acumulem a quilometragem que não conseguem realizar. E o faturamento é bom: de 20 a 35 dólares por cachorro em cada corrida, de cerca de 30 a 45 minutos.

“No Brasil existem locais que treinam animais com necessidades especiais, mas isso é feito por veterinários fisioterapeutas e os exercícios são realizados em esteiras ou dentro de piscinas, sob supervisão. Personal trainers, sozinhos, não são pessoas indi­cadas para desenvolver o treinamento em cães”, afirma a veteri­nária Silvia Parisi. “Embora pareça fácil treinar um cão, acho necessário um acompanhamento multidis­ciplinar e veterinário”, diz o treinador Rodrigo Florêncio.

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